quarta-feira, 12 de abril de 2017

12 de abril - São José Moscati


Hoje, a Igreja nos convida para a mesa da Palavra de Deus, para reler, à sua luz, a maior e última vocação de cada um de nós. Em particular, cada um de vós, queridos irmãos e irmãs, que ao longo dos últimos dias e semanas têm sido, em certo sentido, protagonistas do grande trabalho do Sínodo Mundial dos Bispos referente aos leigos.

A Igreja coloca diante de seus olhos a figura de um homem, que elevado à glória dos altares nesta canonização solene,  diz a todos os leigos na Igreja:

"Considere. . . tua vocação "(1 Cor 1, 26)!
O homem que agora invocamos como um santo da Igreja universal, é-nos apresentado como uma implementação concreta do ideal do leigo cristão.

José Moscati, médico, pesquisador distinto, professor universitário da fisiologia humana e química fisiológica, viveu suas múltiplas tarefas com todo o empenho e seriedade que o exercício destas profissões leigas delicados requer.
Deste ponto de vista, Moscati é um exemplo não só para admirar, mas para imitar, especialmente por parte dos profissionais de saúde: médicos, enfermeiras e enfermeiros, voluntários, e aqueles que, direta ou indiretamente, estão empenhados em cuidar dos doentes no vasto mundo da saúde e cuidados de saúde. Ele também se destaca como um exemplo para aqueles que não compartilham sua fé.

No entanto, foi esta fé que concedeu seu tamanho comprometimento e qualidade, o leigo típico e autenticamente cristão. Graças a ela os aspectos profissionais em sua vida, harmoniosamente complementada, apoiaram-se mutuamente, para serem vividos como uma resposta a uma vocação, e, portanto, como uma parceria planejada pelo criador e redentor.
Por natureza e por vocação, Moscati era antes de tudo um médico que trata de: responder às necessidades dos homens e seu sofrimento era para ele uma necessidade indispensável e urgente. A dor do doente veio a ele como o grito de um irmão que, um outro irmão, o médico, teve que acorrer com o ardor do amor. O motivo de sua atividade como médico, portanto, não foi o único dever profissional, mas a consciência de ter sido colocado por Deus no mundo a operar de acordo com o plano, para levar, em seguida, com o amor, o alívio que a ciência médica oferece para diminuir a dor e restaurar a saúde.

Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 25 de outubro de 1987

José Moscati foi um leigo, médico, professor universitário, pesquisador, que se tornou santo através do exercício da sua  profissão. Via os pacientes como irmãos que dele esperavam não somente o alívio do corpo, mas também o incentivo espiritual. Nos Hospitais e em seu consultório, procurava estar sempre em dia com a ciência a fim de melhor servir aos enfermos.

Quando julgava o valor da consulta elevado demais, restituía a metade, ou mais do que isto, aos seus pacientes. Do mais necessitados não cobrava honorários, dizendo que o importante era curá-los. Na sala de espera do seu consultório havia um cesto onde os clientes podiam depositar o preço da consulta. Certo dia, pouco após a guerra, apareceu-lhe  um homem que estivera na frente de batalha. Após o atendimento, perguntou o paciente ao médico:
“Quanto lhe devo, professor?”
O doutor sorriu:
“Pensa, antes do mais, em ficar bom. Se podes, coloca no cesto o que queres, mas, se precisas, tira aquilo que te é necessário”.
Não raro era Moscati quem pagava aos seus doentes: alguns destes encontravam uma quantia em notas debaixo do travesseiro; outros, dentro do envelope portador da  receita… Eram proverbiais as suas iniciativas neste particular, de modo que Moscati morreu pobre.

Beatificado por Paulo VI em 1975, foi canonizado em 1987, por ocasião do Sínodo Mundial dos Bispos referente aos Leigos. São José Moscati é um testemunho de como, no mundo de hoje e no exercício de uma profissão, pode o cristão santificar-se, tornando-se herói de  virtudes, que em vida valeram a Moscati o título de “Médico santo”.

José Moscati, nasceu aos 1880 em Benevento  (Itália), de família verdadeiramente cristã.
Desde 1884 a família morou em Nápoles, onde também Giuseppe viveu e morreu. Fez os estudos de Humanidades em Nápoles, onde entrou para a Faculdade de Medicina em outubro de 1897, com dezessete anos de  idade.
Dedicou-se ardorosamente  ao estudo e à prática da Medicina, procurando sempre atualizar os seus conhecimentos. Conseguiu o Doutorado em Medicina aos 23 anos. Poucos meses depois, prestou concurso para trabalhar nos Hospitais de Nápoles; já o seu saber científico surpreendia os examinadores.

