"Nós somos carnais,
nascidos na concupiscência da carne, donde se segue necessariamente que nosso
amor, bem como nossa cupidez, começa pela carne. Porém, se este amor é bem
dirigido, desenvolvendo-se progressivamente segundo seus graus, sob a ação da
graça, ele atingirá sua perfeição no espírito, “pois não é o espiritual que
precede, mas o que é animal: o espiritual vem em seguida”. (Cf. ICor 15,40)
a)
Primeiramente o homem começa amando a si mesmo por si mesmo; pois sendo ele
carne, está fora de condição de degustar o que quer que seja fora de si mesmo.b) Em seguida, ao descobrir que não pode subsistir por si só, ele começa a procurar a Deus na fé e a amá-lo. É o segundo grau: ama-se a Deus não por Ele mesmo, mas por causa de si.
c) À medida que a própria necessidade leva a conviver com Deus, a familiaridade com ele, em meditação, leitura, oração e obediência, termina por compreender a doçura do Senhor e começa a apreciá-lo. Atinge o terceiro grau, onde Deus é amado puramente por si próprio, embora não amado exclusivamente. Neste grau, permanece-se muito tempo: não sei se nesta vida, alguém pode alcançar a perfeição do quarto grau.
d) No quarto
grau, o homem não se ama mais de forma alguma, senão em Deus. Que o afirmem os
que o experimentam; quanto a mim, confesso que acredito ser impossível. Sem dúvida
alguma, isto se verificará quando o servo bom e fiel for introduzido na alegria
do seu Mestre, inebriado com a plenitude da Casa de Deus.
Então,
esquecendo-se, ele próprio, de uma maneira admirável, voltar-se-á todo inteiro
para Deus e, aderindo a ele para o futuro, não formará senão um só Espírito com
Ele."
De diligendo Deo, XV, Les Plus beaux
écrits de Saint Bernard.
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Apaixonado por Maria: Lembrai-vos e Ave Maria, Ave Bernardo
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