No ano de 1598,
nasce no seio de uma família nobre em Paredes da Cunha, Tomás Rodrigues da
Cunha. Muito jovem ainda foi nomeado capitão. Conquistava a simpatia de todos
que o conheciam por sua valentia, destreza e espírito afável e comunicativo.
Conheceu os carmelitas descalços e depressa se sentiu atraído pelo estilo de
vida destes homens que, seguindo os passos de Santa Teresa de Jesus e São João
da Cruz, viviam uma santidade alegre e comunicativa.
Depois de certa
resistência, conseguiu ingressar na Ordem e recebeu o hábito e o nome de Frei
Redento da Cruz.
No ano de 1620, foi
fundado o nosso convento do Carmo de Goa, para onde foi enviado Frei Redento,
depois de também ter sido frade conventual no convento de Diu. Frei Redento
cativava com a sua simpatia e era estimado por todos por ser alegre, simpático
e com um grande sentido de humor. Em Goa, deram-lhe o ofício de porteiro e
sacristão.
No ano de 1600, na
França (na região de Flandres, onde hoje é a Bélgica), nasceu Pierre Berthelot.
Também este jovem se inclinou para o mar fazendo-se marinheiro apenas com 12
anos de idade.
Serviu a armada holandesa
quando tinha vinte anos. Mas, em breve, trocou o reino da Holanda pelo de
Portugal, onde foi nomeado cosmógrafo e piloto-mor.
Deixou-se contagiar
pelo testemunho do carmelita, Frei Filipe da Santíssima Trindade e decidiu,
como ele, fazer-se carmelita. Todos os dias visitava a igreja do Carmo e um dia
decidiu tomar hábito. Era a véspera do Natal e recebeu o nome de Frei Dionísio
da Natividade.
Os carmelitas,
Dionisio e Redento, encontraram-se no ano de 1635, no Convento do Carmo, em Goa.
Sem antes se conhecerem, ali se juntaram para virem a ser os primeiros mártires
da família fundada por Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz.
Em 1636, os
holandeses atacaram Goa. O Vice-rei das índias escreve ao Prior do Carmo
pedindo-lhe licença para o noviço Frei Dionísio comandar as operações. O que
aconteceu. O Piloto-mor e Cosmógrafo das Índias, agora vestido de hábito
castanho e capa branca e calçando sandálias, conduziu a esquadra portuguesa à
vitória. Em 1638 foi ordenado sacerdote.
O Irmão Redento da
Cruz continuava o seu ofício de porteiro do convento do Carmo de Goa, enquanto
Frei Dionísio se preparava para o sacerdócio. Todos conheciam o porteiro do
Carmo e todos o tinham por santo. Não perdia ocasião de a todos edificar
oferecendo fios, que arrancava do seu hábito, às pessoas suas amigas,
dizendo-lhes que eram relíquias de santo. As pessoas riam-se com Frei Redento,
mas ele apenas dizia: “agora riem-se,
mas esperem um pouco e haveis de ter pena de não ter mais relíquias minhas”.
Deus segredava-lhe ao coração que um dia seria santo.
Em 1638 novamente
foi solicitado ao Prior dos carmelitas que autorizasse Frei Dionísio a comandar
uma nova expedição. Concertadas as coisas, Frei Dionísio escolheu e pediu por
companheiro a Frei Redento da Cruz que ao despedir-se da comunidade disse
sereno e de bom humor: “se eu for
martirizado pintem-me com os pés bem de fora do hábito, para que vendo as
sandálias todos saibam que sou carmelita descalço”.
De fato, traídos
pelo rei de Achem, a armada portuguesa foi surpreendida e detida. Tentarm
força-los a renegar a fé, mas não conseguiram tal traição a Cristo de nenhum
dos 60 prisioneiros. Decidiram, então, o seu martírio.
Frei Redento foi o
primeiro a ser martirizado, encorajando os companheiros de martírio; Frei
Dionísio, o último para a todos confortar. Era o dia 29 de novembro de 1638.
Quando em Goa se
soube do acontecimento, repicaram os sinos na igreja do Carmo como em dia de
grande festa e cantaram um Te Deum em ação de graças.
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