Pedro Donders,
nascido no início do século passado nos Países Baixos, passou grande parte da
sua vida em Suriname, onde anunciou o Evangelho aos escravos, aos negros e aos
índios. É conhecido sobretudo pela cura
espiritual e corporal dos leprosos, de modo a ser chamado, com razão, o
apóstolos dos leprosos.
Podemos dizer
que foi um apóstolo dos pobres. De fato nasceu numa família pobre e teve de
levar vida de operário antes de poder seguir a sua vocação sacerdotal. Consagrou
toda a sua vida de sacerdote aos pobres.
Ele é também
um convite e um estímulo à renovação e ao reflorescimento do impulso
missionário que, no século passado e neste século, deu um contributo
excepcional à realização do dever missionário da Igreja. Tendo-se associado, em
idade mais avançada, a Congregação do Santíssimo Redentor, praticou de modo
excelente o que Santo Afonso propôs como ideal dos seus religiosos: imitar as
virtudes e os exemplos do Redentor, anunciando aos pobres a Palavra Divina. Ele
mostrou, através da sua vida; que o anúncio da Boa Nova da redenção, da
libertação do pecado, deve encontrar sustento e confirmação numa autêntica vida
evangélica, de concreto amor do próximo, sobretudo para com os mais pequenos
irmãos em Cristo.
João
Paulo II – Homilia de Beatificação – 23 de maio de 1982
Pedro
Donders nasceu em Tilburg na Holanda no dia 27 de outubro de 1809. Filho dos
tecelões Denis Arnold e Petronella, viveu junto com seu irmão as dificuldades
próprias da época e de suas condições financeiras, tendo de abandonar os
estudos para ajudar aos pais no sustento da casa.
Desde
os 5 anos tem o desejo de ser padre. Brincava com seus colegas de infância e
ajudava os pais nos trabalhos da casa e como tecelão. Costuma rezar durante o
serviço e cada dia ia também rezar na igreja. Como jovem dava aulas de
catecismo as crianças.
Já havia sido
rejeitado nos seminários de outras congregações por sua condição física, mas
seu coração aspirava ao sacerdócio, e só pôde dar seguimento após ser admitido,
com a ajuda de seu pároco W. De Vem, em um seminário como empregado e a partir
daí aprofundar os conhecimentos e estudar teologia. Em 1839, durante seus
estudos, tomou conhecimento da visita do Prefeito Apostólico da Guiana
Holandesa que buscava voluntários para ir em missão em sua região. De pronto,
Pedro se prontificou e após sua ordenação que aconteceu no dia 05 de junho de
1841, ele foi em missão para a cidade de Paramaribo a qual chegou no dia 16 de
setembro.
Pedro dedicou
integralmente seu tempo e forças na evangelização, empreendendo longas jornadas
de catequese juntos às crianças e visitas nas plantações junto aos escravos. Lá
podia catequiza-los e administrar os sacramentos. Registros históricos narram
sobre a atuação de Pedro: “Não só
crianças mas muitos adultos vinham ouvir as lições do padre Pedrinho. Uma
escrava, Mathilde Dundas, veio também para ouvi-lo. Ela ficou tão tocada por
sua catequese que foi batizada em segredo”.
No
ano 1850, contava-se cerca de 1.200 convertidos e batizados na região. Em 1856,
o Papa pede que os missionários redentoristas assumam a missão junto aos leprosos
no Suriname, de modo especial na região da Batávia. Pedro então faz sua
consagração na Congregação no dia 24 de junho de 1867.
Ele
se apaixona pelos leprosos e pelo lugar, mesmo diante da miséria encontrada.
Donders escreveu sobre a construção de casas: “Os pobres leprosos vindos de
diferentes fazendas, enviados para Batávia porque contaminados, começam a
construir casas, em forma de cabana, todas com o mesmo tipo de palha para
cobrir, parecendo mais chiqueiro de porco sobretudo por dentro, do que casas
para pessoas humanas”.
Trabalhou
incansavelmente, junto aos leprosos que nas condições mais miseráveis eram
acolhidos e cuidados. Pedro conseguiu dar-lhes dignidade em sua enfermidade e
melhorou suas condições graças a intensa atividade pastoral.
No
fim da sua vida, Padre Pedro sente suas forças diminuírem; tem febres
frequentes, os joelhos já não ajudam a caminhar, a ajoelhar-se. A isto ele diz: “Isto
vem por si, e também vai embora por si mesmo”. No último dia de 1866
ele sofre fortes dores nos rins. Os medicamentos não aliviam a dor. A situação
vai piorando, Padre Pedro não reclama; somente diz: “Seja feita a vontade de Deus. Em
tudo seja feita a vontade Dele”. Vitimado por uma insuficiência renal,
faleceu no dia 14 de janeiro de 1887.
Foi
beatificado pelo Papa João Paulo II em 23 de maio de 1982.
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