Unidos pela
fé e sangue, encontramos como exemplo de amizade e santidade estas testemunhas
de Cristo: São Cornélio – Papa; e São Cipriano – Bispo. Eles foram martirizados
no mesmo dia, porém, com diferença de cinco anos.
Cornélio
nasceu em Roma. Foi eleito para o pontificado, depois de um período vago na
cátedra de São Pedro, devido à violenta perseguição imposta pelo imperador
Décio. O papa Cornélio foi eleito quase por unanimidade, menos por Novaciano,
que esperava ser o sucessor do Papa Fabiano martirizado. Assim, Novaciano
consagrou-se bispo e proclamou-se papa, isto é, anti-papa. Nessa condição,
criou-se o primeiro cisma da Igreja.
Durante a perseguição do imperador Décio, em 249, grande número de fiéis e sacerdotes, até mesmo bispos, fraquejaram perante as torturas e renunciaram à fé cristã. Por esses atos ficaram conhecidos como "cristãos lapsos".
A
Igreja, então, mergulhou, definitivamente, na polêmica do "lapso",
criando o seu primeiro grande cisma, isto é, uma divisão entre o clero. Não se
sabia que atitude tomar contra os fiéis que abandonavam a fé e depois desejavam
voltar para o seguimento de Cristo.
Novaciano,
o anti-papa e seus partidários, começaram uma forte corrente a favor da
não-reconciliação dos desertores. Já na África, um certo Felicíssimo era
completamente contra tal atitude, rogando pela clemência e reintegração do
rebanho desgarrado. Assim, liderados, novamente, pelo bispo Cipriano, Novaciano
foi perdendo força.
Segundo
os partidários de Novaciano, Cornélio teria adotado um discurso e uma postura
muito indulgente, boa e compreensiva para com os desertores da fé católica.
Atitudes que lhe valeram grandes atribulações e incompreensões. Mas a toda essa
oposição contou sempre com o apoio incondicional e fiel do bispo Cipriano de
Cartago no norte da África.
Com
a morte do imperador Décio, em combate, foi sucedido por Galo, que voltou com
as perseguições. Assim, o papa Cornélio acabou preso e exilado para um lugar
que hoje se chama Cività-Vecchia, em Roma.
No exílio, o papa Cornélio passou os últimos dias da sua vida. Onde
encontrava um pouco de alegria era nas cartas que recebia do bispo Cipriano,
seu admirador e amigo de fé, muito preocupado em mandar-lhe algumas palavras de
consolo.
Morreu
em junho de 253, sendo sentenciado ao martírio por ordem daquele imperador, por
não aceitar prestar culto aos deuses pagãos. Foi sepultado no Cemitério de São
Calisto.
A
festa litúrgica do santo papa Cornélio foi colocada, no calendário da Igreja,
no dia 16 de setembro, junto com a de são Cipriano, que depois também foi
martirizado pela fé em Cristo.
Cipriano
era filho de uma nobre e rica família africana de Cartago, capital romana no
norte da África.
Foi considerado um dos personagens mais empolgantes e importantes do
século III. Primeiro pelo destaque alcançado como advogado, quando ainda era
pagão. Depois por ser considerado um mestre da retórica e defensor irrestrito
da unidade da Igreja. Mas o fator principal foi sua conversão ao cristianismo,
já na maturidade, entre os trinta e cinco e quarenta anos de idade, causando um
grande alvoroço e espanto na sociedade da época.
Cipriano
não deixou apenas sua vida de pagão, mas também distribuiu quase toda a sua
fortuna entre os pobres, renunciando à ciência profana da qual se alimentara
até então. Com muito pouco tempo, foi ordenado sacerdote e, por eleição direta
do clero e do povo, imediatamente substituiu o bispo de Cartago logo após sua
morte. Cipriano o fez contrariando seu próprio desejo, mas em obediência à
Igreja.
Nos
anos de 249 a 258, durante o episcopado de Cipriano, a Igreja africana passou
por sérios problemas. Os imperadores Valeriano e Décio empreenderam uma
perseguição sem tréguas aos cristãos. Além disso, uma grande e terrível peste
atacou o norte da África, causando muitas mortes e sofrimento. Como se não
bastasse, a Igreja ainda se agitava com problemas doutrinários, internamente.
Em
Roma, fora eleito o papa Cornélio, com amplo apoio dos bispos liderados por
Cipriano, que apreciava muito a conduta de seu colega bispo, com o qual trocava
muita correspondência.
Uma
outra controvérsia, que assolava a Igreja na época, era a validade ou não dos
batismos realizados por hereges. Essa era a única divergência que existia entre
o papa Cornélio e o bispo Cipriano. O papa, seguindo a tradição da doutrina,
considerava válidos os batismos, já o bispo dizia que "não se pode dar a
fé a quem não a tem". Assim, a questão permaneceu sem solução.
Em 258, ainda com a perseguição contra a Igreja, Cipriano foi denunciado
e sentenciado à morte por decapitação. As atas escritas revelam que nesse dia,
quando o pró-cônsul determinou a sentença, as únicas palavras proferidas por
Cipriano foram "Graças a Deus!"
Foi
executado no dia 14 de setembro de 258.
São Cipriano deixou-nos inúmeros escritos, entre os quais oitenta e uma
cartas que se tornaram uma fonte de informação preciosa da vida eclesiástica
daquele tempo.
A
Igreja declarou-o padroeiro da África do Norte e da Argélia, sendo sua festa
litúrgica marcada para o dia 16 de setembro, quando se comemora a festa do
santo papa Cornélio, o amigo de fé que ele tanto defendeu.
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