Nºs 22 a 29
O Senhor entregou o
seu espírito numa cruz, quando tinha pouco mais de 30 anos de idade. É
importante tomar consciência de que Jesus foi um jovem. Deu a sua vida numa
fase que hoje se define como a dum jovem adulto. Em plena juventude, começou a
sua missão pública e, assim, brilhou uma grande luz, sobretudo quando levou até
ao extremo o dom da sua vida.
O Evangelho não fala
da meninice de Jesus, mas conta-nos alguns fatos da sua adolescência e
juventude. Mateus coloca este período da juventude do Senhor entre dois
episódios: o regresso da sua família a Nazaré, depois do tempo de exílio, e o
seu batismo no Jordão, onde começou a sua missão pública. As últimas imagens de
Jesus menino são a dum pequeno refugiado no Egito e, depois, a dum repatriado
em Nazaré. As primeiras imagens de Jesus, jovem adulto, são as que o apresentam
na multidão ao pé do rio Jordão, para ser batizado pelo primo João Batista,
como qualquer um do seu povo.
Aquele batismo não
era como o nosso, que nos introduz na vida da graça, mas foi uma consagração
antes de começar a grande missão da sua vida. O Evangelho diz que o seu batismo
foi motivo de júbilo e comprazimento do Pai: Tu és o meu Filho muito amado. Imediatamente Jesus apareceu cheio
do Espírito Santo e foi levado pelo Espírito ao deserto. Cada jovem, quando se
sente chamado a cumprir uma missão nesta terra, é convidado a reconhecer dentro
de si as mesmas palavras que Deus Pai dissera a Jesus: Tu és o meu filho muito amado.
No intervalo entre
estes dois episódios, aparece um que mostra Jesus em plena adolescência: quando
regressou para Nazaré com seus pais, depois que estes O perderam e
reencontraram no Templo. Em Nazaré, diz o texto que Jesus era-lhes submisso, pois não tinha rejeitado a sua família.
Então Lucas acrescenta que Jesus crescia
em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens. São João
Paulo II explicou que não crescia apenas fisicamente, mas houve em Jesus também
um crescimento espiritual, porque a plenitude de graça em Jesus era relativa à
idade: havia sempre plenitude, mas uma plenitude crescente com o crescer da
idade.
Com base nestes dados
evangélicos, podemos afirmar que Jesus, na sua fase juvenil, foi-Se formando,
foi-Se preparando para realizar o projeto que o Pai tinha. A sua adolescência e
juventude orientaram-No para esta missão suprema.
Na adolescência e
juventude, a sua relação com o Pai era a do Filho muito amado; atraído pelo
Pai, crescia ocupando-Se das coisas d’Ele: Não
sabíeis que devia estar em casa de meu Pai? Mas, não devemos pensar que
Jesus fosse um adolescente solitário ou um jovem fechado em si mesmo. A sua
relação com as pessoas era a dum jovem que compartilhava a vida inteira duma
família bem integrada na aldeia. Aprendera o ofício do pai e, depois,
substituiu-o como carpinteiro. Por isso no Evangelho, uma vez, é chamado o
filho do carpinteiro e, outra, simplesmente o carpinteiro. Este detalhe mostra
que era um rapaz da aldeia como os outros, relacionando-Se com toda a
normalidade. Ninguém O considerava um jovem estranho ou separado dos outros.
Por isso mesmo, quando Jesus começou a pregar, as pessoas não sabiam explicar
donde Lhe vinha aquela sabedoria: Não é
este o filho de José?
A verdade é que Jesus
também não cresceu numa relação fechada e exclusiva com Maria e José, mas de
bom grado movia-Se na família alargada, onde encontrava os parentes e os amigos.
Assim se compreende que, ao regressar da peregrinação a Jerusalém, os pais
estivessem tranquilos pensando que aquele adolescente de doze anos, Se movia
livremente entre as pessoas a ponto de não O verem durante um dia inteiro: pensando que Ele Se encontrava na caravana,
fizeram um dia de viagem. Graças à confiança que n’Ele depositam seus pais,
Jesus move-Se livremente e aprende a caminhar com todos os outros.
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