segunda-feira, 5 de novembro de 2018

05 de novembro - 38 Beatos Mártires Albaneses


Durante os 40 anos de ditadura comunista na Albânia, orar, fazer o sinal da cruz, usar crucifixo no pescoço ou mesmo ter fé era punível por lei. Em 1967, o país balcânico se autoproclamou oficialmente ateu, pela primeira vez em todo o mundo. Igrejas, mesquitas e outros lugares de culto religioso foram usados como shoppings, salões de esporte ou teatros; como foi o caso da Catedral de Shkodër, onde 38 mártires foram beatificados no dia 5 de novembro de 2016, usada na época como uma arena municipal de esporte. Esse é um lugar muito especial para os católicos, porque foi onde a primeira missa, após a queda da ditatura, foi celebrada.

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Quem encabeça a lista dos gloriosos mártires albaneses é Dom Nikolle Vinçenc Prennushi, arcebispo de Dürres, franciscano e Primaz da Albânia, sucedendo a D. Gasper Thacia, também mártir do comunismo. Dom Vinçenc era um escritor de talento, sobretudo do folclore e de músicas tradicionais do país, escrevia poesias, e traduziu para sua língua os melhores poemas de outros autores europeus. Mas, sobretudo, era um verdadeiro pastor. Pelo que é chamado por alguns o Thomas Becket da Albânia.

Dom Prennushi foi intimado pelo ditador comunista Enver Hoxha a separar-se de Roma e a fundar uma igreja nacional, como ocorreu na China comunista. O heroico prelado evidentemente recusou-se. Sob a alegação de que escondia armas em sua igreja, foi então encarcerado, torturado e depois friamente assassinado no dia 19 de março de 1949.

O Pe. Serafin Koda exalou seu último suspiro com a laringe fora da garganta, enquanto o Pe. Josif Papamihali, sacerdote do rito bizantino católico, tendo caído exausto num pântano, foi nele sepultado vivo. O Pe. Anton Musaj tinha apenas 27 anos. Preso pelos comunistas, foi torturado de modo inumano, sendo-lhe quebrados as mãos e os pés. Os sem-Deus o mandaram agonizante para casa, onde ele faleceu alguns dias depois, em meio a terríveis sofrimentos.

Dom Frano Gjini era bispo de Lezha. Preso em 1946 sob a alegação de ser espião do Vaticano e dos ingleses, foi torturado de maneira brutal, destripado e fuzilado no muro de um cemitério, em março de 1948.

Maria Tuci é a única mulher entre os mártires albaneses. Ela frequentou a escola das Irmãs de Caridade Franciscanas Estigmatinas em Shkodër, e depois se formou professora. Seu “crime” foi lembrar seus alunos da presença de Cristo durante o período da ditadura. Ela foi detida e torturada inúmeras vezes. Não havia nem luz, nem água; quando chovia, a água atingia os colchões. Quando se opôs ao estupro, um carrasco lhe disse: “Te reduzirei a um estado tal que nem sequer os teus familiares vão te reconhecer”. Um homem, que conhecia a jovem e foi preso no mesmo período, nos disse que cruzou-se com ela sem tê-la reconhecido. Ao ver esta jovem de 18 anos – totalmente desfigurada pelas torturas – pensou: “Também atacam os velhos”. Por fim, a prenderam em um saco com um gato. Os torturadores batiam no animal repetidamente com um graveto. Assim, Maria morreu dos ferimentos deixados pelo gato enraivecido.

Lazer Shantoja, letrado padre com especial interesse em literatura e arte, foi torturado tão severamente no subúrbio de Tirana que sua própria mãe implorou aos assassinos que atirassem nele para dar um fim ao seu sofrimento.

O Pe. Lek Sirdani, escritor e profundamente patriota, foi torturado e afogado no esgoto, juntamente com Pe. Pjetër.

Ndre Zadeja foi o primeiro dos que foram mortos a tiro. Assim, ele se tornou o primeiro mártir da ditadura comunista albanesa. Ele morreu em Shkodër. Todos os que foram mortos na cidade foram forçados a seguir um caminho que acabava no muro do cemitério. Ali eles eram torturados, cuspidos, e finalmente executados a tiro. A rota passava pela catedral: Faziam de propósito. Era para lembrá-los que estavam sofrendo por seu amor a Cristo.

Mesmo sob a liderança da ditadura, estes religiosos não apostatavam e perdoavam os seus assassinos. Padre Dajani, antes de ser fuzilado, disse, “Eu perdoo aqueles que me fizeram o mal”. Fausti, morto junto com ele disse: “Estou muito contente de que a morte chegue, enquanto estou cumprindo o meu dever”.

Nome dos 38 mártires albaneses:

1 - Lazer Shantoja, sacerdote
2 - Ndre Zadeja, sacerdote
3 - Giovanni Fausti, sacerdote jesuíta
4 - Giovanni (Kolë) Shllaku, sacerdote franciscano
5 - Daniel Dajani, sacerdote jesuíta
6 - Qerim Sadiku, leigo 
7 - Mark Çuni, seminarista
8 - Gjelosh Lulashi, leigo
9 - Alfons Tracki, sacerdote
10 - Fran Mirakaj, leigo
11 - Josef Marxen, sacerdote
12 - Bernardino (Zef) Palaj, sacerdote franciscano
13 - Luigj Prendushi, sacerdote
14 - Dedë Maçaj, sacerdote
15 - Mark Gjani, sacerdote
16 - Serafin Koda, sacerdote franciscano
17 - Gjon Pantalia, irmão jesuíta
18 - Anton Zogaj, sacerdote
19 - Frano Gjini, bispo e abade
20 - Mattia (Pal) Prennushi, sacerdote franciscano
21 - Cipriano (Dedë) Nika, sacerdote franciscano
22 - Dedë Plani, sacerdote
23 - Ejëll Deda, sacerdote
24 - Anton Musaj, sacerdote
25 - Pjetër Çuni, sacerdote
26 - Josif Papamihali, sacerdote
27 - Lek Sirdani, sacerdote
28 - Nikolle Vinçenc Prennushi, arcebispo de Dürres
29 - Jak Bushati, sacerdote
30 - Gaspare (Mikel) Suma, sacerdote franciscano
31 - Maria Tuci, jovem leiga, aspirante das Estigmatinas
32 - Jul Bonati, sacerdote
33 - Carlo (Ndue) Serreqi, sacerdote franciscano
34 - Ndoc Suma, sacerdote
35 - Dedë Malaj, sacerdote
36 - Marin Shkurti, sacerdote
37 - Shtjefën Kurti, sacerdote
38 - Mikel Beltoja, sacerdote

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