"No
Evangelho proclamado nesta celebração nós escutamos: «Dou-vos um mandamento novo: [...] Assim como Eu vos amei, também vós
deveis amar-vos uns aos outros» (Jo 13,
34). A Madre Rita Dolores Pujalte e a Madre Francisca Aldea, que hoje são
elevadas à glória dos altares, seguiram Jesus fielmente, amando como Ele até ao
fim e padecendo a morte pela fé, em Julho de 1936.
Pertenciam
à comunidade do Colégio de Santa Susana, de Madrid, das Irmãs da Caridade do
Sagrado Coração, que haviam decidido permanecer no seu lugar apesar da
perseguição religiosa desencadeada naquela época, para não abandonar as órfãs
que eram por elas ali assistidas. Este heroico ato de amor e entrega abnegada
pelos irmãos custou a morte à Madre Rita e à Madre Francisca que, embora
estivessem enfermas e fossem idosas, foram capturadas e mortas a tiros. O
supremo mandamento do Senhor tinha-se arraigado profundamente nelas durante os
anos da sua consagração religiosa, vividos em fidelidade ao carisma da
Congregação. Elas alcançaram o martírio crescendo no amor pelos necessitados,
que não cede diante dos perigos e, se for necessário, não evita o derramamento
do próprio sangue. O seu exemplo constitui uma exortação a fim de que todos os
cristãos amem como Cristo ama, não obstante as grandes dificuldades."
Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação –
10 de maio de 1998
A Beata Rita Dolores Pujalte Sánchez nasceu em Aspe
(Alicante), no dia 18 de fevereiro de 1853, filha de Antônio Pujalte Anton e de
Luísa Sanchez Almodóvar, uma família cristã e abastada. Seus anos de infância e
adolescência foram marcados por forte religiosidade, dedicava-se à catequese e
às obras de caridade.
Em 1888 ingressou no Instituto das Irmãs da
Caridade do Sagrado Coração de Jesus, fundado em 1877 por Madre Isabel
Larrañaga, no qual desempenhou os cargos de mestra de noviças e de segunda
superiora, depois da Venerável fundadora. Fez sua profissão religiosa em 21 de
junho de 1890; tempos depois emitiu seus votos perpétuos.
Destacou-se pela solidez de sua fé, caridade,
espírito de oração e no trato humano. Com paciência suportou uma doença no
ocaso de sua vida e a cegueira, tendo sido ajudada até o fim pela Beata
Francisca Aldea Araujo, também ela religiosa da mesma Congregação, que fora
discípula de Madre Rita quando esta era mestra de noviças.
A Beata Francisca nasceu em 17 de dezembro de 1881
em Somolinos, província de Guadalajara. Atuou em diversos cargos no conselho
geral, fiel observante da regra, humilde, prudente, entregue ao trabalho e à
oração.
As duas religiosas tinham passado parte de suas
vidas no Colégio de Santa Susana e juntas saíram dele para percorrer um caminho
que as converteria em testemunhas de sua fé. O colégio ficava no Bairro das
Ventas, então uma das zonas suburbanas de Madrid. Este colégio acolhia, além
das religiosas, meninas pobres e órfãs. Embora a situação fosse extremamente
perigosa em meio a um ambiente geral de tensão, a comunidade optou por
permanecer no colégio para atender as meninas.
Madre Rita Dolores em várias ocasiões fora
convidada a deixar o colégio e procurar por um lugar mais seguro, mas segundo
sua lógica, ela perdia mais que ganhava e sempre recusava. Madre Francisca,
movida por sua caridade, se comprometeu a não abandoná-la, estando consciente
do risco que assumia.
No dia 20 de julho de 1936 o colégio foi assaltado
e alvo de tiroteio. Segundo testemunhas, tanto Rita Dolores como Francisca,
quando souberam que a chegada dos milicianos era eminente, se dirigiram para a
capela para preparar-se para o martírio; perdoaram antecipada e generosamente
seus verdugos e se dispuseram para a morte, que pressentiam certa, se colocando
nas mãos de Deus. “Coloquemo-nos em seus braços e que seja feita a sua santíssima vontade”,
disse Madre Rita Dolores.
Na
portaria, momentos antes de sair, recitaram o Credo na presença dos milicianos,
que as acompanharam até a casa de uma família conhecida.
Por volta
do meio-dia foram conduzidas violentamente para o interior de uma camioneta.
Elas foram levadas para Canillejas, um subúrbio da capital, e ali foram
fuziladas no mesmo dia, às 3:30 da tarde. Madre Rita tinha 83 anos e Madre
Francisca 55 anos.
Logo a fama de seu martírio foi divulgada.
Testemunhas presenciais se maravilharam com a serenidade de seus rostos e do
perfume que se desprendia de seus restos mortais. Por toda parte deixaram a
marca de santidade e de humildade. Foram coerentes até o fim no caminho escolhido
para fazer o bem ao próximo. Em 1940 seus corpos incorruptos foram encontrados
e exumados.
As Beatas Rita Dolores Pujalte Sánchez e Francisca
Aldea Araujo, foram beatificadas em 10 de maio de 1998 no Vaticano pelo Papa
João Paulo II.
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