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Num tempo em que o sofrimento dos escravos era ignorado por todos, ele dedicou sua vida para servi-los:
Carta de 31 de maio de 1627
Evangelizar
os pobres, sarar os corações atribulados, proclamar a redenção dos cativos
Ontem, 30 de Maio deste ano de 1627, festa da Santíssima Trindade, saíram de uma grande nau muitos negros trazidos das margens dos rios de África. Fomos ter com eles, levando dois cestos de laranjas, limões, bolachas e outras coisas, e dirigimo-nos para as suas barracas. Parecia que entrávamos noutra Guiné.
Tivemos de atravessar por entre grande multidão até chegar aos doentes, que eram muito numerosos e estavam deitados no chão úmido e lamacento. Alguém se lembrou de o entulhar com fragmentos de telhas e tijolos para diminuir a umidade. Tal era a cama destes infelizes, que além disso estavam nus, sem qualquer roupa que os protegesse. Tiramos as nossas capas e fomos buscar tábuas para fazer um estrado. Depois, forçando o caminho por entre os guardas, para ali transportamos os doentes. Em seguida distribuímo-los em dois grupos: de um grupo encarregou se o meu companheiro com um intérprete; do outro encarreguei-me eu.
Entre eles havia dois quase a morrer: estavam frios e mal se lhes sentia o pulso. Levamos brasas numa telha para junto dos moribundos, deitamos perfumes nas brasas, até esvaziar duas sacas que tínhamos trazido. Depois, cobrindo-os com as nossas capas – pois eles nada tinham com que se cobrir e não podíamos perder tempo a pedir roupas aos seus senhores – conseguimos que fizessem uma inalação daqueles vapores e recuperassem o calor e a respiração. Era de ver a alegria com que nos olhavam! Assim lhes falamos, não com palavras mas com obras; e na verdade, estando eles persuadidos de que tinham sido trazidos para ali a fim de serem comidos, de nada teriam servido outros discursos. Sentamo-nos depois, ou ajoelhamo-nos junto deles, lavamos seus rostos e seus corpos com vinho, procurando alegrá-los com carinho e fazer lhes o que naturalmente se faz para levantar o moral dos doentes.
Depois tratamos de os preparar para o Batismo. Explicamos lhes os admiráveis efeitos deste sacramento para o corpo e para a alma. E quando, respondendo às nossas perguntas, deram mostras de terem compreendido, passamos a um ensino mais completo sobre um só Deus que premia ou castiga segundo os merecimentos de cada um, etc. Exortamo-los a fazer o ato de contrição e a manifestar o arrependimento dos pecados que tivessem cometido, etc.
Finalmente, quando já pareciam suficientemente preparados, falamos dos mistérios da Santíssima Trindade, da Encarnação e da Paixão; e, mostrando lhes num quadro a imagem de Cristo crucificado sobre uma pia batismal, para a qual correm os rios de sangue provenientes das chagas de Cristo, rezamos com eles, na sua língua, o ato de contrição
Ontem, 30 de Maio deste ano de 1627, festa da Santíssima Trindade, saíram de uma grande nau muitos negros trazidos das margens dos rios de África. Fomos ter com eles, levando dois cestos de laranjas, limões, bolachas e outras coisas, e dirigimo-nos para as suas barracas. Parecia que entrávamos noutra Guiné.
Tivemos de atravessar por entre grande multidão até chegar aos doentes, que eram muito numerosos e estavam deitados no chão úmido e lamacento. Alguém se lembrou de o entulhar com fragmentos de telhas e tijolos para diminuir a umidade. Tal era a cama destes infelizes, que além disso estavam nus, sem qualquer roupa que os protegesse. Tiramos as nossas capas e fomos buscar tábuas para fazer um estrado. Depois, forçando o caminho por entre os guardas, para ali transportamos os doentes. Em seguida distribuímo-los em dois grupos: de um grupo encarregou se o meu companheiro com um intérprete; do outro encarreguei-me eu.
Entre eles havia dois quase a morrer: estavam frios e mal se lhes sentia o pulso. Levamos brasas numa telha para junto dos moribundos, deitamos perfumes nas brasas, até esvaziar duas sacas que tínhamos trazido. Depois, cobrindo-os com as nossas capas – pois eles nada tinham com que se cobrir e não podíamos perder tempo a pedir roupas aos seus senhores – conseguimos que fizessem uma inalação daqueles vapores e recuperassem o calor e a respiração. Era de ver a alegria com que nos olhavam! Assim lhes falamos, não com palavras mas com obras; e na verdade, estando eles persuadidos de que tinham sido trazidos para ali a fim de serem comidos, de nada teriam servido outros discursos. Sentamo-nos depois, ou ajoelhamo-nos junto deles, lavamos seus rostos e seus corpos com vinho, procurando alegrá-los com carinho e fazer lhes o que naturalmente se faz para levantar o moral dos doentes.
Depois tratamos de os preparar para o Batismo. Explicamos lhes os admiráveis efeitos deste sacramento para o corpo e para a alma. E quando, respondendo às nossas perguntas, deram mostras de terem compreendido, passamos a um ensino mais completo sobre um só Deus que premia ou castiga segundo os merecimentos de cada um, etc. Exortamo-los a fazer o ato de contrição e a manifestar o arrependimento dos pecados que tivessem cometido, etc.
Finalmente, quando já pareciam suficientemente preparados, falamos dos mistérios da Santíssima Trindade, da Encarnação e da Paixão; e, mostrando lhes num quadro a imagem de Cristo crucificado sobre uma pia batismal, para a qual correm os rios de sangue provenientes das chagas de Cristo, rezamos com eles, na sua língua, o ato de contrição
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