É justo, irmãos, que se
acredite em Deus, antes de ele cumprir o que quer que seja
pois, seja como for,
não pode mentir, nem enganar, uma vez que é Deus. Assim acreditaram nele os nossos pais. E assim
acreditou nele Abraão. É esta, em
verdade, a fé que deve ser louvada e exaltada. Abraão nada tinha recebido do
Senhor e acreditou no que Ele prometia.
E nós, que já recebemos
tantos bens, ainda não acreditamos? Abraão podia dizer: “Acreditarei porque me
prometeste isto e cumpriste”.
Desde o primeiro mandado de
Deus, acreditou, e nada tinha ainda recebido. Foi-lhe dito: Deixa a tua terra e
a tua família e vai para a terra que eu te vou dar. E de imediato ele confiou,
e Deus não lhe deu aquela terra mas guardou-a para a sua descendência. E também
à sua descendência fez uma promessa. Sabeis qual? Na tua descendência serão
abençoadas todas as nações. A sua descendência é o próprio Cristo, pois de
Abraão [vem] Isaac, de Isaac Jacó, de Jacó os doze, dos doze o povo dos judeus,
do povo dos judeus a Virgem Maria, da Virgem Maria nosso Senhor Jesus Cristo. A
descendência de Abraão é nosso Senhor Jesus Cristo, e o que tinha sido
prometido a Abraão, vemo-lo realizado em nós. Na tua descendência, diz a
Escritura, serão abençoadas todas as nações. Acreditou antes de ter visto o que
era, acreditou sem ver o que lhe era prometido. Nós, porém, vemos o que lhe foi
prometido, e vemos que o que quer que fosse que lhe era prometido, viria a
acontecer.
Na verdade, que promessas é
que ainda não foram cumpridas? Ele anunciou os sofrimentos que teriam lugar no
tempo presente; que os seus santos e os seus fiéis alcançariam bons frutos, no
meio dos sofrimentos, graças à sua constância. Ele o anunciou e nós o vemos.
Tudo isso está escrito e aos
cristãos foi lembrada não só a coragem no sofrimento, mas mais ainda os bens
futuros, uma vez que já chegaram os males que foi anunciado que viriam. Pois se
não tivessem acontecido as coisas que estavam anunciadas, levar-nos-iam a fé
que temos a respeito dos bens [prometidos]. Por isso mesmo vieram primeiro os
males: para que acreditemos nos bens futuros.
Sermão 113A
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