domingo, 21 de fevereiro de 2016

São Pedro Damião

Para combater os males que se abateram sobre a Igreja e a Cristandade no século XI, a Divina Providência suscitou Santos de envergadura incomum:  São Pedro Damião: destemido defensor da Igreja numa era de crise foi um deles.
"É justo que se alegrem aqueles que neste mundo suportam a tribulação passageira por causa de seus pecados, mas que, pelo bem praticado, têm guardada para si uma recompensa eterna no céu." 

São Pedro Damião nasceu em Ravena (Itália), em 1007, de família extremamente pobre. Era o último de muitos irmãos. Sua mãe, desesperada pelos apertos que passava para alimentar sua numerosa prole, abandonou-o certa vez em plena rua. Foi então recolhido por determinada mulher, que vivia em pecado com um sacerdote, sendo mais tarde devolvido à casa paterna.

Ficando órfão em tenra idade, um irmão encarregou-se de sua subsistência, mas tratou-o como escravo, ordenando-lhe que cuidasse dos porcos que possuía.
Outro irmão, chamado Damião, que era arcipreste de Ravena, libertou-o dessa situação e ajudou-o a iniciar os estudos. Em sinal de gratidão, Pedro juntou seu pré-nome ao dele, passando assim a ser conhecido como Pedro Damião.

Aos 28 anos ingressou na Ordem Camaldulense, fundada pouco antes por São Romualdo, após o falecimento do superior da sua casa religiosa tornou-se Abade.
Sua atuação foi altamente benéfica para a Ordem, não só pela fundação de vários mosteiros, como pela reforma da Ordem dos Monges da Santa Cruz. Vários discípulos seus atingiram a santidade, como São Rodolfo, São João de Lodi e São Domingo Loricato.

Imbuído por verdadeira caridade, Pedro Damião não se contentou em viver tranquilamente em seu mosteiro, enquanto numerosas almas se perdiam no mundo. Julgou seu dever atacar com vigor os erros e vícios da época, especialmente os disseminados nos ambientes eclesiásticos.

São Pedro Damião percebeu com clareza que a imoralidade reinante entre os sacerdotes era o primeiro inimigo a ser debelado, visto ser ela a fonte de outros pecados - avareza, inveja e soberba - que devastavam o Clero naquele tempo.
Essa luta contra a imoralidade no Clero durou toda a vida de São Pedro Damião, valendo-lhe numerosos inimigos, os quais não sentiram qualquer escrúpulo em lançar contra ele as mais variadas calúnias.

Outro campo de batalha abriu-se para São Pedro Damião, cujo zelo pela causa da Igreja era inesgotável: a luta contra a venda de cargos eclesiásticos, conhecida como simonia (palavra derivada de Simão Mago, que tentou comprar com dinheiro o poder de São Pedro para crismar, conforme narram os Atos dos Apóstolos (At. 8, 18-19).

Após essas lutas em defesa da Igreja, desejava São Pedro Damião retirar-se novamente para uma vida solitária, própria à sua vocação de camaldulense, de monge contemplativo, na qual pudesse retemperar a alma.

A história desse Santo, porém, é um caso característico do tratamento que Deus reserva aos que mais ama: suscita na alma o desejo de um tipo de vida e obriga a seguir outro. A exemplo de São Bernardo, esse grande contemplativo foi compelido a uma vida ativa, repleta de viagens e polêmicas, oposta à solidão e ao silêncio de um claustro.
Além das numerosas viagens que teve de empreender, não faltaram a São Pedro Damião as mais diversas cruzes.

Ele próprio chegou a ser acusado de simoníaco pelo povo de Florença, pois tendo sido chamado a julgar uma causa entre o bispado e monges locais, constatou que a justiça estava do lado do Prelado. O povo da cidade, contudo, não gostou dessa decisão...
Ademais, é preciso ressaltar que durante toda sua vida teve que suportar uma saúde frágil, sofrendo especialmente de insônia e de dores de cabeça, motivo pelo qual é invocado contra tais males.

Sua última missão em vida: a reconciliação de sua cidade natal, Ravena, com o Papa.
O Arcebispo dessa cidade tinha sido excomungado, morrendo sem ser absolvido, o que levou o povo a uma atitude de revolta contra Roma. Foi necessário o Santo empregar toda sua caridade e inteligência para tranquilizar os ânimos e restabelecer a paz.
Obtida essa, estava São Pedro Damião a caminho de Faenza, quando a morte o colheu aos 65 anos, no Mosteiro de Santa Maria dos Anjos, onde foi sepultado. Era o dia 22 de fevereiro de 1072.

Seu corpo foi trasladado várias vezes de sepultura, e pelo menos até o ano de 1595 encontrava-se incorrupto.
Leão XIII concedeu-lhe o título de Doutor da Igreja.




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