quarta-feira, 14 de março de 2018

14 de março - Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho. Jo 5,17


Com a certeza de que Deus trabalha sempre, não podemos ter medo de viver o dom do amor e da liberdade, pondo de lado de uma vez para sempre as falsas seguranças que derivam da rigidez.

E assim o Pai trabalha para fazer esta maravilha da criação e para fazer com o Filho a maravilha da recriação; para passar do caos para o cosmos, da desordem para a ordem, do pecado para a graça. E este é o trabalho do Pai e por isso nós louvamos o Pai, o Pai que trabalha.

Mas por que Deus quis criar o mundo? Esta é uma das perguntas difíceis. Certa vez uma criança me pôs em dificuldade porque me fez esta pergunta: diga-me, padre, o que fazia Deus antes de criar o mundo, entediava-se? Sem dúvida as crianças sabem fazer perguntas e fazem-nas certas, pondo-te em dificuldade.

Para responder àquela criança, o Senhor ajudou-me e eu disse a verdade: Deus amava, amava na sua plenitude; na sua comunicação, entre as três Pessoas, amava e não precisava de mais nada. É uma resposta que, suscita outra interrogação: mas se Deus não precisava, porque criou o mundo? Mas esta é uma questão levantada não por uma criança, mas que formulavam os primeiros teólogos, os grandes teólogos, os primeiros. Portanto, por que Deus criou o mundo? A resposta é: Simplesmente para compartilhar a sua plenitude, para ter alguém a quem doar e com quem partilhar a sua plenitude. Em síntese, para doar.

A mesma pergunta podemos fazê-la na recriação: porque enviou o seu Filho para esta obra de recriação? Fê-lo para compartilhar, para reajustar. E assim tanto na primeira criação, como na segunda, faz do caos um cosmos, da fealdade uma beleza, do erro uma verdade, do mal um bem. É este o trabalho de criação de Deus, e fá-lo artesanalmente. E em Jesus vê-se de modo claro: com o seu corpo dá a vida totalmente. A tal ponto que quando Jesus diz: “O meu Pai trabalha e também eu trabalho sempre”, os doutores da lei escandalizaram-se e queriam matá-lo porque não sabiam receber as coisas de Deus como dom, mas só como justiça, chegando até a pensar: os mandamentos são poucos, façamos mais!

Assim, em vez de abrir o coração ao dom, esconderam-se, procuraram refúgio na rigidez dos mandamentos, que eles tinham multiplicado até quinhentos ou mais: não sabiam receber o dom. De resto, só se recebe o dom com a liberdade, mas eles eram rígidos e tinham medo da liberdade que Deus dá; temiam o amor. E por isso queriam matar Jesus, porque Ele disse que o Pai fez esta maravilha como dom: receber o dom do Pai!

Em síntese, é oportuno perguntar como recebemos a redenção, o perdão que Deus nos deu, o nosso ser filhos com o seu Filho, com amor, ternura e liberdade. Sem nunca nos escondermos na rigidez dos mandamentos fechados que são cada vez mais seguros — entre aspas — mas não nos dão alegria, porque não nos libertam. Cada um de nós pode perguntar como vive estas duas maravilhas: a maravilha da criação e ainda mais a maravilha da recriação. Na esperança de que o Senhor nos faça entender esta grandiosidade e compreender o que Ele fazia antes de criar o mundo: amava. Que nos leve a entender o seu amor por nós e que possamos dizer — como dissemos hoje — “És tão grande, Senhor, obrigado, obrigado!”. E vamos em frente assim.

Papa Francisco - 6 de fevereiro de 2017

Hoje celebramos:


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