Professora, encadernadora,
modista, jornalista eram as atividades que desempenhava Sara Schalkház, nascida
no dia 11 de Maio de 1899 em Kassa-kosice, na Hungria, quando fez o pedido para
entrar no Instituto das Irmãs da Assistência, uma congregação religiosa húngara
que atualmente é ativa também nos Estados Unidos, no Canadá, no México, em
Taiwan e nas Filipinas.
As religiosas da nova
Congregação (fundada em 1923 por Margit Schlachta e dedicada a causas
caritativas, sociais e em favor das mulheres) estavam relutantes em acolher
esta jornalista de sucesso e, inicialmente, enviaram-na para a Casa-Matriz, em
Budapeste. Dezesseis anos depois, ela tornou-se a primeira mártir da
Congregação.
Ao entrar em contato com as
Irmãs da Assistência, Sara sentiu uma forte chamada para se unir a elas. Através
de sua atividade intelectual, abriu-se à vocação e decidiu dedicar toda sua
vida ao serviço do próximo.
Em seu contato com os pobres, a irmã Sara
descobriu a extrema necessidade das mulheres na sociedade de então, mulheres
que eram obrigadas a trabalhar tendo inclusive a família para cuidar, que
viviam em plena dependência e miséria, muito frequente. Após uma resistência
inicial, parou de fumar com grande dificuldade, e foi admitida na Congregação
com a idade de 30 anos, em 1929. Escolheu como lema Isaías: "Eis-me aqui,
envia-me" (6, 8).
Foi enviada para Kassa, sua
cidade natal (que no fim da primeira guerra mundial tinha sido anexada à
Tchecoslováquia) a fim de organizar a obra caritativa católica. Depois, criou
uma publicação feminina católica, administrou uma livraria religiosa, dirigiu um
hospital para os pobres e lecionou.
Os Bispos da Tchecoslováquia
confiaram-lhe a organização do movimento nacional dos jovens.
Recebeu encargos sobre
encargos que a extenuaram física e espiritualmente. Num ano recebeu 15
diferentes encargos, desde cozinhar até lecionar no Centro de Formação Social.
Quando algumas noviças decidiram deixar a Congregação, Sara também considerou a
ideia de abandoná-la, em especial porque as suas Superioras não lhe teriam
permitido renovar os votos (consideravam-na indigna) nem vestir o hábito por um
ano. Embora estas decisões a tenham ferido profundamente, Sara aceitou e
permaneceu fiel à sua vocação por amor Daquele que a tinha chamado. Professou
os votos perpétuos em 1940.
Quando o partido
nacional-socialista húngaro adquiriu poder e começou a perseguir os judeus, as
Irmãs da Assistência ofereceram-lhes refúgio.
Margit Slachta, superiora geral da congregação,
prescreveu que em cada casa pertencente a sua Sociedade se escondessem as
mulheres perseguidas. Além disso, as estudantes dos internatos foram mandadas
para as suas casas, para ter lugar suficiente para as perseguidas.
As leis húngaras da época eximiam as pessoas de
origem judaica das conseqüências jurídicas desta pertença se eram membros de
uma congregação religiosa, ou se eram sacerdotes ou clérigos de uma igreja
cristã. Por isso, por exemplo, na cidade de Cluj, na atual Romênia, que também
pertenceu à Hungria, esta Sociedade tinha uma casa grande, onde não poucas
mulheres jovens estavam vestidas de religiosas para salvar a vida.
Temos muitos testemunhos deste tipo. Em outra casa
da Sociedade em Budapeste, até o último momento da ocupação nazista, havia
muitos escondidos, inclusive homens. Naturalmente, não estavam vestidos de
religiosas, mas eram ocultados em compartimentos sob o teto da casa e coisas
pelo estilo.
O assédio russo de Budapeste teve início no Natal
de 1944. No dia 27 de Dezembro, a Irmã Sara dirigia uma meditação com as suas
irmãs de hábito sobre o martírio, que para ela se tornou realidade naquele
mesmo dia. Era uma ação muito bem organizada e muito arriscada e, por isso, a
irmã Sara, em uma consagração solene, feita na capela da congregação, aqui em
Budapeste, se ofereceu como sacrifício da sociedade para salvar todas as
outras.
Com efeito, após sua morte, nenhuma outra religiosa foi assassinada nem pelos
nazistas nem pelos comunistas que vieram depois.
Antes do meio-dia, Irmã Sara
e outra religiosa voltavam para casa a pé e viram os soldados nazistas armados
diante da sua habitação. Irmã Sara podia fugir, mas decidiu que, sendo a diretora,
devia voltar para casa. Dez dos 150 refugiados naquela casa foram declarados
suspeitos e levados para o gueto.
Naquela noite, num porto do
Danúbio, foi fuzilado um grupo de pessoas, entre as quais estava a Irmã Sara.
Quando foram colocados em fila, ela ajoelhou-se e fez o sinal da cruz antes de
ser fuzilada.
Foi canonizada em 17 de
setembro de 2006
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