Papa no períodos de
858 a 867, Nicolau nasceu em Roma, sagrou-se papa em 24 de abril 858 sucedendo
Bento III (855-858), do qual havia sido conselheiro, e considerado um dos mais
importantes papas da história para consolidação da Igreja Romana como igreja
máxima e independente dos poderes imperiais e, consequentemente, do pontífice
como autoridade máxima dessa igreja.
Descendente de uma
família aristocrática e politicamente importante, era filho do Defensor Teodoro
e recebeu excelente educação dos presbíteros de Latrão. Entrou logo cedo para
os serviços eclesiásticos e, distinguindo-se pela devoção, benevolência,
habilidade, conhecimento, e eloquência, foi feito subdiácono pelo papa Sérgio
II (844-847) e diácono pelo papa Leão IV (847-855).
Homem de grande
energia, capacidade política e estatura moral, depois de servir na Cúria por
quase 15 anos, e apoiado pelo Imperador francês Luís II, foi eleito papa por
aclamação, numa época em que o cristianismo ocidental estava em frangalhos,
correndo o risco até de cair em declínio irreversível. Sua primeira grande
vitória foi quando organizou e durante o Sínodo de Milão (860), praticamente
obrigou o arcebispo João, de Ravena, sob pena de excomunhão, reconhecer a
supremacia de Roma (861), convencendo as autoridades de Ravena a desistirem da
independência religiosa, em nome da disciplina eclesiástica.
Condenou o
casamento ilegal do tirano Bardas e a tentativa de Miguel III de internar num
convento a própria mãe Teodora, sua regente e aliada de Roma, com as filhas.
Outro duro embate
foi quando o rei Lotário II, rei da Lorena, para se casar com uma dama da
corte, Valdrada, expulsou a esposa Teutberga, com aprovação do Sínodo de
Aachen. Esta recorreu ao pontífice, o qual, apesar de cercado pelos exércitos
imperiais, anulou o processo de divórcio do rei, destituiu os arcebispos responsáveis
pela decisão e obrigou Lotário, sob pena de excomunhão, a receber a legítima
esposa, com a aprovação do Sínodo de Metz.
Recebeu os
Búlgaros, convertidos pelos missionários gregos, cujo rei Bóris enviou a Roma o
próprio filho para dirimir dúvidas, ao qual o pontífice ministrou
conselhos e leis considerados um verdadeiro monumento de sabedoria,
especialmente sobre a teoria da pretensa supremacia do pontífice sobre toda a
cristandade.
Reempossou no cargo
de bispo de Soissons, Rothad II, que havia sido deposto pelo arcebispo Hincmar, de Reims, após uma apelação ao papa.
Depois de várias
disputas com o Imperador Ludovico II, organizou junto com ele um exército
contra os sarracenos. Por essas e outras decisões foi um dos pontífices mais enérgicos
da Idade Média, mostrando influência decisiva no desenvolvimento histórico do
papado e sua posição entre as nações Cristãs de Europa Ocidental.
Seu papado foi
considerado o mais importante do período carolíngio e abriu caminho para a obra
dos papas reformistas do século XI.
Em Roma,
reconstruiu várias igrejas e constantemente buscou encorajar a vida religiosa.
A própria vida pessoal dele era guiada por um espírito de sério asceticismo
cristão e devoção profunda e, também, era muito estimado pelos cidadãos de
Roma.
No seu pontificado
a Dinamarca foi convertida por Santo Ansgário, e os Eslavos, pelo zelo dos
irmãos São Cirilo e São Metódio, verdadeiros iniciadores da literatura eslava.
Homem destemido,
até a morte cumpriu sua missão em defesa das leis de Deus, da moralidade,
integridade e pureza do clero. Foi um asceta em sua vida pessoal, incentivou a
vida religiosa e abriu conventos e mosteiros.
Fixou a festa da
Assunção de Nossa Senhora em 15 de agosto.
O papa de número
105 faleceu em Roma, em 13 de novembro de 867, coroado de imensas vitórias como
homem, como rei e como papa, e considerado como um santo pelo povo.
Foi o primeiro papa
que, retomando a teoria já exposta pelo papa Gelásio em sua época, desejou
afirmar, de um lado, o primado da sé apostólica romana, fundada pelo primeiro
apóstolo, Pedro, sobre todas as outras Igrejas e, por outro, a independência do
poder espiritual em relação a qualquer poder temporal, inclusive o do
imperador.
Seu pontificado
coincidiu com um dos períodos culturalmente mais significativos da alta Idade
Média, graças também à contribuição fornecida por personagens como Anastácio, o
Bibliotecário, seu secretário e redator das numerosas cartas deste que chegaram
até os dias de hoje.
Foi sucedido por
Adriano II e canonizado em 1630 por Urbano VIII.
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