"Quando eles
te levarem ao tribunal, não se preocupem... ",
Continua a dizer Jesus aos seus apóstolos. Rupert Mayer sabia que desde
1933 suas homilias eram controladas pela polícia. Apesar disso, ele
continuou anunciando a verdade como estava, nua e crua. Quando foi preso,
declarou à Gestapo: "Declaro que,
se fosse libertado, continuaria a pregar nas igrejas de Mônaco e em toda a
Baviera, por razões de princípio, apesar da proibição de falar que me impuseram". Ele
também não pôde permanecer em silêncio, assim como o apóstolo disse: "Ai
de mim se eu não pregar o Evangelho!" (ICor 9,16 )
Nosso Beato estava
pronto para enfrentar a prisão e o campo de concentração. No
questionário, que o preencheu na prisão, escreveu: "Não me queixo do meu destino: não acho que seja uma pena, mas o
coroamento da minha vida".
E antes de ser
levado para o campo de concentração em Saehsenhausen, ele escreveu da prisão da
Gestapo: "Quando a porta da prisão
se fechou e eu me vi sozinho na cela onde eu já tinha passado tempo, lágrimas
vieram aos meus olhos; mas foram lágrimas de alegria por ter sido, por
causa de minha vocação, julgado digno de ser aprisionado e de ir ao encontro de
um futuro incerto".
Esta não é a voz de
um homem que é apenas corajoso, mas o de um cristão que se orgulha de
compartilhar a cruz de Cristo.
Papa
João Paulo II – Homilia de Beatificação – 03 de maio de 1987
Rupert Mayer nasceu
em 23 de janeiro de 1876, em Stuttgart, Alemanha. Fez seus estudos no seminário
local e foi ordenado em 1899. Ingressou em 1900 no Noviciado de Feld-kich,
Áustria. Como a Companhia estava proibida na Alemanha, realizou seus estudos no
exterior e, terminados estes, ocupou o cargo de sócio do mestre de noviços.
Posteriormente encarregou-se da pastoral dos imigrantes em Munique, onde
exerceu seu apostolado em ambiente anticlerical e em meio as guerras e crises
alemãs. Destacou-se no trabalho com os mais pobres e na força da pregação. Foi
diretor das Congregações Marianas.
Ele perdeu a perna
esquerda na Primeira Guerra Mundial, na frente romena, onde foi voluntário para
assistência espiritual aos soldados.
Padre Rupert ensina,
fala à igreja e fora, entre amigos e adversários, divulgando os princípios da
Doutrina Social da Igreja, e pedindo que fossem aplicados imediatamente, na conturbada
Alemanha.
Em 1933, dez anos
após seu fracasso em Munique, Hitler chegou ao poder em Berlim e logo estabeleceu
um regime que priva os alemães de toda a liberdade: consentimento ou silêncio.
Há cada vez menos pessoas que rejeitam um e outro, que continuam a falar. E
entre eles está o padre Rupert, o jesuíta de uma perna só.
Encontra pessoas e
grupos, tentando direcioná-los; esclarece a incompatibilidade entre a fé cristã
e a ideologia nazista.
Foi voz de destaque
contra o nazismo, tendo sido preso 3 vezes em 1937 e 1938. Acabou num campo de
concentração em 1939 e, por fim, confinado numa abadia beneditina desde 1940
até 1945 quando foi libertado pelos americanos. Estes anos confinado, minam a
saúde de seu corpo mutilado.
De volta a Munique,
a morte o pega no campo de missão: na igreja, enquanto ele prega. E seu corpo
permanece em Munique, na cripta da igreja da Congregação Mariana, chamada
Bürgersaal. João Paulo II proclamou-o Beato em 03 de maio de 1987.
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