O Bem-Aventurado Padre Mariano não fez
milagres quando era vivo, nem realizou ações extraordinárias, mas levou uma
vida aparentemente comum na enorme e dinâmica cidade de São Paulo, um santo
"admirável e imitável", ao gosto do bondoso povo brasileiro.
Em sua vida podemos apreciar uma autêntica heroicidade, aquela que tem o amor
como motor, até nas mínimas ações.
No
aconchego de uma família eminentemente cristã, na localidade de Barrio de la
Puebla, Espanha, no dia 31 de dezembro de 1905, nasceu o menino Mariano. Os
pais, Manuel e Martina, foram educando e formando a consciência do filho
Mariano e dos outros sete irmãos (três homens e quatro mulheres), semeando com
a palavra e o testemunho de uma vida autenticamente cristã, a semente da fé e
do amor, que seriam depois a essência da vida daquele menino. Nesse ambiente
familiar e cristão, não foi difícil surgir a vocação para a vida sacerdotal e
religiosa agostiniana; vocação ainda reforçada pelo incentivo dos outros três
irmãos, que também tinham abraçado a Ordem Agostiniana.
Em
1921, ingressou no seminário agostiniano de Valladolid, Espanha, completando
assim o marco agostiniano mais precioso daquela família abençoada. Em 25 de
julho de 1930 é ordenado Sacerdote. Estava pronto para iniciar a sua missão e
coroar sua vocação de modo definitivo. Padre Mariano era sacerdote e
agostiniano. Estava preparado para os grandes desafios que a obediência deveria
encomendar-lhe na Espanha e, a partir do dia 21 de agosto de 1931, em terras
brasileiras.
No
Brasil atuou na paróquia de Taquaritinga. Em 1933, foi transferido para o
Colégio de Santo Agostinho, em São Paulo, onde foi professor, secretário e
ecônomo. Entre 1945 e 1948, foi superior da Vice-Província Agostiniana do
Brasil. Em 1949, foi para o Colégio de Engenheiro Schmidt, sendo diretor por
três anos e professor e conselheiro da Vice-Província até 1960. A seguir,
transferiu-se novamente para o Colégio de Santo Agostinho, em São Paulo, onde
permaneceu até o fim da vida.
O
exemplo dos tios sacerdotes e religiosos penetrou no mais íntimo dos lares das
quatro irmãs, de tal maneira que, anos depois, também três sobrinhos e três
sobrinhas abraçariam a vida religiosa agostiniana. Como gostava o Padre Mariano de viver intensamente essa feliz realidade
agostiniana, que tanto enriquecia e unia aquelas quatro famílias!
Para
os sobrinhos, o Padre Mariano era o "tio". Assim o chamavam com muito
carinho. Dois deles acompanhariam os últimos momentos da sua vida aqui na
terra, vindos da Colômbia e do Peru, onde realizavam o seu trabalho pastoral e
missionário, como religioso e religiosa agostinianos.
A
natureza contagiava Padre Mariano. O seu divertimento eram o cultivo e o
cuidado das plantas e das flores. Falava com elas, acariciava as suas folhas,
emocionava-se diante delas. Cada planta, mesmo a mais raquítica e menos
vistosa, para nós sem valor, era para Padre Mariano uma exaltação da beleza da
criação. Tinha o seu jardim no terraço do Colégio. Permanecia ali nos seus
momentos de relaxamento. Essa sensibilidade adquiria uma dimensão portentosa
quando se tratava da família, dos amigos, dos ex-alunos, dos sofredores, dos
mais necessitados. É difícil esquecer aquele momento, quando recém-operado de
catarata em Belo Horizonte, em visita realizada à igreja, emocionado exclamou
ao ver a imagem de Nossa Senhora da Consolação: "Estou vendo as suas
cores". Acolhia com alegria, entregava-se com generosidade,
acompanhava com espírito samaritano, servia com o coração aberto. Possuía um
coração verdadeiramente sensível. Os
seus grandes amores eram: a Eucaristia, Nossa Senhora, as crianças, os pobres,
os enfermos. As suas maiores paixões: a natureza, a família, as oficinas de
Santa Rita de Cássia, as vocações agostinianas.
De
caráter firme, mas generoso, espontâneo, desprendido e muito sensível diante da
dor; de talante samaritano e autêntico servidor, Padre Mariano terá a sua vida marcada pelo amor aos que sofrem.
