«O Senhor
assistiu-me e deu-me forças» (2 Tm 4, 17). Estas palavras do Apóstolo a Timóteo bem se
aplicam ao Padre Zeferino Agostini o qual, embora entre inúmeras dificuldades, jamais perdeu a coragem. Ele
é-nos apresentado hoje como humilde e firme testemunha do Evangelho no fecundo
período da Igreja de Verona nos meados do século XIX. Sólida foi a sua fé,
eficaz a sua ação caritativa e ardente o espírito sacerdotal que o distinguiu.
O amor do Senhor impeliu-o no seu apostolado voltado para os mais
pobres, e em particular para a educação cristã das jovenzinhas, especialmente
as mais necessitadas. Ele compreendeu bem a importância da mulher como
protagonista do saneamento da sociedade, nos seus papéis de educadora para os
valores da liberdade, da honestidade e da caridade.
Recomendava às Ursulinas, suas filhas espirituais: «As meninas pobres sejam o mais caro objeto
dos vossos cuidados, das vossas atenções. Sensibilizai as suas mentes, educai
para a virtude o seu coração, salvai as suas almas do funesto contato do mundo
perverso» (Scritti alle Orsoline, 289). Possa o seu exemplo constituir um
válido encorajamento para quantos hoje o honram como Beato e o invocam como
protetor.
Papa João Paulo
II - Homilia de Beatificação – 25 de outubro de 1988
Zeferino
Agostini nasceu em Verona, Itália, no dia 24 de Setembro de 1813. Terminados os
estudos teológicos no Seminário diocesano, recebeu a Ordenação sacerdotal a 11
de Março de 1837, tendo iniciado o seu ministério como Vigário cooperador na
Paróquia dos Santos Nazário e Celso e Assistente do Oratório dos jovens e da
catequese.
Em 1845 assumiu
a função de pároco da vasta paróquia dos Santos Nazário e Celso, cargo que o
Padre Agostini exerceu durante 51 anos com incansável dedicação, empenhando-se
na própria santificação e no trabalho pastoral em favor das almas. No decorrer
desses anos não faltaram momentos difíceis e dolorosos, tais como aqueles das
três guerras (1848, 1859 e 1866), quando se dedicou ao cuidado dos feridos e,
em 1855, também dos afetados pela epidemia da cólera.
A sua vida
sacerdotal caracterizou- se ainda como fundador, não por uma opção programada
mas devido a uma série de circunstâncias, que o levaram a realizar um desígnio
de Deus. De fato, para ter uma ajuda na ação pastoral, especialmente para a
população feminina, recorreu a institutos religiosos já existentes, como o das
Filhas da Caridade Canossianas. Mas não obteve muito sucesso nesta tentativa, e
então dispôs-se a aceitar e acolher as ocasiões que lhe foram apresentadas para
levar avante o trabalho pastoral em prol da promoção da juventude feminina. A
partir do Oratório para as jovens, por ele animado com o ideal de Santa Angela
Mérici, surgiu um grupo de colaboradoras para a Escola da caridade para as
jovens. A partir de 1860 algumas dessas colaboradoras iniciaram uma vida em
comunidade, e o Padre Zeferino Agostini confiou-as aos cuidados das Irmãs de
Maria Menina.
Somente mais
tarde, em 1869, amadureceu a convicção de sustentar a obra e de lhe dar uma
fisionomia, inspirando-se em Santa Angela Mérici. Nesse ano ele foi encarregado
de reconstituir na diocese a «Companhia de Santa Úrsula » e neste âmbito
empenhou-se também em formar um pequeno grupo de jovens que tinham resolvido viver
em comum e auxiliar no apostolado paroquial. Esta pequenina semente germinou
pouco a pouco, e dela surgiu a Congregação
das Irmãs Ursulinas Filhas de Maria Imaculada, com o encargo de serem
apóstolas na específica missão de fazer
«todo o bem possível» ao próximo e em particular às jovens.
A missão de
fundador não diminuiu a sua figura de pároco zeloso, mas comportou uma série de
problemas econômicos e maiores empenhos. Continuou a dedicar-se ao ministério
paroquial, aprimorando-se na obra de catequese, de assistência caritativa e de
formação para a vida cristã. Inúmeras foram as suas instruções e pregações,
documentadas nos seus manuscritos que testemunham o zelo pela Palavra de Deus e
a orientação na vida espiritual de todos, sobretudo dos seminaristas e
sacerdotes que a ele recorriam para os exercícios espirituais. O Padre Zeferino
faleceu no dia 6 de Abril de 1896, deixando um exemplo a ser seguido e um patrimônio
espiritual a ser difundido.
Por tudo isto, o Padre Agostini, sacerdote por vocação, pároco por
missão, fundador pela providencial ocasião, oferece um exemplo admirável de
vida sacerdotal, de apostolado paroquial e de orientador ao serviço do bem das
suas filhas espirituais.
Hoje, a
Congregação das Irmãs Ursulinas Filhas de Maria Imaculada estão difundidas em
várias dioceses da Itália, em Madagáscar, na Suíça e na América Latina,
salientando-se o seu trabalho no Uruguai (1965), no Brasil (1979) em muitas
dioceses do Rio Grande do Sul, do Mato Grosso e do Paraná, e ultimamente no
Paraguai (1992), dedicando-se com fidelidade à vivência do próprio carisma
inspirado em Santa Angela Mérici e na intuição providencial do Padre Zeferino
Agostini, para o bem da juventude feminina.
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