sexta-feira, 20 de março de 2015

São João Nepomuceno

João Nepomuceno nasceu na cidade de Nepomuk, em um dos vales da Boêmia, por volta do ano de 1345. Já no ano de 1370 tinha o cargo de notário na Cúria Metropolitana. Nove anos depois, foi ordenado sacerdote e nomeado pároco de São Gall. Não obstante os encargos dessa grave função, continuou seus estudos de direito eclesiástico na Universidade de Praga, na qual obteve o bacharelato. Em 1382, o arcebispo o enviou a Pádua, onde se doutorou em direito canônico, em 1387. Voltando logo em seguida a Praga, foi nomeado cônego da igreja de São Gil, mas ali permaneceu só dois anos. Em agosto de 1390, tornou-se cônego honorário da Catedral de São Vito e vigário geral dessa já então ampla e importante arquidiocese. A partir desse momento, a Providência o transformou em homem público. 

Os sermões pregados por São João Nepomuceno produziram notável mudança nos costumes e assim ele foi chamado a desempenhar o cargo de confessor da Rainha. Para isso concorreram sua já conhecida virtude e a segurança doutrinária por ele tantas vezes demonstrada no púlpito. 

Se, no entanto, a piedosa rainha colocava-se docilmente sob a direção espiritual do virtuoso sacerdote, o mesmo não se passava com o rei Venceslau. Além de ser dado a violentos acessos de fúria, foi ele tomado por uma infundada desconfiança em relação à fidelidade de sua esposa. Como nada encontrasse para comprovar essa dúvida, mas seu coração mesquinho continuasse apegado a essa fantasiosa ideia, mandou trazer o confessor à sua presença e exigiu-lhe contar em detalhes o que no confessionário lhe confidenciava a rainha. Espantado pela infundada desconfiança, e muito mais pelo inaudito pedido, João Nepomuceno com firmeza o recusou, afirmando categoricamente o princípio da inviolabilidade do segredo da confissão, o mesmo até hoje mantido pela Igreja: 

"O que é dito dentro das santas paredes do confessionário é o mais estrito dos segredos. As palavras pelo penitente declinadas ante o sacerdote, sendo a matéria para a absolvição da alma pecadora, ali mesmo morrem. Disso tudo, somente Deus é testemunha, e o sacerdote que algo disso revelasse a um terceiro cometeria um dos mais abomináveis sacrilégios, contra o qual se levantaria imediatamente terrível excomunhão". 

A nada disso, porém, deu ouvidos o rei. Cego de fúria, mandou brutalmente torturar o fiel confessor. Suportando sofrimentos terríveis, João Nepomuceno manteve-se irredutível e isso só aumentou a fúria do cruel soberano. Por fim, vendo que nada conseguiria tirar de um homem tão firme e compenetrado de sua
fé, mandou os soldados amarrarem-no e atirarem-no de uma das pontes de Praga.

Assim, o intrépido sacerdote entregou sua alma a Deus, perecendo afogado nas águas do rio Moldava. Era a noite de 20 de março de 1393.

No dia seguinte, a população percebeu um cadáver boiando no rio, circundado por uma luz misteriosa com cinco estrelas. Ao recolhê-lo, reconheceram que se tratava do capelão João. A cidade toda, então, ficou sabendo o que acontecera com ele e reconheceu no rei Venceslau o autor daquela crueldade. Assim, em procissão, o corpo foi levado e enterrado na igreja da Santa Cruz, onde permanece até hoje.


Em 1729, ele foi canonizado. Hoje são João Nepomuceno é celebrado como o mártir da confissão e venerado por todos os habitantes da cidade de Praga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário