segunda-feira, 18 de março de 2019

18 de março - Beata Marta Le Bouteiller


"Tu és meu Senhor! Fora de Ti não há felicidade para mim". Sl 16,2
Estas palavras do Salmista, que a liturgia de hoje pôs em nossos lábios, resumem bem as aspirações de uma intimidade sem fim com Deus da irmã Marta Le Bouteiller.

Desejando entregar-se totalmente ao Senhor e aos outros, ingressou na Congregação fundada por Santa Maria Madalena Postel e, durante suas ocupações cotidianas na cozinha, na fazenda, nos campos e no porão, levou uma vida de união com Deus, fazendo "grandemente as pequenas coisas", de acordo com uma máxima cara à fundadora "Vamos fazer o melhor possível escondendo o máximo possível". A irmã Marta encontrou em sua vida oculta com Cristo a alma de seu apostolado da bondade: "Aquele que habita em mim e em quem habito, este dá muito fruto, pois sem mim, você não pode fazer nada". Muito perto da santa fundadora e do Beato Placide Viel, a "boa" Irmã Marta viveu suas humildes tarefas com uma qualidade de amor que desperta admiração.

Que esta nova Bem-aventurada leve as novas gerações de hoje e de amanhã a descobrir a alegria de entregar-se ao Senhor na consagração religiosa! Ajude-os a compreender o primado da vida espiritual para participar na edificação da Igreja e realizar uma ação frutuosa ao serviço dos homens! Nossos contemporâneos precisam encontrar em seu caminho faces que manifestem a autêntica felicidade que acarreta intimidade com Deus. Irmã Marta, na verdadeira Irmã da Misericórdia, sabia irradiar em torno dela o amor de Deus. A extrema simplicidade de sua existência não impediu que suas irmãs reconhecessem sua verdadeira autoridade espiritual. Ela deu frutos para a glória do Pai: “Dando vós muito fruto, Meu Pai é glorificado; e assim sereis meus discípulos (Jo 15, 8). 
Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 05 de novembro de 1990

Marta (Amada Adélia) Le Bouteiller nasceu no bairro La Henrière da cidade de Saint-Lô (França), de uma família que possuía pequenos prédios e se dedicava à arte de tecer. Os pais confiaram a sua educação às Religiosas de Nossa Senhora do Monte Carmelo. Tocou por sorte à menina ter por preceptora uma santa religiosa, que usava repetir esta jaculatória: “Da negligência das tuas inspirações, livra-nos, Senhor”. 

Em 1º de setembro de 1827 o pai morreu com apenas 39 anos de idade, infelizmente na época uma ocorrência comum; a mãe ficou sozinha com quatro filhos, teve de criá-los e apoiá-los ajudada pelos filhos mais velhos; Amada, que tinha quase onze anos, continuou seus estudos e ao mesmo tempo tinha que cuidar da casa.
Em 1837, seus dois irmãos se casaram, e Amada, com 20 anos, começou a trabalhar como empregada doméstica para ganhar a vida.
Com a Irmã Farcy, organizadora da paróquia, ela ia todos os anos em peregrinação a Chapelle-sur-Vire, a cerca de 15 km de Percy, e nesta localidade entrou em contato com a Congregação das Irmãs das Escolas Cristãs da Misericórdia, fundado em 1804 por Santa Maria Madalena Postel (1756-1846), para a educação da juventude.

Amada, aos 25 anos, resolveu abraçar a vida consagrada com o nome de Irmã Marta. Sua vida religiosa transcorreu no serviço de Deus e das irmãs, sempre simples e jovial na execução dos serviços mais humildes; dedicada à oração e à meditação, alimentou a sua espiritualidade lendo autores da chamada "Escola Francesa de Espiritualidade".

Cuidava dos domésticos e dos trabalhadores que prestavam serviço à Abadia, também dos hospedes de passagem; distribuiu o vinho para 250 pessoas por dia e durante a guerra chegou a 500 pessoas.
Diz-se que, durante a guerra entre a França e a Alemanha, quando os estoques da abadia exauriram pavorosamente, Irmã Marta pendurando na parede uma imagem de Madre Madalena, morta há algum tempo, rezou intensamente e a partir desse momento os estoques de 'cidra’ (vinho) e outros alimentos não acabaram.

No inverno de 1875-1876, Irmã Marta, agora em seus sessenta anos, caiu e fraturou a perna; a longa convalescença, somando-se a morte de sua mãe e da amada Irmã Plácida, sua confidente, foram suas grandes provações. Ela suportou-as sem deixar de atender os interesses da despensa, apoiando-se a um bastão, mas o seu declínio era evidente.

Em 18 de março de 1883, Domingo de Ramos, enquanto ela pretendia levar as garrafas para a cozinha depois do jantar, caiu uma vez e, em seguida, uma segunda vez, tarde da noite, atingida por um acidente vascular cerebral; morreu depois de receber os Sacramentos aos 67 anos.

A sua vida simples se escreve de humildade, de obscuridade e de dom total aos outros, pondo assim em prática uma das máximas de Santa Maria Madalena Postel: “Nadas façais por medo, fazei tudo por amor”.

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