Nestas últimas semanas do ano litúrgico a
Igreja faz-nos refletir acerca do fim. Certamente, por um lado, o fim do mundo,
porque o mundo acabará, será transformado e haverá a vinda de Jesus, no final.
Mas, por outro, a Igreja fala também do fim de cada um de nós, porque cada um
de nós, morrerá: a Igreja, como mãe, mestra, deseja que cada um de nós pense na
própria morte.
Porque certamente chegará o dia em que o
Senhor dirá a cada um de nós: “vem”. E o chamado para alguns será repentina,
para outros será depois de uma doença, num desastre: não sabemos. Mas haverá o
chamado e será uma surpresa: não a última surpresa de Deus, depois desta haverá
outra — a surpresa da eternidade — mas será a surpresa de Deus para cada um de
nós.
A propósito do fim, prosseguiu, Jesus disse
uma frase: assim “como o relâmpago ilumina desde uma extremidade inferior do
céu até à outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu dia”, o
dia em que bater à porta da nossa vida.
Nós estamos habituados a esta normalidade da
vida e pensamos que será sempre assim. Mas o Senhor, e a Igreja, diz-nos nestes
dias: reflete um pouco, reflete, nem sempre será assim, um dia não será assim,
um dia tu serás tomado e o que está ao teu lado será deixado.
Senhor, quando chegará o dia em que serei
tomado? Precisamente esta é a pergunta que a Igreja convida a fazer-nos hoje
dizendo: reflete um pouco acerca da tua morte. Eis o significado da frase
citada por Francisco, colocada na entrada de um cemitério, no norte da Itália:
“Peregrino, tu que passas, pensa dos teus passos, o último passo”. Porque
haverá o último passo.
Hoje, a Igreja, o Senhor, com aquela sua
bondade, diz a cada um de nós: reflete, nem todos os dias serão assim; não te
habitues como se esta fosse a eternidade; chegará o dia em que serás tomado, o
outro deixado, tu serás tomado. Em síntese, assim é estar com o Senhor, pensar
que a nossa vida terá fim, e isto faz bem porque o podemos pensar no início do
trabalho: talvez hoje seja o último dia, não sei, mas farei bem o trabalho. E
farei bem também nas relações em casa, com quem me circunda, com a família:
comportar-se bem, talvez seja o último dia, não sei.
Pensar na morte não é uma má fantasia, é uma
realidade: Se é má ou não depende de mim, como eu penso nela, mas acontecerá e
tratar-se-á do encontro com o Senhor: será este o aspecto positivo da morte, o
encontro com o Senhor, será ele que vem ao encontro, será ele a dizer “vem,
vem, bendito de meu Pai, vem comigo”. De nada serve dizer: Mas, Senhor, espera
que tenho que resolver isto e aquilo. Porque não se pode resolver nada: naquele
dia quem estiver no terraço e tiver deixado as suas coisas em casa que não
desça: onde estiveres te tomarão, tomar-te-ão no terraço e tu deixarás tudo.
Papa Francisco – 17
de novembro de 2017
Hoje celebramos:
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