A convite do Governo italiano, viajou para diversos países da Europa a fim de participar de Congressos. Morreu com a fama de sábio e santo aos 12/041927. Com efeito; aos 12 de abril de 1927, após a Santa Missa e a Comunhão, o Professor Moscati voltou à casa e preparou-se para seguir para o Hospital. Depois de fatigosa manhã de  trabalho, dispôs-se a enfrentar a  habitual fila de clientes em seu ambulatório. Mas às 15 horas retirou-se para um quarto, dizendo:
Estou-me sentindo mal”.
Sentou-se numa poltrona, cruzou os braços sobre o peito, reclinou a cabeça, e, sem uma palavra, expirou. Tinha  47 anos de idade.
Verificou-se a profecia de sua mãe quando ele lhe comunicou que queria ser médico:
“Para aliviar os sofrimentos dos outros, José se tornará mártir.

Algumas palavra de José Moscati:

Em suas notas pessoais, encontra-se o seguinte depoimento:
“Quando rapaz, eu olhava com interesse para o Hospital dos Incuráveis, que meu pai apontava à distância, ou seja, do terraço de casa; isto me inspirava sentimentos de compaixão pela indizível dor dos enfermos, que naquele recinto procuravam alívio. Uma salutar perturbação me acometia e eu  começava a pensar na caducidade de todas as coisas e as ilusões se dissipavam, como caíam as flores dos laranjais que me  cercavam”.

O papel do médico, Moscati o descreveu em carta dirigida a um seu aluno recém-formado:
“Lembra-te de que, segundo a  Medicina, assumiste a responsabilidade de uma sublime missão. Persevera, com Deus no coração…, com amor e compaixão para com os que são abandonados, com fé e entusiasmo, surdo aos louvores e às críticas, insensíveis à inveja, disposto unicamente à prática do bem”.

Assim escreveu ele num pedaço de papel encontrado entre outros documentos:
“Seja a  dor considerada não como uma oscilação ou uma contração muscular, e sim como o grito de uma alma, de  um irmão, ao qual outro irmão, o médico acode com o calor do amor  ou a caridade”.

 Em carta escrita a um médico, seu ex-aluno, pode-se ler:
“Recorda-te de que te deves ocupar não apenas com o corpo, mas também com as almas”.

Outro escrito de Moscati:
“O médico acha-se em posição privilegiada, pois freqüentemente está diante de pessoas que, apesar dos seus erros  passados, estão dispostos a voltar aos bons  princípios herdados de seus antepassados; estão ansiosas por encontrar apoio premidas pela dor. Feliz o médico que sabe compreender o mistério desses corações e inflamá-los novamente!”

“Felizes nós, médicos, muitas vezes incapazes de debelar uma doença! Felizes nós, se nos lembramos de que, além dos corpos, temos  diante de nós almas imortais,… em relação às quais urge o  preceito evangélico de amá-las como a nós mesmos”.

“Os doentes são a imagem de Jesus Cristo e aos atribulados são os diletos e preferidos de Deus”.

O homem de Deus
Os seus costumes irrepreensíveis e a sua piedade valiam-lhe zombarias de muitos, que o acusavam de louco de “maníaco religioso”, pois não o podiam atacar no plano científico e profissional. Moscati não fazia caso disso. Encontra-se mesmo em suas Notas particulares a seguinte norma:

“Ama a Verdade. Mostra-te como és, sem disfarces e sem fingimento. E, se a Verdade te custar a perseguição, aceita-a; e, se te acarretar tormentos suporta-os. E, se por causa  da Verdade tivesses que sacrificar a  ti e a tua vida, sê forte no sacrifício”.

O segredo dessa nobreza de caráter era a vida interior, a união com Deus cultivadas por Moscati. Começava o dia dirigindo-se, muito cedo, à igreja de Gesù Nuovo, onde recebia a Santa Eucaristia. As suas Notas pessoais revelam que ele sabia falar a Cristo com a simplicidade de uma criança, exprimindo-lhe quanto experimentava em sua alma. Quando tinha um pouco de lazer, passava muito tempo na igreja em oração e adoração.

José Moscati abraçou, à luz da fé, “a sublime profissão de médico”, que ele considerava um serviço de amor apostólico e um culto prestado a Deus na pessoa dos irmãos sofredores. Durante a sua breve existência terrestre, cuidou de milhares de pessoas, para as quais foi instrumento de recuperação da saúde; os seus contemporâneos pareciam entrever em sua pessoa e em seu modo de agir um aceno à bondade do próprio Deus.


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