quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Fragmentos de Cartas de São Francisco Xavier

(1506 – 1552)
Confiança em Deus:
- “Deixar de confiar em Deus seria uma coisa muito mais terrível do que qualquer mal físico” – (Carta sobre viagem marítima, ameaçada por tempestades e piratas, rumo a China).
 – “Tenho sempre na minha mente e ante os meus olhos algumas palavras que ouvi nosso padre Inácio repetir, que nós devemos nos esforçar muito para conquistar-nos a nós mesmos, e tirar de nossos corações qualquer medo ou ansiedade que possa impedir o crescimento da confiança em Deus.
  Há uma grande diferença, também, entre o homem que confia em Deus quando tem tudo o que precisa, e aquele que confia em Deus quando nada possui. Também, uma coisa é confiar em Deus quando a vida está segura, livre de perigos, e outra quando há perigo iminente de destruição. Penso que aqueles que vivem em perigo contínuo de morte chegarão a se cansar desta vida e desejar morrer para estarem sempre com Deus no Céu, porque nossa presente condição mortal é, na verdade, somente uma morte contínua, um exílio da glória para a qual fomos criados”  –  (Carta para jesuítas da Europa).

Como obter a humildade:
“Em todos os caminhos da vida procura e deseja ser humilhado e tratado como alguém sem importância alguma, porque sem a verdadeira humildade nunca conseguirá crescer espiritualmente ou ajudar o próximo, ser aprovado pelos santos, agradar a Deus ou perseverar nesta menor Companhia (os Jesuítas), a qual não pode tolerar homens orgulhosos e arrogantes, apegados às suas próprias opiniões e dignidade pessoal; pois tais pessoas nunca fazem bem ou ajudam outras pessoas” – (Carta a um noviço jesuíta).

Uma advertência:
“Cuidado com as pessoas que falam para você sobre suas necessidades físicas mais do que sobre suas necessidades espirituais” –  (Carta ao jesuíta Gaspar Berze).
não vivem portugueses, por a terra ser muitíssimo estéril e extremamente pobre. Os cristãos destes lugares, por não terem quem os instrua na nossa fé, somente sabem dizer que são cristãos. Não têm quem lhes diga Missa e, ainda menos, quem lhes ensine o Credo, o Pai-Nosso, a Ave-Maria e os Mandamentos.

Quando eu chegava a estas povoações, batizava todas as crianças por batizar. Desta forma, batizei uma grande multidão de meninos que não sabiam distinguir a mão direita da esquerda. Ao entrar nos povoados, as crianças não me deixavam rezar o Ofício divino, nem comer, nem dormir, e só queriam que lhes ensinasse algumas orações. Comecei então a saber por que é deles o reino dos Céus. Como seria ímpio negar-me a pedido tão santo, comecei pela confissão do Pai, do Filho e do Espírito Santo, pelo Credo, Pai-nosso, Ave-Maria, e assim os fui ensinando. Descobri neles grande inteligência. Se houvesse quem os instruísse na fé, tenho por certo que seriam bons cristãos.

Muitos deixam de se fazer cristãos nestas terras, por não haver quem se ocupe de tão santas obras. Muitas vezes me vem ao pensamento ir aos colégios da Europa, levantando a voz como homem que perdeu o juízo e, principalmente, à Universidade de Paris, falando na Sorbona aos que têm mais letras que vontade para se disporem a frutificar com elas.
Quantas almas deixam de ir à glória e vão ao inferno por negligência deles! E, se assim como vão estudando as letras, estudassem a conta que Deus Nosso Senhor lhes pedirá delas e do talento que lhes deu, muitos se moveriam a procurar, por meio dos Exercícios Espirituais, conhecer e sentir dentro de suas almas a vontade divina, conformando-se mais com ela do que com suas próprias afeições, dizendo: «Senhor, eis-me aqui; que quereis que eu faça? Mandai-me para onde quiserdes; e se for preciso, até mesmo para a Índia».


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