Na Bíblia, as
viúvas aparecem muitas vezes, quer no Antigo quer no Novo Testamento. A viúva é
a mulher sozinha, sem marido que a proteja; a mulher que se deve arranjar como
pode, que vive da caridade pública.
Em particular, a
viúva deste trecho do Evangelho, que Jesus nos faz ver, era uma viúva que tinha
esperança só no Senhor. E quando Jesus viu aqueles que lançavam as ofertas no
templo, viu-a que lançava só duas moedas, e disse: “Esta viúva, tão pobre, ofereceu
mais do que todos. De fato, todos ofereceram parte do seu supérfluo. Ela, ao
contrário, na sua miséria, ofereceu tudo o que tinha para viver”.
Gosto de ver nas
viúvas do Evangelho a imagem da “viuvez” da Igreja que espera a vinda de Jesus.
Com efeito, a Igreja é esposa de Jesus, e o seu Senhor é o seu único tesouro. E
a Igreja, quando é fiel, deixa tudo na expectativa do seu Senhor. Ao contrário,
quando a Igreja não é fiel, ou não é muito fiel ou não tem muita fé no amor do
seu Senhor, procura arranjar-se também com outras coisas, com outras seguranças,
mais do mundo do que de Deus.
As viúvas do
Evangelho transmitem-nos uma bonita mensagem de Jesus sobre a Igreja. Assim, aquela
mulher que saía de Naim com o féretro do filho: chorava, sozinha. Sim, pessoas
muito gentis acompanhavam-na, mas o seu coração estava sozinho! É a Igreja
viúva que chora quando os seus filhos morrem para a vida de Jesus.
Depois, outra
mulher que, para defender os seus filhos, vai ter com o juiz iníquo: torna a
sua vida impossível, batendo à sua porta todos os dias, dizendo, “faça
justiça!”. E no final aquele juiz faz justiça. É a Igreja viúva que reza,
intercede pelos seus filhos.
Mas o coração da
Igreja está sempre com o seu Esposo, com Jesus. Está nas alturas. Também a
nossa alma, segundo os padres do deserto, se assemelha muito com a Igreja. E quando
a nossa alma, a nossa vida, estiver mais próxima de Jesus, afasta-se de muitas
situações mundanas, que não servem, que não ajudam e nos distanciam de Jesus.
Assim é a nossa Igreja que procura o seu Esposo, espera o seu Esposo, espera
aquele encontro, que chora pelos seus filhos, luta pelos seus filhos, dá tudo o
que tem porque se interessa só do seu Esposo.
A “viuvez” da
Igreja refere-se ao fato de que a Igreja está à espera de Jesus, esta é uma
realidade: pode ser uma Igreja fiel a esta expectativa, esperando com confiança
a volta do esposo ou uma Igreja infiel a esta “viuvez”, procurando segurança
noutras realidades... a Igreja tíbia, medíocre, mundana. Pensemos também nas
nossas almas. Elas procuram segurança só no Senhor ou buscam outras seguranças
que não agradam ao Senhor.
Papa
Francisco – 23 de novembro de 2015
Hoje
celebramos:
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