Catarina Tekakwitha nasceu no que hoje é o Estado de Nova Iorque, em 1656, filha de pai
Mohawk e de mãe Algoquin cristã, que lhe transmitiu a fé no Deus vivo. Foi
batizada aos 20 anos de idade, para escapar da perseguição, se refugiou na
Missão São Francisco Xavier, perto de Montreal. Ali ela trabalhou, fiel às
tradições culturais do seu povo, embora renunciando as convicções religiosas
deste, até a sua morte com 24 anos. Levando uma vida simples, Catarina permaneceu
fiel ao seu amor por Jesus, à oração e à Missa diária. O seu maior desejo era
saber e fazer aquilo que agradava a Deus.
Catarina impressiona-nos pela
ação da graça na sua vida, carente de apoios externos, e pela firmeza na sua
vocação tão particular na sua cultura. Nela, fé e cultura se enriqueceram mutuamente!
Possa o seu exemplo nos ajudar a viver lá onde nos encontremos, sem renunciar
àquilo que somos, amando a Jesus! Santa Catarinai, protetora do Canadá e primeira
santa ameríndia, nós te confiamos a renovação da fé entre os povos
nativos e em
toda a América do Norte! Que Deus abençoe os povos nativos!
Santa Catarina Tekakwitha é a primeira americana nativa canonizada. Ela nos dá o testemunho de que a semente do amor de Deus plantada no coração de uma criança dá fruto e fruto em abundância.
No ano de 1655, uma jovem
índia foi capturada durante uma invasão dos Iroqueses. Seu nome era Kahenta.
Nascera Algonquin e fora convertida pelos padres jesuítas. Levada para o
território dos Mohawks, ela se casou com um chefe Mohawk pagão, que a salvara das
torturas e morte, destino de muitos cativos. A aldeia dos Mohawks ficava em
Ossernenon, ao longo da margem sul do Rio Mohawk, próximo da atual Auriesville,
Estado de Nova York.
No ano de 1656, nasceu a
pequena Tekakwitha, “a que põe as coisas em ordem”, e tempos
depois seu irmãozinho. Tekakwitha tinha mais ou menos quatro anos quando uma
epidemia de varíola exterminou muitos habitantes da aldeia, entre eles seus
pais e irmão. A pequena sobreviveu, mas a doença deixou marcas em seu rosto,
sua visão é afetada e sua saúde se ressentiria para sempre. Tendo ficado órfã,
seu tio, o novo chefe da aldeia, a adotou.
Após a epidemia, a aldeia
foi abandonada e os sobreviventes construíram um novo povoado chamado
Caughnawaga, há umas cinco milhas de distância.
Embora sua mãe tivesse sido
batizada, Tekakwitha não o fora, mas ela era católica no fundo da alma. Ela
sentia muita solidão, em parte devido à sua pouca visão e à sua aparência, mas
também porque percebia o que tinha de errado na vida dos Mohawks. Ela era uma
criança doce e tímida. Ajudava suas tias a trabalhar no campo, onde cultivavam
milho, feijão e abóbora; cuidava da tenda em que viviam. Apesar de sua visão
deficiente, ela também se tornou muito hábil no trabalho com contas.
Talvez devido às marcas em
seu rosto, ela não gostava de danças e celebrações. As torturas brutais de
prisioneiros era algo em que toda a aldeia participava com entusiasmo, mas
Tekakwitha não podia ver os sofrimentos impingidos às vítimas e permanecia
sozinha em sua tenda.
Os Iroqueses foram vencidos
pelos Franceses quando ela tinha em torno de dez anos. Um tratado de paz foi
assinado, que permitia aos padres jesuítas a ida às aldeias Mohawks. Embora
contra a oposição da sua tribo, da sua família e especialmente de seu tio,
Tekakwitha com freqüência encontrava-se com os padres que vinham à aldeia e
aprendia tudo que podia sobre Deus.
No ano de 1670,
a Missão de São Pedro foi estabelecida na aldeia Caughnawaga e uma capela
foi construída em uma das tendas. Em 1674, o Padre James de Lamberville,
jesuíta missionário, chegou a Caughnawaga para cuidar da Missão de São Pedro.
Tekakwitha compreendia
apenas algumas coisas sobre a Fé pregada pelos missionários, mas havia nela um
grande desejo de aprender tudo que pudesse sobre o Catolicismo. Ela desejava
mais que tudo ser batizada e viver uma vida católica.
Seus tios têm outros planos
para ela: frustrados por suas contínuas recusas ao casamento, decidem
enganá-la. Uma noite, eles pedem que ela vista suas melhores roupas, pois
receberiam convidados. Eles chegaram: era um jovem e sua família. Os tios
fazem-no sentar-se ao lado de Tekakwitha e ordenam que ela sirva sopa ao rapaz.
Logo ela percebeu a trama: se ela oferecesse a ele a tigela, isto significaria que
ela aceitava o casamento. Ela atirou a sopa no fogo e correu para fora da tenda
em lágrimas, escondendo-se na plantação de milho até que os convidados tivessem
partido.
