quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

São José de Leonessa

Incansável e destemido pregador, suportou perseguições, calúnias e torturas para anunciar o Evangelho, mantendo-se sempre firme e fiel ao Senhor, que confirmava sua missão realizando inúmeros milagres.

São José de Leonessa (sua cidade de origem na região do Lázio) nasceu na Itália, aos 8 de janeiro de 1556. Desde cedo fatos extraordinários manifestaram a singularidade daquela criança. Certa vez, sua mãe, adormecendo sobre ele ainda bebê, foi subitamente despertada por mão invisível que salvara da morte iminente. Noutra ocasião, quando o menino chorava, sua mãe presenciou o berço agitar-se docemente, como que embalado por misterioso anjo.

Em 1572 ingressou na Ordem dos Capuchinhos. Desde então, perde seu nome de batismo, Eufrânio, e passa a chamar-se Frei Giuseppe da Leonessa (Frei José de Leonessa). Em 24 de setembro de 1580 é ordenado sacerdote na cidade de Amélia; e, em 21 de maio de 1581 recebe a faculdade de Pregador. Torna-se, deste modo, missionário aos 26 anos de idade. Seria conhecido desde então como incansável e destemido pregador do Evangelho.

Em 1587 recebe de seu superior capuchinho a permissão para agregar-se à Missão de Constantinopla na Turquia, onde poderia pregar entre bárbaros e infiéis. Durante a longa viagem, faltaram alimentos para a tripulação do barco onde viajava. Tocado pelo desespero dos marinheiros, Frei José benzeu alguns poucos pães e o alimento bastou para todo o período da travessia. Iniciava-se deste modo seu apostolado que seria marcado por verdadeiros prodígios sobrenaturais.

Foi sempre modelo perfeito de doçura, humildade, paciência, castidade e obediência. Em três dias da semana, só tomava pão e água; assim passou várias quaresmas; dormia sobre às tábuas, e servia-lhe de travesseiro um tronco de árvore.

Nunca era maior a sua alegria do que quando podia sofrer injúrias e desdéns. Considerava-se o último dos pecadores e costumava dizer:
"É verdade que, pela misericórdia de Deus, não caí em crimes enormes, mas tão mal correspondi à sua Graça, que houvera merecido ser abandonado mais do que qualquer outra criatura."
Tinha singular devoção por Jesus crucificado, e os padecimentos do nosso Divino Salvador constituíam, para ele, o mais comum objeto das suas meditações. Pregava comumente com um crucifixo entre as mãos, e as palavras, feitas de fogo, abrasavam de amor sagrado os corações dos ouvintes.

Devido a uma peste de que foram vítimas o superior e outros frades da missão de Constantinopla, Frei José de Leonessa foi nomeado superior e, desafiando o perigo, entrou a pregar o Evangelho aos muçulmanos. Pela coragem de afrontar o edito do Sultão Murad III, foi condenado à Pena do gancho – consistia em ser a vítima pendurada em dois ganchos presos ao patíbulo por uma das mãos e um pé. Frei José ficou pendurado sobre uma fogueira com lenha e palha umedecidas, cujo calor o faria morrer em terríveis convulsões. Porém, ao terceiro dia, foi libertado milagrosamente por um anjo. Diante disso o sultão comutou em exílio a sentença de morte, e ele retornou para a Itália.

Em 1612,  o missionário adoeceu violentamente. Nessa ocasião, em vez de quedar-se em sua cama cheio de lamentações, arrastava-se ate a Igreja para celebrar a Santa Missa. Depois, não conseguindo mais se manter de pé deslocava-se até à Igreja para comungar o Santíssimo Sacramento. A doença causava-lhe dores terríveis e tão cruéis que não mais lhe permitiam repouso.

Sofreu duas vezes as operações dos cirurgiões, sem dar o menor suspiro. Durante o tempo todo, segurou entre as mãos um crucifixo, só murmurando estas palavras: "Santa Maria, orai por nós, míseros pecadores".
Tendo um dos presentes proposto que o amarrassem durante a operação, disse ele, mostrando o crucifixo:
"Eis o mais forte dos laços; manter-me-á imóvel muito melhor que qualquer corda."

Chegando a hora da morte, o santo de Leonessa disse ao ouvir soarem os sinos: “Hoje é sábado, dia consagrado a Nossa Senhora, e sábado morreu o nosso amado São Francisco. Em um sábado morrerei também eu.” Ao recitar o Oficio divino, como fazia todos os dias, exclamou: “Deixemos o Ofício; Deus me chama a si.” Eram 21 horas do dia 4 de fevereiro de 1612. O Frei José de Leonessa contava 56 anos de idade.

Enquanto embalsamavam o corpo, o padre guardião conseguiu apoderar do coração. Afirmava que os corpos dos santos não precisam de recursos humanos para se manter, pois o poder divino os preserva da corrupção. Com efeito, o coração de São José de Leonessa se conserva milagrosamente intacto desde então. É guardado com grande veneração em precioso relicário.


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