segunda-feira, 4 de abril de 2016

Santo Isidoro de Sevilha



O irmão mais velho exigia muito da educação de Isidoro e este tinha que ser muito estudioso para chegar onde o irmão Leandro queria. Um dia Isidoro não aguentou. 

Frustrado pela incapacidade de aprender depressa como seu irmão queria Isidoro fugiu de casa. Mas apesar de escapar das vistas de seu irmão não escapou de seu próprio sentimento de falha e rejeição. 

Assim um dia prestando a atenção numa água que caia sobre uma rocha perto dele, observou que as gotas de água caiam repetidamente sem força na pedra, mas com o tempo iam aparecendo pequenos buracos na pedra (dai o ditado: água mole em pedra dura tanto bate até que fura).

Isidoro percebeu que se ele persistisse nos seus estudos um dia seria o que o irmão queria ou ainda melhor. Assim, ele voltou a casa e completou seus estudos.


Isidoro, o mais novo de quatro irmãos, nasceu em 560, em Sevilha. Seu pai, Severiano, era prefeito de Cartagena e comandava sua cidade dentro dos mais disciplinados preceitos católicos. A mãe, Teodora, educou todos os filhos igualmente nas regras do cristianismo. Como fruto, colheu a alegria de ter todos: Isidoro, Fulgêncio, Leandro e Florentina, elevados à veneração dos altares da Igreja. Seu irmão mais velho Leandro foi o seu predecessor na Sé de Sevilha enquanto o seu irmão Fulgêncio foi bispo de Astige. A sua irmã Florentina foi freira e geriu mais de 40 conventos e cerca de mil religiosas.

Isidoro começou a estudar a religião desde muito pequeno, tendo na figura do irmão mais velho, Leandro, o pai que falecera cedo. Diz a tradição que logo que ingressou na escola o menino tinha muitas dificuldades de aprendizagem, chegando a preocupar a família e os professores, mas rapidamente superou tudo com a ajuda da Providência Divina. Formou-se em Sevilha, onde, além do latim, ainda aprendeu grego e hebraico, e ordenou-se sacerdote. 

Tudo isso contribuiu muito para que trabalhasse na conversão dos visigodos arianos, a começar pelo próprio rei. Isidoro também foi o responsável pela conversão dos judeus espanhóis. Tornou-se arcebispo e sucedeu a seu irmão Leandro, em Sevilha, durante quase quatro décadas. Logo no início do seu bispado, Isidoro organizou núcleos escolares nas casas religiosas, que são considerados os embriões dos atuais seminários. Sua influência cultural foi muito grande, era possuidor de uma das maiores e mais bem abastecidas bibliotecas e seu exemplo levou muitas pessoas a dedicarem seus tempos livres ao estudo e às boas leituras.

Depois, retirou-se para um convento, onde poderia praticar suas obrigações religiosas e também se dedicar intensamente aos estudos. Por seus profundos conhecimentos, presidiu o II Concílio de Sevilha, em 619, e o IV Concílio de Toledo, em 633, do qual saíram leis muito importantes para a Igreja, de modo que a religiosidade se enraizou no país. Por isso foi chamado de "Pai dos Concílios" e "mestre da Igreja" da Idade Média.

Isidoro era tão dedicado à caridade que sua casa vivia cheia de mendigos e necessitados, isso todos os dias. No dia 4 de abril de 636, sentindo que a morte estava se aproximando, dividiu seus bens com os pobres, publicamente pediu perdão para os seus pecados, recebeu pela última vez a eucaristia e, orando aos pés do altar, ali morreu.

Ele nos deixou uma obra escrita sobre cultura, filosofia e teologia considerada a mais valorosa do século VII. Homem de ação e de pensamento, Isidoro escreveu Etimologias, em 20 volumes, uma síntese de todo o saber antigo até o seu tempo. Obra monumental que é considerada a primeira Enciclopédia, já baseada num sistema de organização de base de dados, como a que estrutura hoje a Internet. Não por outro motivo foi indicado pelo Vaticano, em 1999, padroeiro da rede e de seus usuários.


Escreveu também, um livro com a biografia dos principais homens e mulheres da Bíblia, regras para mosteiros e conventos, além de muitos comentários acerca de cada um dos livros da Bíblia, estudo que mais lhe agradava.

Dante Alighieri cita Isidoro de Sevilha em seu livro A divina comédia, no capítulo do Paraíso, onde vê "brilhar o espírito ardente" nesse teólogo. Em 1722, o papa Bento XIV proclamou santo Isidoro de Sevilha doutor da Igreja, e seu culto litúrgico confirmado para o dia de sua morte.

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