Na
mudança de vida do Beato Conrado, vemos espelhada a misericórdia e o cuidado do
Pai para com todos os seus filhos. Conrado, com as atitudes que tomou para
corrigir seu erro, fez o que era agradável a Deus. Por isso sua vida e de sua
esposa se tornaram fonte de virtudes. Tocados pela luz divina, eles passaram
por uma mudança radical de vida. Pois como diz a Palavra em Ezequiel 18, 21-23:
“Mas se o ímpio se arrepender de todos os pecados cometidos e guardar todas as
minhas leis e fizer o que é direito e justo, viverá com certeza e não morrerá.
Nenhum dos crimes cometidos será lembrado contra ele. Viverá por causa da
justiça que praticou. Acaso tenho prazer na morte do ímpio? – oráculo do Senhor
Deus. Não desejo antes que mude de conduta e viva?”
Conrado nasceu em Piacenza, ao sul de Milão, por volta do
ano 1290, da nobre família dos Confalonieri. Quando jovem, tornou-se soldado e
se casou com a jovem Eufrosina de Lodi.
Seus
divertimentos eram os torneios, as armas e as caçadas a lebres e javalis. Certo
dia, para emboscar uma presa, acabou provocando um incêndio em todo um bosque.
O fogo provocou estragos também em culturas de campos vizinhos.
Os colonos se revoltaram porque tiveram muitos prejuízos.
O governador, Galeazzo Visconti, para aplacar a ira dos camponeses, condenou à
morte o primeiro suspeito, que na ocasião pegaram no bosque. Mas Conrado demonstrou toda a sua nobreza
também de coração. Para não permitir que um inocente pagasse por um erro seu,
apresentou-se ao governador e confessou sua culpa. Comprometeu-se a indenizar
os prejudicados. Para isso vendeu todas as suas posses, ficando completamente
pobre.
Na pobreza, ele e sua esposa buscaram refúgio em Deus. E
encontraram. Após um período de sofrimentos e meditações, resolveram se
dedicar, os dois, marido e esposa, ao serviço do Senhor. Era o ano de 1315. Eufrosina ingressou no convento
franciscano de santa Clara de Piacenza, onde passou o resto de sua vida.
Conrado retirou-se, passando a peregrinar de santuário em santuário, em busca
de um lugar adequado para viver como ermitão, dedicado à penitência e oração.
En Calendasco, no ano de 1315, vestiu o hábito da Ordem
Terceira de São Francisco. Mas algum tempo depois continuou sua marcha
eremítica. Visitou Roma e seguiu caminhando até que um dia acampou no estreito
de Messina. Perambulou pelas terras entre Catânia e Siracusa, talvez entre os
anos de de 1331 e 1335, e chegou à cidade de Noto.
Ele se fixou em Noto, numa cela junto à Igreja de São
Miguel. Após 30 anos de caminhada, pareceu que ele ia finalmente parar de
perambular. Dedicou-se a cuidar dos enfermos no Hospital de São Martinho.
Começou a crescer sua fama de santidade e ele passou a ser procurado por
devotos.
Acostumado à solidão, procurou refúgio na gruta de
Pizzoni, fora da cidade. Lá se encontrou com outro ermitão terciário
franciscano, o beato Guillermo Buccheri de Scicli. Na gruta eles passaram a
viver em oração e penitência, pedindo a Deus a conversão dos pecadores, a
proteção contra desastres da natureza, e a cura da multidão de enfermos que
continuou procurando por eles, oriundos de todas as regiões vizinhas. Uma de
suas visitas frequentes foi a do bispo de Siracusa. Essa gruta é conhecida hoje
como “gruta de são Currau, ou gruta de São Conrado”.
Conrado morreu na gruta de Pizzoni, no dia 19 de
fevereiro de 1351. Foi enterrado na cidade de Noto, onde os habitantes, para
homenagear o “santo que veio do continente”, o sepultaram na mais bela igreja
de Noto, a igreja de são Nicolau, que em 1844 se tornou a catedral da nova
diocese.
Seu processo de beatificação passou pelos papas Leão X,
Paulo III e Urbano VIII. Este último o beatificou no dia 12 de setembro de
1625. Conrado é hoje, junto com São Nicolau, patrono da cidade e da diocese de
Noto. É particularmente invocado para a cura de hérnias.
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