Na História da Paixão de
Santa Anastásia encontramos uma carta dirigida a um certo Crisógono, na qual
está escrito: "Se bem que meu pai
fosse um idólatra, minha mãe Fausta viveu sempre fiel e casta. Ela me fez
cristã desde o berço”.
A partir deste único texto podemos fazer uma tentativa de retratá-la:
É uma mãe que instrui a própria filha no Cristianismo “desde o berço”.
Ela era esposa de um idólatra, mas adorava o Deus verdadeiro. Uma esposa fiel,
uma mulher casta, segundo diz sua filha. Parece muito pouco para aqueles que
esperam da santidade manifestações espetaculares e fatos inusitados.
Mas, nos primeiros tempos do Cristianismo era um fato inusitado
encontrar almas dispostas ao sacrifício e à perseguição por amor daquele Deus
desprezado pelos pagãos, difamado como um vulgar malfeitor que morreu numa
cruz.
Para os apologistas, a primeira difusão do Cristianismo já foi um
milagre. Bastaria este milagre para demonstrar a divindade de Cristo. Pela
mesma razão, bastava a conversão para demonstrar a santidade dos primeiros
cristãos. Era preciso muita coragem e amor de Deus para declarar-se cristão,
enfrentando as perseguições, a prisão, a condenação, o suplício e o martírio.
As várias Passio procuravam tornar mais evidentes e
mais exemplares estes sacrifícios por vezes obscuros, estes heroísmos
escondidos. Entre estes, na complexa Passio de Santa Anastásia, encontramos uma
referência, um indício que fala de sua mãe Fausta, que educara a filha no
Cristianismo desde o berço.
Certamente Fausta sabia bem o que isto significava. Desejava preparar a
própria filha para um futuro de sacrifícios, quem sabe para a morte prematura.
O amor materno teve que ser superado pela fé, e a esperança humana deveria ser
substituída pela caridade divina.
Eis a razão por que as poucas palavras dedicadas à Santa Fausta revelam
um panorama histórico e religioso profundo e adquiriram um grande valor
apologético na perspectiva dos primeiros séculos.
Mas, estas mães corajosas que nos lares ainda pagãos introduziam os
princípios do Cristianismo, educando seus filhos nele, iluminando os berços de
suas crianças com a chama de sua fé, alimentando em seus corações a fortaleza e
o amor ao sacrifício, são também hoje um exemplo para as mulheres
verdadeiramente católicas, que não pactuam com os erros do mundo moderno, nem
dobram os joelhos diante das modas e não cedem às pressões para se adaptarem
aos costumes neo-pagãos.
Que Santa Fausta acenda nos corações maternos a fé e a fortaleza nos
dias em que vivemos!
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