segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

02 de janeiro - São Basílio Magno: "Aquele que nada tem, é livre."

O Imperador Valente emitiu decretos de exílio dos bispos católicos que se recusassem a aceitar a heresia ariana. Mas em Cesaréia, dada a grande personalidade de São Basílio, quis preparar o terreno. Mandou então que alguns bispos arianos fossem conversar com Basílio, para ver se conseguiam levá-lo a aderir à heresia. Este não só não quis ouvi-los, mas os excomungou.

O prefeito Modesto chamou então o bispo recalcitrante. Com boas palavras, tentou induzi-lo a aceitar a heresia ariana. Como Basílio nem lhe desse ouvidos, ameaçou-o gradativamente com confiscação de bens, exílio, tormentos e morte.

São Gregório, que estava presente, descreve a cena:
— Ameaçai-me de qualquer outra coisa, porque nada disso me impressiona,” respondeu-lhe Basílio.
— Que dizes!?
— Aquele que nada tem, é livre. Não tenho senão alguns livros e os trapos que visto; imagino que não sois zeloso de m’os tirar. Quanto ao exílio, não vos será fácil condenar-me: é o Céu, e não o país em que habito que eu considero minha pátria. Eu temo pouco os tormentos. Meu corpo está num tal estado de magreza e de fraqueza, que não poderá sofrer por muito tempo. O primeiro golpe terminará minha vida e minhas penas. Temo ainda menos a morte, que me parece um favor. Ela me reunirá mais cedo ao meu Criador, por Quem somente vivo.

A grandeza do arcebispo surpreendeu o prefeito que reagiu: 
— Até o presente momento, ninguém havia ousado falar comigo desta forma. 
E Basílio, com muita modéstia lhe respondeu se: 
Talvez ainda não tenhas tido a oportunidade de falar com um bispo.

Neste tempo, o mesmo imperador chegou à Cesaréia e dirigiu-se à igreja. Era a festa da Epifania do Senhor, e São Basílio, piedosamente oficiava para uma grande multidão que rezava com grande devoção. Isto surpreendeu o imperador que tomou medidas para que Basílio aceitasse algum tipo de conciliação com os arianos. Entretanto, encontrando nele uma determinada resistência neste sentido, condenou-o ao desterro

Mas a Providência velava. Essa noite mesmo o príncipe imperial Valentiniano Gálata, de seis anos, foi acometido por uma febre tão violenta, que os médicos se confessaram impotentes para qualquer coisa. A imperatriz fez notar ao marido que isso era uma justa punição por ter exilado o Bispo, e insistiu em que o chamasse para curar o filho. Basílio ainda não tinha partido. Mal chegou ao palácio, o menino começou a melhorar. Afirmou ao imperador que o menino sararia, contanto que ele prometesse educá-lo na verdadeira religião, a católica. A condição tendo sido aceita, o Bispo rezou junto ao leito do menino, que ficou instantaneamente curado.

Entretanto, pressionado pelos bispos arianos, Valente não manteve sua palavra. Pelo contrário, fez batizar logo o menino por um dos bispos hereges. O menino teve uma imediata recaída e morreu pouco depois.

O terrível golpe não converteu o imperador, que condenou novamente Basílio ao exílio. Quando lhe trouxeram a ordem para assinar, a haste de bambu que lhe servia de caneta quebrou-se em sua mão. Outra haste foi trazida, e teve o mesmo fim. Uma terceira também quebrou-se. Quando Valente fez vir uma quarta, seu braço foi tomado de tremor e de uma agitação extraordinária. Apavorado, ele rasgou a ordem e deixou o arcebispo em paz.

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