Depois de apenas 35 anos da
sua morte, a Igreja reconheceu a santidade da Irmã Maria Rosa, professa da
Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias de Cristo e proclama-a Beata.
Dos seus 55 anos de
existência, 27 foram vividos na solidão e no sofrimento de um sanatório. Dentro
desse claustro, não escolhido nem previsto, aconteceu-lhe de tudo: chorou e
sorriu, venceu a monotonia com a escuta e o amor, transformou o ordinário em
extraordinário, fez grandes as mínimas coisas. Lá o seu dom nutriu-se da dor, o
seu sorriso alimentou-se da doença e a sua felicidade de lágrimas. Livre e
grande, desde o início até ao fim, permaneceu-lhe o coração. E isto lhe foi
suficiente para voar alto, para sonhar o sol, transfigurar os seus dias e
inebriar-se de felicidade e, sem algum rumor, fazer-se santa.
Bruna Pellesi, a futura Irmã.
Maria Rosa, nasceu a 11 de Novembro de 1917, em Prignano sulla Secchia
(Itália). Desde o princípio, a vida doou-lhe beleza, elegância, bom humor,
doçura, alegria e muita paz. Aos 17 anos, chegou também o amor. A sua existência parecia ter tomado o
caminho da plena realização e da felicidade. O binômio amor-felicidade era o
sonho que perseguia com todo o seu entusiasmo. Mas deste mesmo sonho, Deus, com
toda a exuberância do seu amor, dispôs para ela de um modo inesperado. Parecia
que os dois sonhos se encontravam ou se chocavam, dois protagonistas, duas
realizações. Começou nela a luta "difícil e profunda" para os reconduzir
à unidade. Ouvia a voz do Senhor que a convidava a deixar tudo para O seguir.
Tratava-se de fazer as
contas com dois "galanteios", para decidir se, e por quem, se deixar
seduzir. No fim, tratou-se de uma escolha de êxito previsto, pois, em todo o
caso, teria sido um ceder ao amor e cair nos braços do amado.
Contudo, este novo amor
configurou-se como chamada e pressentimento de um misterioso dom. Bruna acabou
cedendo ao amor, àquele amor maior e que se sente com mais força. Com um sonho
a realizar, chegou à casa das Irmãs Franciscanas de Santo Onofre em Rímini. Por sugestão da própria Irmã
Maria Rosa, atualmente, aquelas irmãs chamam-se Irmãs Franciscanas Missionárias
de Cristo.
O coração faz as suas
escolhas sofridas, que só o amor maior consegue explicar e permite realizar. E
a Ir. Maria Rosa, aos 22 anos, sem hesitação, obedeceu a este imperativo
absoluto.
De 1940 a 1942 permaneceu em
formação. Foram os anos do silêncio e da fadiga, da sementeira e da
expectativa. O trabalho era interior, desenvolvido nas profundezas. Dessa
sementeira feita em profundidade e no escondimento, ver-se-iam os frutos mais
tarde. De fato, quando a tempestade da dor a surpreendeu, suportou o choque sem
esmorecer, perdendo algumas folhas, mas nunca a raiz e a serenidade.
No mês de Novembro de 1945,
entrou definitivamente no sanatório devido à tuberculose que a tinha
contagiado. Tinha apenas 27 anos: 22 dos quais transcorridos em família e 5 no
convento. Ela ainda não sabia, mas restavam-lhe exatamente outros 27, que
seriam vividos inteiramente no sanatório. A
sua vida, portanto, foi claramente dividida pela metade. Os primeiros 27 anos,
maravilhosos como os lírios do campo, foram um sonho e passaram rapidamente. Os
outros 27, pesados e intermináveis, entrelaçados do início ao fim com a doença,
serviram-lhe para se realizar.
Ambos
foram ligados pela mesma força: fazer a vontade de Deus e fazer-se santa a
qualquer preço. Este foi o tesouro que, com fadiga e sem
deixar ver, procurou, encontrou e conservou. Fê-lo entre lágrimas e sorrisos,
densas sombras e fendas de luz, às vezes suspensa entre o céu e a terra,
grandeza e pobreza, oscilando sem parar dos abismos aos cimos, mas sempre com
as mesmas invencíveis paixão e paciência.
Contudo,
o que é mais curioso em toda esta vicissitude é que a Beata Irmã Maria Rosa
passou a sua vida a falar de alegria, de paz, de serenidade, de amor e de felicidade
para descrever a sua experiência: sentia-se "quase atordoada de
alegria" por um "dom tão grande"; "não pude deixar de
chorar pensando na bondade misericordiosa de Deus"; a saúde era muito
precária, mas ela dizia "o meu coração canta e sou muito feliz!".
No dia 1 de Dezembro de
1972, Irmã Maria Rosa fechou os olhos para este mundo. Fechou-os na terra para
os abrir no céu. O seu sorriso celeste transfigurou a noite sem fim do calvário
na manhã do oitavo dia e no alvorecer da esperança!
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