A liturgia
deste domingo convida-nos a despir dos valores efêmeros e egoístas a que, às
vezes, damos uma importância excessiva e a realizar uma revolução da nossa
mentalidade, de forma a que os valores fundamentais que marcam a nossa vida
sejam os valores do “Reino”.
Na primeira
leitura, o profeta Isaías apresenta um enviado do Senhor, da descendência de
David, sobre quem repousa a plenitude do Espírito de Deus; a sua missão será
construir um reino de justiça e de paz sem fim, de onde estarão definitivamente
banidas as divisões, as desarmonias, os conflitos.
No Evangelho,
João Batista anuncia que a concretização desse “Reino” está muito próxima… Mas,
para que o “Reino” se torne realidade viva no mundo, João convida os seus
contemporâneos a mudar a mentalidade, os valores, as atitudes, a fim de que nas
suas vidas haja lugar para essa proposta que está para chegar… “Aquele que vem”
(Jesus) vai propor aos homens um batismo “no Espírito Santo e no fogo” que os
tornará “filhos de Deus” e capazes de viver na dinâmica do “Reino”.
A questão
dominante que o Evangelho de hoje nos apresenta é a da conversão. Não é
possível acolher “aquele que vem” se o nosso coração estiver cheio de egoísmo,
de orgulho, de autossuficiência, de preocupação com os bens materiais… É
preciso, portanto, uma mudança da nossa mentalidade, dos nossos valores, dos
nossos comportamentos, das nossas atitudes, das nossas palavras; é preciso um
despojamento de tudo o que rouba espaço ao “Senhor que vem”. Estou disposto a
esta mudança, para que no meu coração haja lugar para Jesus? O que é que,
prioritariamente, deve mudar na minha vida?
A figura de
João Batista obriga-nos a questionar as nossas prioridades e valores
fundamentais. Ele não se apresenta bem vestido, pois a sua prioridade não é
brilhar em alguma festa famosa; não usa gravata e camisa de seda, pois a sua
prioridade não é impressionar os chefes ou mostrar que é um homem de sucesso em
termos de ganhos anuais; não petisca pratos delicados com molhos esquisitos e
nomes franceses, pois a sua prioridade não é a satisfação de apetites físicos; não
promete bem-estar e riqueza aos seus interlocutores, pois a sua prioridade não
é receber aplausos das massas; não busca o apoio da hierarquia civil ou
religiosa, pois a sua prioridade não é o triunfo, as honras, o poder… João Batista
é alguém para quem a prioridade é o anúncio do “Reino dos céus”.
Ora, o
“Reino” é despojamento, simplicidade, amor total, partilha, dom da vida… São
esses valores que ele procura anunciar, com palavras e com atitudes. E quanto a
mim, quais são os meus valores? Quais são as minhas prioridades? Os meus
valores são os valores do “Reino” ou são esses valores efêmeros e fúteis a que hoje
se dá tanta importância, mas que não trazem nada de duradouro e de verdadeiro à
vida dos homens?
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