Hoje, no meio da
Semana Santa, a liturgia nos apresenta um episódio triste: a história da
traição de Judas, que vai até os líderes do Sinédrio para mercantilizar e
entregar a eles o seu Mestre. “Que me
dareis se vos entregar Jesus?”. Cristo, nesse momento, tem um preço. Este
ato dramático marca o início da Paixão de Cristo, um caminho doloroso que Ele
escolhe com liberdade absoluta.
Ele mesmo diz
claramente: “Eu dou a minha vida…
Ninguém a tira de mim; eu a dou por mim mesmo. Eu tenho poder para entregá-la e
autoridade para tomá-la novamente”. E assim, com essa traição, começa o
caminho da humilhação, da espoliação de Jesus. Como se ele estivesse no
mercado: isso custa trinta moedas de prata… Uma vez no caminho da humilhação e
da desapropriação, Jesus o percorre até o fim.
Jesus chega à
humilhação completa com a “morte de cruz”. Trata-se da pior morte, pois era
reservada para escravos e criminosos. Jesus era considerado um profeta, mas
morre como um criminoso. Olhando para Ele em Sua Paixão, como podemos ver em um
espelho os sofrimentos da humanidade, encontramos a resposta divina para o
mistério do mal, da dor, da morte. Tantas vezes, sentimos horror pelo mal e a
dor que nos rodeia, e perguntamos: “Por que Deus permite isso?”. É uma ferida
profunda para nós ver o sofrimento e a morte, especialmente o a dos inocentes!
Quando vemos crianças sofrendo, é uma ferida para o coração, é o mistério do
mal. Jesus toma todo esse mal, todo esse sofrimento sobre si mesmo. Nesta semana,
será bom olhar para o crucifixo, beijar as feridas de Jesus, beijá-Lo no
crucifixo. Ele tomou sobre si todo o sofrimento humano e se revestiu desse
sofrimento.
Esperamos que Deus,
em Sua onipotência, derrote a injustiça, o mal, o pecado e o sofrimento com uma
vitória divina triunfante. Em vez disso, Deus nos mostra uma vitória humilde
que parece humanamente um fracasso. Podemos dizer que Ele vence no fracasso. O
Filho de Deus, de fato, parece na cruz um homem derrotado: sofre, é traído, caluniado
e, por fim, morre. Mas Jesus permite que o mal esteja sobre Ele;
assim, o toma para si e o vence. Sua Paixão não é um acidente; sua morte –
aquela morte – foi “escrita”. Realmente, não encontramos muitas
explicações. É um mistério desconcertante, o mistério da grande humildade de
Deus: “Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho único”.
Papa
Francisco – 16 de abril de 2016
Hoje celebramos:
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