Verdadeiro mensageiro do amor, levará aos doentes o conforto da sua presença e
da sua palavra de esperança. Não importavam as deficiências auditivas e
visuais que o acompanharam durante muitos anos da sua vida. O amor era mais forte, a caridade o
impelia, "a morte não espera" dizia, a solidão aumenta a dor. Sem
preocupações de horários, Padre Mariano saía pela cidade de São Paulo, com o
seu "fusca", sem pensar em riscos, enfrentando desafios, mas animado
por uma alegria interior e levando um raio de esperança aos doentes e aos que
precisavam do seu amor, assim como o incentivo da sua presença e da sua palavra
às Associadas das Oficinas de Caridade de Santa Rita de Cássia.
Verdadeiro mensageiro do amor, alegrou
muitos lares, confortou muitas vidas, foi portador de esperança para muitos
desanimados. Sua maneira de falar e sua figura austera, o carinho que colocava
no que realizava e o sacrifício da sua vida, transformada num contínuo ato de
amor, fizeram de Padre Mariano um autêntico apóstolo da caridade.
Os
doentes eram o seu ponto forte: uma necessidade de um doente antepunha-se a
tudo. Nunca tinha preguiça para deixar o que quer que fosse, de dia e de noite,
para atender os doentes. Ao saber que numa família havia algum doente, lá
estava ele a confortar o enfermo e os familiares. Era muito conhecido no
Hospital do Câncer, por exemplo. A sua presença lá era um bálsamo, onde levava
a comunhão e os demais sacramentos. Gozava já a fama de santo, assemelhando-se
a Cristo, semeando coragem e entrega total a Deus.
Como
Cristo, Padre Mariano foi o cordeiro levado ao matadouro e imolado, sem se
queixar, sem murmurar, crucificado no seu leito de dor. Numa tarde de 1983, Padre Mariano sentou-se numa escada do Colégio, fato absolutamente inusitado para quem
mantinha sempre uma postura composta, sem afetação.
Perguntado
por que ele se sentara ali, respondeu: "Estou sentindo como se um gato me
arranhasse o estômago..." Era o câncer.
Aceitou
e suportou a doença com grande resignação. Sofria grandes dores, mas
esquecia-se de si, para preocupar- se apenas com os outros doentes do Hospital
do Câncer, onde fora internado. Apesar dos atrozes sofrimentos, conservava uma
constante alegria. Seus gestos de amor para com os visitantes, o pessoal de
serviço e os demais enfermos, eram causa de admiração para todos eles. Faleceu
no dia 5 de abril de 1983.
O milagre para a beatificação
No dia 26 de abril de 1996, João Paulo Polotto, de
seis anos de idade, aluno do colégio agostiniano de São José do Rio Preto (SP),
foi atropelado por um caminhão
que o projetou a vários metros de distância. Sofreu fratura no
osso parietal direito e lesão na base do osso temporal esquerdo. Seu estado era gravíssimo, com sangramentos na região do ouvido esquerdo, nariz e boca. O médico, Dr. Odérzio Marcato, constatou também um afundamento do crânio. João Paulo entrou no hospital de Jaú (SP) com o diagnóstico de traumatismo crânio encefálico grave, paralisia esquerda, batimentos cardíacos lentos, respiração vagarosa até parar, globo ocular projetado para a frente.
que o projetou a vários metros de distância. Sofreu fratura no
osso parietal direito e lesão na base do osso temporal esquerdo. Seu estado era gravíssimo, com sangramentos na região do ouvido esquerdo, nariz e boca. O médico, Dr. Odérzio Marcato, constatou também um afundamento do crânio. João Paulo entrou no hospital de Jaú (SP) com o diagnóstico de traumatismo crânio encefálico grave, paralisia esquerda, batimentos cardíacos lentos, respiração vagarosa até parar, globo ocular projetado para a frente.
Enfim, estava em estado de coma. Alguns minutos após
o acidente, os padres do Colégio agostiniano
e vários familiares começaram a pedir a intercessão do Padre
Mariano, para obter o estabelecimento do menino. E este se recuperou
tão rapidamente que, dez dias depois, o médico que o tinha atendido no hospital foi visitá-lo e o encontrou perfeito, brincando com os colegas, andando de patins, sem nenhuma sequela do trágico desastre, como se nada tivesse acontecido.
tão rapidamente que, dez dias depois, o médico que o tinha atendido no hospital foi visitá-lo e o encontrou perfeito, brincando com os colegas, andando de patins, sem nenhuma sequela do trágico desastre, como se nada tivesse acontecido.
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