domingo, 21 de setembro de 2014

O que a Tradição nos diz sobre São Mateus

Martírio de São Mateus - Caravaggio
Quando os Apóstolos se espalharam por todo o mundo, São Mateus dirigiu-se para a Arábia e Pérsia, onde sofreu cruéis perseguições pelos sacerdotes indígenas. São Clemente de Alexandria diz que São Mateus era homem de mortificação e penitência, e alimentava-se só de ervas, raízes e frutas. Sofreu maus tratos na cidade de Mirmene.
                                                                      
Os pagãos arrancaram-lhe os olhos e, preso com algemas, esperou no cárcere o dia em que devia ser sacrificado aos deuses, por ocasião da grande festa idólatra. Deus, porém,  não abandonou seu servo;  mandou-lhe um Anjo que lhe curou a vista e o libertou da prisão. São Mateus seguiu então para a Etiópia. Também lá o demônio quis tolher-lhe os passos.  Dois feiticeiros de grande fama opuseram-se-lhe,  mas São Mateus venceu-os pela força esmagadora dos argumentos e pelos milagres que fazia, em nome de Jesus Cristo.  Removido este obstáculo,  o povo aceitou a religião de Deus humanado.
                                                                      
Foi por intermédio do eunuco da rainha Candace, o mesmo a quem São Felipe batizou, que São Mateus obteve entrada no palácio real. Lá havia grande luto pela morte do jovem príncipe herdeiro Eufranon.  São Mateus, tendo sido chamado ao palácio, fez o defunto ressurgir, milagre este que encheu a todos de admiração.  O rei, em sinal de alegria e gratidão, mandou arautos por todo o país deitarem pregão da seguinte ordem: "Súditos! Vinde todos à capital ver um Deus, que apareceu entre nós, em forma humana!".
                                                                      
Afluíram aos milhares os súditos de todas as partes do reino, trazendo perfumes e incenso, para serem oferecidos ao Deus que tinha aparecido.  Mateus, porém,  esclareceu-os dizendo:  "Eu não sou Deus, como julgais que seja, mas servo de Jesus Cristo, Filho de Deus vivo;  foi em seu nome que fiz o filho de vosso rei ressuscitar; foi Ele que me enviou a vós, para vos pregar sua doutrina e vos trazer sua graça e salvação".  Essas palavras tiveram bom acolhimento e a maior parte do povo converteu-se à religião de Jesus Cristo.  A Igreja da Etiópia chegou a ser uma das mais florescentes dos tempos apostólicos. O rei Egipo e família eram cristãos fervorosíssimos, tanto que Efigênia, a filha mais velha, fez voto de castidade perpétua e a seu exemplo, muitas filhas das famílias mais ilustres consagraram-se a Deus, numa vida de perfeição cristã.
                                                                      
Pela morte do rei subiu ao trono seu sobrinho Hírtaco, o qual, para estabelecer o governo sobre bases mais sólidas, pediu a Efigênia em casamento. Esta recusou, alegando o voto feito a Deus. Hírtaco, não se conformando com esta resposta, exigiu que São Mateus fizesse valer a autoridade de Bispo, para que se realizasse o enlace desejado. São Mateus declarou ao príncipe não ter competência para envolver-se no caso. 
                                                                      
Vendo-se assim, profundamente contrariado nos seus planos, Hírtaco deu ordem aos soldados de fazer desaparecer o Apóstolo. Esta ordem foi executada na igreja onde São Mateus celebrava a Missa. Pondo de lado o respeito devido ao lugar e à pessoa do santo Apóstolo, os sicários do rei mataram-no no próprio altar. 
                                                                      
O corpo do Santo Mártir foi por muito tempo objeto de grata veneração do povo cristão da capital. No ano de 930, foi transportado para Salerno, na Itália, onde São Mateus até hoje é festejado como padroeiro da cidade e do bispado. relíquias para a cidade. 

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