Como viver?
Irmã Dulce -
"Só Deus basta", "Tudo é nada", Para mim, viver é
Cristo", "Por Ele considerei tudo como lixo", são expressões que
exprimem o elevado amor que atingiram os santos em relação a Deus. Procuremos,
como os santos, nos esforçar para alcançarmos a verdadeira perfeição na vida
religiosa.
Toda a nossa vida deve ser em função do amor de Deus.
Amemos, amemos com um amor sem limites ao nosso amado Jesus. Amemos com um amor
disposto a tudo sacrificar por ele, que se sacrificou por nós. Se o amarmos
assim, com um amor sem reservas, seremos felizes aqui e na eternidade.
Seremos felizes!? Por que?
Irmã Dulce -
Nas coisas mais simples, nos trabalhos mais humildes, estamos fazendo o que
Deus quer de nós, e isto basta. O principal objetivo é o nosso ardente desejo
de amar a Deus, de servi-Lo e buscar a salvação das pessoas. Após cinqüenta
anos de vida religiosa, asseguro por experiência própria: não há maior
felicidade neste mundo do que a de servir a Deus na pessoa do nosso irmão
carente e sofredor.
A nossa vida se transforma e passamos a viver a vida e os
problemas do nosso próximo, esquecendo-nos totalmente de nós mesmos.
Na verdade, não existe nada mais sublime do que ser toda
de Deus. Procuremos coragem com a graça extraordinária que Deus nos concedeu
através da vocação religiosa, para cumprir os nossos deveres, sobretudo a
oração, a caridade fraterna, a humildade, o saber perdoar uns aos outros. E
façamos o máximo para sermos bons exemplos para o nosso próximo, para aqueles
com quem vivemos.
É fundamental preocupar-se
com uma vida espiritual levada a sério. Mas, e os bens materiais? A Irmã
preocupa-se com eles?
Irmã Dulce -
A preocupação com os bens materiais é natural, faz parte da vida humana. Mas o
importante, o que de fato valoriza a vida, são os gestos que rendem juros e
correção na conta aberta em nome de cada um de nós no banco do céu.
Os benfeitores, a quem eu nunca conseguirei agradecer
plenamente, não se sintam completamente seguros: haverá ainda outras ocasiões
em que bateremos às portas dos seus corações generosos para pedir ajuda.
E o amor a Jesus?
Irmã Dulce -
Jesus nos ama tanto e sofreu tanto por nós, que o muito que fizermos a ele
torna-se pouco diante do seu imenso amor (dele) por toda a humanidade.
(Devemos) agradecer a Deus por tudo: todos os
sofrimentos, todas as alegrias, todas as graças que ele nos concedeu. Se amamos
realmente a Deus, todos os sacrifícios não são nada, em vista do que ele sofreu
por nós.
O que motiva a Irmã a dar
tanta atenção aos pobres e doentes?
Irmã Dulce -
Muita gente acha que não devemos dar aos pobres a mesma atenção que damos às
outras pessoas. Para mim o pobre, o doente, aquele que sofre, o abandonado,
(todos são) a imagem de Cristo. Sempre recomendo às irmãs, aos funcionários,
que vejam no doente que bate à nossa porta o próprio Jesus e, assim, façam a
ele o que faríamos se Jesus em pessoa viesse nos pedir ajuda ou socorro.
Se olharmos o pobre desta maneira, então, todo o aspecto
exterior, o estar sujo, cheio de parasitas, com grandes chagas, não nos
incomodará, pois na sua pessoa está presente Cristo sofredor.
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