São Marcos, ou João Marcos
hebreu de origem, da tribo de Levi, foi um dos primeiros discípulos de São
Pedro, que na festa de Pentecostes receberam o santo Batismo das mãos do
Apóstolo, razão talvez, de Pedro em sua primeira epístola o chamar “seu filho”.
(I Pedro 5,13).
Os atos
dos Apóstolos (12,12) mencionam a mãe de Marcos, Maria, proprietária
de uma casa em Jerusalém, onde os cristãos realizavam suas reuniões. Alguns
autores reconhecem Marcos como o parente de Barnabé, e quem, bem moço
ainda, se associou com São Paulo na primeira viagem apostólica e, terminada
esta, por divergências entre eles, voltou para Jerusalém. Na segunda viagem paulina não o vemos ao
lado do apóstolo. (At. 15, 3).
Mais tarde, porém, foi
companheiro de São Paulo na primeira prisão em Roma (Filem. 4); pelo mesmo
apóstolo foi mandado aos Colossenses (Col. 4, 10).
Pela segunda vez preso em
Roma, Paulo o chamou para junto de si. (2. Tim. 4, 11.) Seu apostolado é
intimamente ligado também ao de São Paulo, em Roma, onde desenvolveu com tanto
zelo as atividade apostólicos, que seu Chefe desejou tê-lo sempre em sua
companhia.
Em Roma teve Marcos o prazer
de ver os belos frutos, que a pregação do príncipe dos Apóstolos produzira,
crescendo dia por dia o número dos que pediam o santo Batismo.
Durante sua ausência, São
Pedro confiou a Marcos a vigilância sobre a jovem Igreja.
Atendendo ao insistente
pedido dos primeiros cristãos de Roma, de deixar-lhes um documento escrito, que
contivesse tudo que da boca de Pedro ouviram da vida, da doutrina, dos milagres e da morte de Jesus Cristo, Marcos escreveu o Evangelho que lhe traz o
seu nome.
Dos quatro Evangelhos o mais
curto e por assim dizer, o mais incompleto; não contém a história da Infância
de Cristo, nem o sermão da montanha. São Pedro leu-o aprovou-o e recomendou aos
cristãos que dele fizessem a leitura.
Depois de ter passado alguns
anos em Roma, Marcos pregou o Evangelho na ilha de Chipre, no Egito e nos
países vizinhos. As conversões produzidas por esta pregação contavam-se aos milhares.
Milhares de ídolos ruíram
por terra, e nos lugares dos templos se ergueram igrejas cristãs. O Egito, antes um país entregue à idolatria, tornou-se teatro da mais alta perfeição
cristã e refúgio de muitos eremitas.
Marcos trabalhou 19 anos em
Alexandria, onde a Igreja chegou a um estado de extraordinário esplendor.
Não satisfeitos com a
observância de tudo aquilo que o Evangelho apresentava como indispensável,
muitos cristãos observavam do modo mais perfeito os conselhos evangélicos,
abstendo-se, a exemplo do mestre, do uso da carne e do vinho e distribuindo os
bens entre os pobres. Inúmeros eram aqueles que viviam em perfeita castidade. O
número dos cristãos cresceu de tal maneira, que para todos terem ocasião de
assistir ao santo sacrifício da Missa e à pregação, foi necessária destacar um
número de casas bem grande onde se pudessem reunir.
Tão grande prosperidade da
causa do Senhor não podia deixar de inquietar e irritar os sacerdotes pagãos
contra o grande Apóstolo. Marcos, sabendo que os inimigos seus e de Cristo estavam conspirando contra sua vida, e, prevendo uma generalização da
perseguição, na qual muitos cristãos poderiam não ter a força de perseverar na
fé, deu à Igreja de Alexandria um novo bispo, na pessoa de Aniano, e
ausentou-se da cidade.
Dois anos durou essa
ausência. Ao voltar, havia uma grande festa, que os pagãos celebravam em honra
do deus Serapis. A maior homenagem que podiam render à divindade havia de ser —
assim opinavam os idólatras — a oferta da vida do Galileu: por este nome era
conhecido o grande evangelista.
Imediatamente se puseram a
caminho em busca de Marcos. A eles se uniram muitas pessoas. Descobrir-lhe
paradeiro e penetrar na casa que hospedava, foi obra de minutos.
Marcos estava celebrando os
santos mistérios, quando a horda sequiosa do seu sangue, entrou. Prenderam-no
e, com muita brutalidade, conduziram-no pelas ruas da cidade. O trajeto todo
ficou marcado do sangue do Mártir.
Marcos não opôs resistência;
ao contrário, deu louvor a Deus por ter sido achado digno de sofrer pelo nome
de Cristo.
Na noite seguinte
apareceu-lhe um anjo e disse-lhe: “Marcos, Servo de Deus, teu nome está
escrito no livro da vida, e tua memória jamais se apagará. Os Arcanjos receberão
em paz teu espírito”.
Além desta teve a aparição
de Deus Nosso Senhor, da maneira por que muitas vezes o tinha visto durante a
vida mortal e disse-lhe:
“Marcos, a paz seja contigo”. Estas, como as palavras do Anjo, encheram a alma do
Mártir de grande consolo e ânimo.
O dia seguinte, 25 de abril, foi o dia do martírio. Os
pagãos maltrataram-no de um modo tal que morreu no meio das crueldades. As
últimas palavras que proferiu foram: “Em vossas mãos encomendo o meu
espírito”.
Os pagãos quiseram queimar
seu corpo. Uma fortíssima tempestade, que sobreveio, frustrou-lhes os planos e
forneceu aos cristãos, ocasião de tirar o corpo e dar lhe honesta sepultura,
numa rocha em Bucoles.
Em 815 foram as relíquias de São Marcos transportadas para Veneza, onde ainda
se acham.
O leão é o símbolo deste
evangelista, que inicia seu Evangelho com estas palavras: “Voz daquele que
clama no deserto: Preparai os caminhos do Senhor”.
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