quinta-feira, 20 de agosto de 2015

São Bernardo de Claraval - Os Quatro Graus do Amor

Dizia São Bernardo que há quatro graus do amor humano:

"Nós somos carnais, nascidos na concupiscência da carne, donde se segue necessariamente que nosso amor, bem como nossa cupidez, começa pela carne. Porém, se este amor é bem dirigido, desenvolvendo-se progressivamente segundo seus graus, sob a ação da graça, ele atingirá sua perfeição no espírito, “pois não é o espiritual que precede, mas o que é animal: o espiritual vem em seguida”. (Cf. ICor 15,40)
a) Primeiramente o homem começa amando a si mesmo por si mesmo; pois sendo ele carne, está fora de condição de degustar o que quer que seja fora de si mesmo.
 
b) Em seguida, ao descobrir que não pode subsistir por si  só, ele começa a procurar a Deus na fé e a amá-lo. É o segundo grau: ama-se a Deus não por Ele mesmo, mas por causa de si.

c) À medida que a própria necessidade leva a conviver com Deus, a familiaridade com ele, em meditação, leitura, oração e obediência, termina por compreender a doçura do Senhor e começa a apreciá-lo. Atinge o terceiro grau, onde Deus é amado puramente por si próprio, embora não amado exclusivamente. Neste grau, permanece-se muito tempo: não sei se nesta vida, alguém pode alcançar a perfeição do quarto grau.

d) No quarto grau, o homem não se ama mais de forma alguma, senão em Deus. Que o afirmem os que o experimentam; quanto a mim, confesso que acredito ser impossível. Sem dúvida alguma, isto se verificará quando o servo bom e fiel for introduzido na alegria do seu Mestre, inebriado com a plenitude da Casa de Deus.
Então, esquecendo-se, ele próprio, de uma maneira admirável, voltar-se-á todo inteiro para Deus e, aderindo a ele para o futuro, não formará senão um só Espírito com Ele."

De diligendo Deo, XV, Les Plus beaux écrits de Saint Bernard.

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