terça-feira, 16 de setembro de 2014

O perdão da Igreja

Igreja queimada na Nigéria em 2013
Um dos grandes questionamentos da Igreja primitiva era a respeito do perdão. 
Durante as perseguições, muitos cristão deram a vida pela fé em Jesus Cristo. No entanto tivemos aqueles que não resistiram às torturas, e por medo,  e negaram a sua fé.
Ao fim das perseguições queriam voltar para a Igreja. 
O que fazer?

Lapsi (latim para "caídos") era o nome dado aos cristãos que renegaram sua fé durante as perseguições pelo Império Romano. O termo também engloba os que relaxaram em sua fé e que decidem depois voltar pra ela.

Tipos de Lapsi:

Sacrificati - São os que de fato ofertaram sacrifícios aos ídolos. Cristãos que fizeram sacrifícios, especialmente para os deuses romanos, só receberiam absolvição à beira da morte.

Thurificati - Os que queimaram incenso no altar perante as estátuas dos deuses. Do latim thurificare - "queimar incenso".

Libellatici - São os que falsificaram o atestado (libellus) ou conseguiram um através de suborno às autoridades. O libellus indicava que tinham feito o sacrifício embora, neste caso, os portadores não o fizeram. Uma sanção de dois era imputada como pena. Do latim libellus - "livrinho; carta; certificado".

Acta facientes - São os que mentiram ou de alguma forma salvaram suas vidas. Do latim - "os que fizeram os atos".

Traditores - São os que entregaram às autoridades as Sagradas Escrituras ou artefatos religiosos, ou os que revelaram nomes de outros cristãos. Do latim tradere - "entregar; trair".

Durante a perseguição de Décio, os nomes dos cristãos que demonstraram a sua apostasia por um dos cinco métodos acima entravam para sempre nos registros da corte. Após terem recebido seus atestados, com a certeza de que seus nomes já constavam ali, eles se sentiam seguros de novas perseguições.
A verdade é que a maioria cedia por fraqueza de vontade, pois a maioria queria continuar cristã. Porém, este desejo ia contra a lei da época.

Quando, após a eleição do Papa Cornélio, o padre Novaciano se proclamou antipapa alegando ser o defensor da disciplina rigorista, que se recusava terminantemente a aceitar de volta os lapsi.
Sínodos foram realizados em Roma e em Cartago para discutir a questão. 
A decisão foi admitir os lapsi após uma penitência. 
Sobre a duração dela, os bispos deveriam avaliar as circunstâncias da apostasia, ou seja, se ele foi torturado antes do sacrifício ou se a sua família fora ameaçada. Os que fizeram os sacrifícios de livre vontade (os sacrificati e os thurificati) só receberiam o perdão no leito de morte. Os libellatici poderiam ser admitidos rapidamente.


A decisão do Concílio de Cartago foi aceita por Dionísio de Alexandria, pelo Papa Cornélio e por Cipriano de Cartago. 

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