Átila, Rei dos Hunos, era um chefe bárbaro temido. Cruel e
implacável com seus adversários. Ele mesmo se auto intitulava o "Flagelo
de Deus". Destruiu, e saqueou praticamente toda a Europa.
Sua sanha destruidora voltou-se para o norte da Itália, destruía
tudo que podia a ferro e fogo. Quem conseguia, fugia de suas incursões
destruidoras. Muitos se refugiaram nas pequenas ilhas existentes nas lagunas do
Mar Adriático, onde deram origem à cidade de Veneza.
Átila atacou e saqueou Milão. O imperador Valentiniano III, não
se julgou protegido em Ravena e fugiu para Roma. Mas, a meta de Átila era
dominar Roma, capital do Império, sede do Papado, centro da Igreja Católica. E
não demorou muito para o bárbaro chegar às portas da Cidade Eterna. Invasão,
morticínio, destruição e saques era o que se esperava da ação iminente do
"Flagelo de Deus".
Sem condições de se livrar dele, o Imperador, o Senado e povo
romanos, num lance que depois mostrou-se ter sido de bom senso, imploraram
socorro ao Sumo Pontífice. Pediram ao Papa que salvasse Roma da invasão. A
missão do Vigário de Cristo era clara e de tremenda responsabilidade. Sua
missão não era apenas defender Roma. Ele deveria salvar também sua pátria, seu
povo e o mundo cristão: uma tarefa nada fácil, e de sucesso imprevisível.
Como Pastor que deseja sempre preservar a vida de suas ovelhas,
o Papa aceitou o encargo de enfrentar o "Flagelo de Deus". Como
desdobramento de sua ação ele estaria defendendo a Igreja, o Império, o
Ocidente.
Além de demonstrar não ter medo, ele dava mostras de que
acreditava no auxílio sobrenatural, na importância do Papado e na força dos
símbolos religiosos. Sem perder tempo, revestiu- se dos paramentos pontificais
reservados para as maiores solenidades e, acompanhado por sacerdotes e diáconos
também em trajes sacerdotais, o Papa pôs-se a caminho para enfrentar o temível
Rei dos Hunos, em Peschiera, uma pequena cidade próxima de Mântua.
O Papa que não tinha soldados a sua disposição, foi ao encontro
do conquistador, que, contra toda a expectativa, o recebeu com honras. E mais,
Átila desistiu de seus objetivos e, cessando as hostilidades, atravessou os
Alpes, retornando para sua terra, sem atacar Roma. Era o ano de 453.
Os bárbaros perguntaram a seu chefe por que, contrariando seu
costume, havia mostrado tanto respeito para com o Papa. Átila respondeu que
"não foi a palavra daquele que veio me encontrar que me inspirou um medo
tão respeitoso; mas eu vi junto ao Pontífice um outro personagem, de um aspecto
muito mais augusto. Venerável por seus cabelos brancos, que se mantinha de pé,
usando hábito sacerdotal, com uma espada nua na mão, ameaçando-me com um ar e
um gesto terríveis, se eu não executasse fielmente tudo o que me era pedido
pelo enviado". Esse personagem que causava terror a Átila era o Apóstolo
São Pedro que tinha a seu lado, segundo outra tradição, o Apóstolo São Paulo
que também aterrorizou o Bárbaro.
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