Pensar na nossa morte não é uma fantasia
negativa; aliás, viver bem todos os dias como se fosse o último, e não como se
esta vida fosse uma normalidade que nunca acabar, poderá ajudar a encontrar-se
deveras prontos quando o Senhor chamar.
Chama a minha atenção, aquilo que Jesus diz
neste trecho que lemos. Em particular a sua resposta quando perguntam como será
o fim do mundo. Mas entretanto, pensemos em como será o meu fim. No Evangelho
Jesus usa as expressões como aconteceu também nos dias de Noé e como se verificou
ainda nos dias de Ló. Para dizer que os homens comiam, bebiam, casavam, e
davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca. E, ainda, como
aconteceu também nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam,
construíam.
Este viver a normalidade da vida como se
fosse uma coisa eterna, uma eternidade vê-se também nos velórios e
funerais: muitas vezes as pessoas que estão deveras relacionadas com aquela
pessoa morta, pela qual rezamos, são poucas. E assim um funeral transformou-se
com normalidade num fato social: “Onde vais hoje?” — “Hoje tenho que ir fazer
isto, isto e isto, depois ao cemitério porque há um funeral”. Torna-se assim um
fato a mais e ali encontramos os amigos, falamos: o falecido está ali mas nós
falamos: normal. Assim também aquele momento transcendente, devido ao andamento
da vida habitual, torna-se um fato social. E eu vi isto na minha pátria:
nalguns funerais há um serviço de recepção, come-se, bebe-se, o morto está ali:
mas nós aqui fazemos um pouco, não digo “festa”, mas falamos, mundanamente; é
mais uma reunião, para não pensar.
Mas eis que, chega o dia em que o Senhor faz
cair do céu fogo e enxofre. Em suma, há a normalidade, a vida é normal e nós
estamos habituados a esta normalidade: levanto-me às seis, às sete, faço isto,
este trabalho, amanhã vou visitar alguém, domingo é festa, faço aquilo. E assim
estamos habituados a viver uma normalidade de vida e pensamos que será sempre
assim. Mas sê-lo-á até ao dia em que Noé entrar na arca, até ao dia em que o
Senhor fizer cair do céu fogo e enxofre.
Há dias encontrei um sacerdote, com cerca de
sessenta e cinco anos: não se sentia bem, foi ao médico o qual depois da
consulta lhe disse: “O senhor tem este problema, é uma coisa negativa, mas
talvez estejamos a tempo para o curar, faremos isto; se não resultar faremos
esta outra coisa e se não se resolver começaremos a caminhar e eu o
acompanharei até ao fim”. Portanto, aquele médico era bom! Com quanta ternura
disse a verdade; acompanhemo-nos nós também neste caminho, vamos juntos,
trabalhemos, façamos o bem e tudo, mas sempre olhando para lá.
Hoje façamos isto, porque será bom para todos
parar um pouco e refletir acerca do dia em que o Senhor me vier visitar, me
vier tomar para ir com Ele.
Papa Francisco – 17
de novembro de 2017
Hoje celebramos:
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