Em oração, com o
ânimo recolhido e comovido, subimos com Jesus ao Calvário e meditamos o seu
sofrimento, tornando a descobrir como é profundo o amor que Ele teve e tem por
nós. Mas, neste momento, não queremos limitar-nos a uma compaixão simplesmente
ditada pelo nosso sentimento frágil; queremos antes de tudo sentir-nos
participantes do sofrimento de Jesus, queremos acompanhar o nosso mestre
compartilhando a sua Paixão na nossa vida, na vida da Igreja, pela vida do
mundo; porque sabemos que é justamente na Cruz do Senhor, no amor sem limites
que doa totalmente a si mesmo, que está a fonte da graça, da libertação, da
paz, da salvação.
Os textos, as
meditações e as orações deste dia nos ajudam a contemplar este mistério da
Paixão a fim de aprender a imensa lição de amor que Deus nos deu na Cruz, para
que nasça em nós um renovado desejo de converter o nosso coração, vivendo a
cada dia no amor, a única força capaz de mudar o mundo.
Contemplamos Jesus
com seu rosto cheio de dor, escarnecido, ultrajado, desfigurado pelo pecado do
homem; amanhã de noite, o contemplaremos com sua face cheia de alegria,
radiante e luminosa.
Desde que Jesus
desceu ao sepulcro, a tumba e a morte não são mais lugares sem esperança, onde
a história se fecha no fracasso mais absoluto, onde o homem toca o limite
extremo da sua impotência. A Sexta-feira
Santa é o dia da esperança que é maior; aquela que amadureceu na Cruz
enquanto Jesus exalava o último suspiro, gritando com grande voz: “Pai, em tuas mãos entrego o meu
espírito”.
Entregando a sua
existência “doada” nas mãos do Pai, Ele sabe que a sua morte torna-se fonte de
vida, como a semente na terra que deve romper-se para que a planta possa
nascer: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão
de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto”. Jesus é o grão de trigo que
cai na terra, despedaça-se, rompe-se, morre e por isso pode produzir fruto. Na Cruz, já brilha o esplendor vitorioso da
alvorada do dia de Páscoa.
Concedei-nos, Senhor,
carregar com amor a nossa cruz, as nossas cruzes diárias, na certeza de que
estas são iluminadas do fulgor da vossa Páscoa. Amém.
Papa Bento XVI – 02 de
abril de 2010
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