"Os preceitos do
Senhor dão alegria".
Estas palavras do Salmo bem a experiência dos 120 mártires na China. Os
testemunhos que chegaram até nós deixam entrever neles um estado de espírito
marcado por uma profunda serenidade e alegria.
Hoje a Igreja agradece ao seu Senhor, que a abençoa e a imbui de luz com o
esplendor da santidade destes filhos e filhas da China. Não é porventura o Ano
Santo o momento mais oportuno para fazer resplandecer o seu testemunho heroico?
A
jovem Ana Wang, com catorze anos, resiste às ameaças do carnífice que a convida
a renegar e, dispondo-se à decapitação, declara com o rosto radiante:
"A porta do Céu está aberta a todos" e murmura três vezes
"Jesus".
E
Chi Zhuzi, com dezoito anos, grita destemido aos que acabavam de lhe cortar o
braço direito e se preparavam para o esfolar vivo: "Cada pedaço da minha carne,
cada gota do meu sangue vos repetirão que sou cristão".
Igual
convicção e alegria testemunharam os outros 85 chineses, homens e mulheres de
todas as idades e condições, sacerdotes, religiosos e leigos, que selaram a
própria indefectível fidelidade a Cristo e à Igreja com o dom da vida. Isto
aconteceu ao longo de vários séculos e em complexas e difíceis épocas da
história da China. Esta celebração não é a ocasião oportuna para formular
juízos sobre aqueles períodos históricos: poder-se-á e dever-se-á fazê-lo
noutra circunstância. Com esta solene proclamação de santidade, a Igreja só deseja reconhecer que
aqueles Mártires constituem um exemplo de coragem e de coerência para todos
nós e honram o nobre povo chinês.
Nesta
plêiade de Mártires resplandecem também 33 missionários e missionárias, que
deixaram a sua terra e procuraram introduzir-se na realidade chinesa, assumindo
com amor as suas características, no desejo de anunciar Cristo e de servir
aquele povo. Os seus túmulos estão lá, como que a significar a sua definitiva
pertença à China, que eles, apesar dos seus limites humanos, amaram com
sinceridade, despendendo por ela as suas energias. "Nunca fizemos mal a ninguém responde Dom Francisco Fogolla ao
governador que se prepara para o golpear com a espada. Ao contrário, fizemos o bem a muitos".
Papa
João Paulo II – Homilia de Canonização de 120 mártires chineses – 01 de outubro
de 2000
Dentre esses mártires estava o bispo Dom Antonio Fantosati.
Antonio
Fantosati nasceu em Santa Maria, em Perusa, Itália, no dia 16 de outubro de
1842. Ingressou na Ordem dos Frades Menores de São Francisco. Foi ordenado
sacerdote em 1865, aos 23 anos de idade. Pouco tempo depois partiu para a Hupe,
na China, chegando no dia 15 de dezembro de 1867. Sua primeira preocupação foi
aprender a língua local.
Partiu
então para Lao-ho-kow, local onde pregou e converteu durante 18 anos. Em 1878
fundou um orfanato para meninos abandonados ou órfãos.
Em
1888 faz uma breve visita à Itália e quando retorna à China é nomeado bispo de
Adana. Nesta época passou por muitas perseguições, quando mais de 20.000
Cristãos foram mortos.
Faleceu,
martirizado por um longo período, depois transpassado por uma barra de ferro
pontiaguda e por fim, jogado ao lado de um irmão de Fé num rio. Foram então
recolhidos do rio, queimados e suas cinza lançadas ao vento, era o ano de 1900.
Esta ação tinha por objetivo impedir que fossem feitas orações em seu túmulo e
proporcionar o seu esquecimento. Foi Canonizado em 01 de outubro de 2000, pelo
Papa João Paulo II.
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