São João Castilho,
nasceu em 14 de setembro de 1595, em Belmonte, Espanha, na nobre família de
Castilho. Seu pai Afonso, era corregedor da cidade e sua mãe, Maria Rodrigues,
zelava pela sólida formação cristã dos seus dez filhos. Quatro deles abraçaram
a vida religiosa: João, o primogênito, e três filhas, que entraram para a Ordem
das Monjas Concepcionistas Franciscanas.
Ainda menino João
entrou no colégio dos Jesuítas. Quando acabou os estudos, foi enviado pelos
pais à Universidade de Alcalá. Entrou no noviciado da Companhia de Jesus em
1614, aos 18 anos de idade. Deixou então a faculdade de direito e foi estudar
Filosofia. Foi nesse tempo que por lá passou o Padre João Viana, que buscava
voluntários para as missões na América. Como muitos outros jovens, João
ofereceu-se com generosidade, e foi aceito.
Ao terminar os seus
estudos de filosofia, foi mandado para o Colégio da Conceição do Chile. Gozava
de boa saúde física. Nos estudos encontrou algumas dificuldades. Era de
temperamento colérico, como Santo Inácio de Loyola, mas ao mesmo tempo dotado
de uma gentileza cativante e figura esbelta.
Em 1625 foi
ordenado sacerdote. Enquanto lecionava, aprendia a língua guarani, para poder
um dia trabalhar entre os índios.
Começou o seu
ministério na redução de São Nicolau, no noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul, onde aprofundou o conhecimento da língua indígena. Ele era afável, bondoso
e desprendido, estimado por todos. Venerava a Virgem Maria com grande
confiança. Logo conquistou a simpatia de todo o povo da redução.
Submetia-se, de boa
mente, aos sacrifícios que as circunstâncias dele exigiam. Tornou-se
carpinteiro, lavrador, enfermeiro. Limitava o descanso ao mais essencial da
vida. Tinha que enfrentar certos caciques. A choça, em que morava, era
extremamente precária. As paredes eram de taquara. O frio no inverno, por
vezes, era tanto que não o deixava dormir. Por comida havia um pouco de milho
cozido e farinha de mandioca, o cardápio dos índios. Tinha que enfrentar longas
caminhadas, a pé. Vivia uma interminável quaresma, todos os dias do ano.
Jejuava muito. Uma pequena refeição à noite era luxo que os missionários se
permitiam somente na Páscoa.
Todos os jesuítas e
demais missionários daquela época tinham perfeita consciência do perigo em que
viviam. Preparados para a morte, viviam privações e sofrimentos constantes.
Nesta época os
bandeirantes caçavam e escravizavam o povo Guarani encontrando nas Reduções
Jesuítas grandes grupos e facilidade de prende-los, São João de
Castilho, foi vítima da incompreensão humana. O cacique Nheçu,
acreditando que eliminando os padres afastaria a ameaça dos bandeirantes,
mandou matar a todos para assim afugentar a ameaça dos caçadores de índios.
Na sexta-feira 17 de novembro, investiram contra ele e o arrastaram até o mato. Bofetadas, vestes rasgadas, amarradas as mãos com cordas: arrastado pelo mato, seu corpo virou uma imensa chaga. As testemunhas oculares afirmavam que ele repetia sempre: "Tupanrehê", que quer dizer "Seja por amor de Deus". Agradecia-lhes também o que estavam fazendo e dizia que iria para o céu. Crivado de flechas, golpeado, os índios cansados acabaram por esmagar-lhe a cabeça. No dia seguinte seu corpo foi queimado e destruída sua cabana e objetos sagrados.
O seu processo de beatificação foi concluído em 1934, e foi canonizado pelo papa João Paulo II em 1988, junto com os outros mártires.
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