"O amor de Deus foi
derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado". Na
verdade, no caso do sacerdote passionista, Carlos de Santo André Houben, observamos
como este amor foi prodigalizado numa vida totalmente dedicada ao cuidado das
almas. Ao longo dos numerosos anos de ministério sacerdotal na Inglaterra e na
Irlanda, o povo o procurava para obter conselhos sábios, a sua solicitude
compassiva e o seu toque taumatúrgico. Na doença e no sofrimento reconheceu o
rosto de Cristo crucificado, a cuja devoção tinha dedicado toda a sua vida.
Hauriu em abundância das torrentes de água viva que brotava do lado
trespassado, e com a força do Espírito deu testemunho perante o mundo do amor
do Pai. Durante as exéquias deste sacerdote muito amado, afetuosamente chamado
Padre Carlos de Mount Argus, o seu Superior observou: "O povo já o
declarou santo".
Papa Bento XVI –
Homilia de Canonização - 03 de junho de
2007
Os autênticos santos são
imitadores de Cristo e, são Carlos Houben, foi um desses. Assim nos diz
Pierluigi de Eugenio: “passou a vida abençoando, curando e
perdoando. Sempre disposto e amável. Pobre entre os pobres, fez de sua vida um
dom para os que sofrem. Todo de Deus, todo do próximo. Os necessitados de alma
e de corpo não o deixavam repousar nem um momento. Profundamente dedicado à
família religiosa e à pátria, trabalhou por muitíssimos anos a fio por uma e
por outra, encontrando nos que sofrem a seus próprios irmãos e na terra da
Irlanda sua própria pátria”.
João André nasce em
Munstergeleene, Holanda, em 11 de dezembro de 1829, sendo o quarto de dez
filhos em uma família de posses. Cresce em inteligência, idade e graça. Seu
irmão José dirá dele: “conhecia somente dois caminhos: o da igreja e o da
escola”. Cedo nasce no coração do jovem o desejo de ser sacerdote. Conhece os
Passionistas, há pouco tempo chegados à Holanda trazidos pelo padre Domingo
Barberi e, aos 24 anos, no dia 05 de novembro de 1845, entre no noviciado em
Ere, Bélgica, e veste o hábito adotando o nome de “Carlos”.
Durante o noviciado foi
irrepreensível. Este é o testemunho de um de seus companheiros: “me sentia
muito edificado diante de sua grande santidade. Era exemplar, cheio de fé e de
piedade, pontual, observante das regras, simples, amável e caráter doce. Sua
piedade e sua natural alegria lhe ganhavam o afeto de todos”. Em 21 de dezembro
de 1850 é ordenado sacerdote. Em 1852 é enviado à Inglaterra onde estavam os
Passionistas há cerca de 10 anos. Carlos não regressará mais à Holanda, nem
voltará a ver mais seus familiares. Sua mãe havia morrido há cerca de oito anos
e seu pai há dois.
Passará mais de quarenta
anos de sua vida nas ilhas britânicas. Se estabelece primeiro em Aston, na
Inglaterra, onde se dedica aos imigrantes irlandeses que levam a cabo um duro
trabalho nas minas. Esta experiência será útil em sua próxima permanência na Irlanda.
Se doa completamente a eles, se interessa por seus problemas e por sua saúde.
Conforta-os, ajuda-os, cuida de suas doenças físicas e morais, enquanto
continua trabalhando a favor da congregação e da Igreja.
Em 1857 o transferem para a
Irlanda, em Dublin/Mount Argus, aonde os Passionistas chegaram havia pouco
tempo. Devem ser construídos o convento e a igreja. O padre Carlos se revela
providencial. O povo irlandês que o havia visto a seu lado com tanta solicitude
se mostra generoso. Constrói-se um convento e uma bela igreja dedicada a são
Paulo da Cruz. Padre Carlos, sem sabê-lo, prepara seu próprio santuário.
Carlos não será nunca um
grande pregador, sobretudo pela dificuldade com a língua, porém, passa horas e
horas no confessionário, assiste aos moribundos, abençoa os enfermos com a
relíquia de são Paulo da Cruz. Acompanham a benção belas e emocionantes orações
compostas por ele mesmo. Recebe a fama de taumaturgo. Cada dia, cerca de trezentas
pessoas, provenientes de todas as partes da Irlanda, da Inglaterra, da Escócia
e até da América acorrem a ele atraídos pela fama de sua santidade. Encontram
um coração compassivo, disponível e terno. Médicos e enfermeiros de Dublin,
frente a casos desesperados, aconselhavam chamar ao padre Carlos e Carlos
acudia às casas e aos hospitais, levando quase sempre o dom de uma cura
inesperada e sempre uma sensação de serenidade. Com amor preparava os
moribundos para o grande passo, ajoelhado em oração, ao lado de seus leitos.
Para fazê-lo descansar um pouco, os superiores várias vezes o mudam de
convento, porém, depois o fazem regressar a Dublin.
Na comunidade era exemplar,
cheio de fé e de piedade, simples e afável, de uma amabilidade angelical. Não
obstante as ocupações, passa largo tempo em adoração diante do tabernáculo.
Diversas vezes o encontram em êxtase, especialmente durante a Santa Missa. Às
vezes o acólito se vê obrigado a sacudi-lo para que prossiga a celebração.
Nos últimos anos de sua vida
sofre muito por causa de uma gangrena em uma perna e outros males. Suporta a
enfermidade com paciência continuando a desenvolver seu apostolado. Cada dia
continua a subir e descer uma escadaria de 59 degraus, dezenas de vezes ao dia,
para receber as pessoas que vem a ele.
Morre serenamente em 05 de
janeiro de 1993. Por cinco dias, antes da sepultura, recebe honras fúnebres
dignas de um rei, com gente proveniente de toda a Irlanda.
Foi beatificado por João
Paulo II em 16 de outubro de 1988, fazendo oficial reconhecimento da santidade
do padre Carlos que já em vida era chamado por todos de “o santo de Mount
Argus” e foi canonizado por Bento XVII em 03 de junho de 2007.
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