Um dia, o Padre Lamberville, embora sabendo da hostilidade de seu tio, seguiu um forte impulso
e foi visitá-la e ela revela o seu grande desejo de ser batizada. Vendo a
sinceridade da jovem, ele concordou em instruí-la. No dia 5 de
abril de 1676, com a idade de vinte anos, Tekakwitha foi batizada na pequena
capela da Missão, recebendo o nome de Kateri ou Catarina.
A família de Catarina não
aceitou sua escolha e passou a tratá-la como uma escrava; ela se tornou objeto
de crueldades por parte de seu povo. Quando ela ia para a capela ou para a
fonte, as crianças atiravam lama e pedras nela. Certa vez, quando se encontrava
sozinha na tenda, um homem entrou abruptamente, brandindo um grande porrete de
guerra e, dirigindo-se a ela, ameaça-a com a morte caso não renuncie à religião
dos Roupas Pretas (era assim que os índios designavam os missionários).
Catarina responde que ela preferia morrer a desistir de sua fé. Vendo-a tão
calma, com suas mãos cruzadas e sua cabeça curvada, o atacante subitamente
perde a coragem, larga o porrete e foge da tenda.
Em virtude das hostilidades
crescentes e porque ela desejava devotar sua vida a Deus, ela quer deixar
Caughnawaga. Havia uma outra aldeia com o nome de Missão de São Francisco
Xavier, em Sault St. Louis, próxima da colônia francesa de Montreal, uma
missão jesuítica no Canadá para índios convertidos que como Catarina não tinham
tranqüilidade nem segurança em suas aldeias. Uma antiga amiga de sua mãe,
Anastastia Tegonhatsiio, já tinha ido para lá, mas seu tio não a deixaria ir.
Em julho de 1677, o Padre de
Lamberville conseguiu que ela escapasse enquanto seu tio estava ausente numa
viagem de negócios. Com ela foram mais duas pessoas.
A viagem a pé, de mais de
dois meses, não foi muito fácil: além das 300 milhas por densas
florestas, vales profundos, rios e pântanos, seu tio, ao saber da fuga estava
ao seu encalço. Catarina e seus companheiros, entretanto, conseguem escapar.
Quando eles chegam ao Lago George, chamado na língua de Catarina, Andiarocte,
eles encontram uma canoa e atravessam os Lagos George e Champlain em direção ao
Canadá. Finalmente eles chegam sãos e salvos na aldeia da Missão; Catarina
corre para a capela para render graças a Deus.
Catarina recebeu a Primeira Comunhão no Natal do ano de 1677. Foi o dia mais feliz de sua vida. Ela tem
então um lema:
“Quem pode dizer-me o que
mais agrada a Deus, para que eu o faça?”
Embora não soubesse nem ler
nem escrever, ela se dedica a ajudar os outros. Tem uma vida plena de oração,
penitência, devotada a ensinar os mais jovens, a cuidar dos doentes e dos mais
idosos.
Era grande sua devoção a Mãe
de Deus. Seu Rosário estava sempre à mão e Nossa Senhora era o seu modelo. A
vida religiosa a atraia, mas os missionários negam-lhe permissão, pois ela só
tem três anos de conversão.
A 25 de março de 1679
Catarina tornou-se Esposa de Cristo: após a Sagrada Comunhão ela faz voto de
perpétua virgindade. Na mesma ocasião ela se oferece a Maria Santíssima como
filha.
Catarina e Maria Teresa
(Tegaiaguenta) tornaram-se grandes amigas e nesse ano de 1679 obtêm permissão
para começar um pequeno convento na Missão.
Como resultado de
tribulações e austeridades, algum tempo depois de ter feito os votos ela caiu
doente. Em breve está tão fraca, que não pode visitar a capela ou deixar o
leito. Durante meses ela suportou grandes dores e febre contínua, mas nunca
perdeu sua fé em Nosso Senhor Jesus Cristo e em Sua Mãe.
Na Quinta-feira da Semana
Santa, dia 17 de abril de 1680, por volta das quinze horas, ela expirou
pronunciando com grande dificuldade e dor: “Jesus, Maria, eu Vos amo!”
O Padre Pierre Cholenec, um
dos presentes no instante de sua morte, conta que,
“no momento de sua morte, a face de Catarina, tão
desfigurada em vida, quinze minutos após seu falecimento subitamente mudou e em
instantes tornou-se tão bela, que assim que eu vi isto (eu estava rezando ao
seu lado) eu dei um grito, fiquei tão aturdido, e mandei chamar o padre que
estava atendendo as cerimônias da Quinta-feira Santa”.
A devoção por Catarina
começou imediatamente. Antes de sua morte ela prometera, tal qual Santa Teresa
de Lisieux, que se lembraria dos seus amigos da Terra e que os ajudaria do Céu.
Ela logo cumpriu sua promessa: curas aconteciam quando ela era invocada ou
quando se usava sua relíquia.
O papa João Paulo II
nomeou-a padroeira da 17ª Jornada Mundial da Juventude realizada no Canadá, em
2002. Ao lado de são Francisco de Assis, a bem-aventurada Catarina Tekakwitha
foi honrada pela Igreja com o título de "Padroeira da Ecologia e do Meio
Ambiente". Foi Canonizada em 2012 pelo Papa Bento XVI.
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