"O Beato José Allamano nos
lembra que, a fim de permanecermos fiéis à nossa vocação cristã devemos
aprender a compartilhar os dons recebidos de Deus, com os irmãos de todas as
raças e todas as culturas; devemos anunciar com coragem e coerência o Cristo a
cada pessoa que encontramos, especialmente aqueles que ainda não o conhecem”,
dizia o Papa João Paulo II na homilia de sua beatificação.
De nacionalidade italiana,
nasceu em Castelnuovo, a 21 de Janeiro de 1851. Vindo de uma família de
camponeses, era o terceiro de cinco filhos que foram educados em esmerada e
sólida fé cristã.
Sobrinho de São José Cafasso
que também o formou, o jovem José Allamano também estudou na escola de Dom
Bosco e após ingressar no Oratório do Seminário Diocesano de Turim, foi
ordenado sacerdote no dia 20 de setembro de 1873. Jovem de profunda oração e
virtudes pedia incessantemente a Deus: “Torna-me santo e não somente bom”.
Desde jovem seminarista, distinguiu-se por ter uma visão ampla dos problemas do mundo e da Evangelização. Ordenado sacerdote, inteirou-se ainda mais dos desafios da sociedade e da Igreja do seu tempo e imediatamente pôs mãos à obra com coragem e até ousadia para aquela época...
Em 1887, em Roma, encontrou-se com o velho missionário, o cardeal Massaia, expulso definitivamente da Etiópia (África). Já naquela ocasião o Pe. Allamano manifestava seu ardente desejo de ser missionário. Infelizmente, sua saúde era muito frágil e isto não lhe permitiu chegar, em termos geográficos, onde seus anseios e ideais o teriam levado.
No segredo do seu coração e para alguns mais íntimos, o Pe. Allamano tinha um grande sonho: dar início a um Instituto que agregasse padres e irmãos, dispostos a darem a vida pela Evangelização, da África inicialmente, e depois também dos outros continentes.
Superadas uma a uma as muitas dificuldades a respeito desse projeto, especialmente a mentalidade da época, chegou a hora da concretização do grande sonho. Dia 29 de Janeiro de 1901, era oficializado, o Instituto Missionário da Consolata, para padres e irmãos. Apenas dois anos mais tarde, ele já estava enviando os primeiros quatro missionários (2 padres e 2 irmãos) para as missões do Quênia, país do Sudeste da África.
O primeiro campo de
evangelização foi em terreno "virgem": num território ainda não
tocado pela ação de outros missionários, no coração do Quênia, na África
Oriental, e no seio de uma tribo que se revelou ótimo parceiro para a
inauguração de um novo método de trabalho missionário. A total inexperiência e
o indomável entusiasmo dos missionários novatos, por um lado, e a curiosidade e
acolhimento dos Kikuyu, por outro, juntaram-se para forjar um estilo de fazer
missão que na época causou alguma surpresa e não poucas críticas à sua volta,
mas que o Instituto veio a assumir como patrimônio e característica própria e
adotar nos outros territórios aonde levou a sua ação. Uma combinação fecunda,
mas nada fácil de definir ou equilibrar nas respectivas proporções, entre
evangelização, na sua vertente pastoral, e promoção humana, na vertente das
iniciativas para o desenvolvimento. Esta dupla componente estava já refletida
na primeira equipe constituída paritariamente por sacerdotes e leigos.
O trabalho de Evangelização expandia-se e as forças não eram suficientes. Bem cedo os missionários sentiram a necessidade da presença missionária feminina e pediram ao Fundador que enviasse religiosas para um trabalho complementar. Não era tão simples atender a este pedido, tendo em vista também, que as congregações femininas de então, não haviam despertado ainda para o carisma missionário além-fronteiras. Diante do impasse, o Pe. Allamano, indo para Roma, expôs a dificuldade ao Papa Pio X. Este logo lhe perguntou:
"Por que não funda você mesmo um instituto missionário feminino?"
"Eu não tenho vocação para isto, Santidade".
"Não a tem? Pois bem, eu lha dou. Vá e comece a pensar nisto".
Para o Pe. Allamano aquela ordem manifestava a vontade de Deus e imediatamente começou a tomar as devidas providências. O novo projeto custou-lhe vários anos de trabalho árduo, muita reflexão, dificuldades e sacrifícios. Mas, os santos são assim. Diante do que sentem ser vontade de Deus, nada os detém.
A 16 de Fevereiro de 1926, o Pe. Allamano foi chamado à Casa do Pai; mas sua obra, que tinha sólidos alicerces, foi continuando. Muitos outros caminhos se foram abrindo e o Instituto foi alargando suas fronteiras.
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