domingo, 3 de fevereiro de 2019

03 de fevereiro - Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. Lc 4,24


Meditemos sobre o trecho evangélico que nos diz, nenhum profeta é bem aceite pelo seu povo, que o viu crescer. Com efeito, depois de Jesus, com quase trinta anos, ter deixado Nazaré e já há algum tempo pregava e fazia curas noutras partes, regressou uma vez à sua terra e pôs-se a ensinar na sinagoga. Os seus concidadãos ficaram admirados pela sua sabedoria e, conhecendo-o como o filho de Maria, o carpinteiro que viveu no meio deles, em vez de o receber com fé ficaram escandalizados com Ele.

Este fato é compreensível, porque a familiaridade a nível humano torna difícil ir além e abrir-se à dimensão divina. Eles têm dificuldade de acreditar que este Filho de um carpinteiro seja Filho de Deus. O próprio Jesus dá como exemplo a experiência dos profetas de Israel, que precisamente na sua pátria tinham sido objeto de desprezo, e identifica-se com eles. Devido a este fechamento espiritual, Jesus não pôde realizar em Nazaré milagre algum. Apenas curou alguns enfermos, impondo-lhes as mãos. Com efeito, os milagres de Cristo não são uma exibição de poder, mas sinais de amor de Deus, que se realiza onde encontra a fé do homem na reciprocidade. Escreve Orígenes: Do mesmo modo que para os corpos existe uma atração natural da parte de uns para com os outros, como o ferro atrai o íman... também tal fé exerce uma atração sobre o poder divino.

Portanto, parece que Jesus se resigna ao mau acolhimento que encontra em Nazaré. Ao contrário, no final da narração encontramos uma observação que diz precisamente o contrário. Escreve o Evangelista que Jesus se admira com a incredulidade deles. À admiração dos cidadãos, que se escandalizam, corresponde a maravilha de Jesus. Também Ele, num certo sentido, se escandaliza! Não obstante saiba que profeta algum é bem aceite na pátria, todavia o fechamento do coração do seu povo permanece para Ele obscuro, impenetrável: como é possível que não reconheçam a luz da Verdade? Por que não se abrem à bondade de Deus, que quis partilhar a nossa humanidade? Com efeito, o homem Jesus de Nazaré é a transparência de Deus, n’Ele Deus habita plenamente. E enquanto nós procuramos sempre outros sinais, outros prodígios, não nos apercebemos de que o verdadeiro Sinal é Ele, Deus feito carne, é Ele o maior milagre do universo: todo o amor de Deus contido num coração humano, num rosto de homem.

Papa Bento XVI – 08 de julho de 2012

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