sábado, 29 de novembro de 2014

São Saturnino de Toulouse

De origem grega, são Saturnino é uma das devoções mais populares na França e na Espanha. A confirmação de sua vida emergiu junto com a descoberta de importantes escritos do cristianismo produzidos entre os anos 430 e 450. Conhecidos como a "Paixão de Saturnino", trouxeram dados enriquecedores sobre a primitiva Igreja de Cristo na Gália, futura França.

Esses documentos apontam Saturnino como primeiro bispo de Toulouse nos anos 250, sob o consulado de Décio. Era uma época em que a Igreja, naquela região, contava com poucas comunidades cristãs. Estava desorganizada desde 177, com o grande massacre dos mártires de Lyon. O número de fiéis diminuía sempre mais, enquanto nos dos templos pagãos as filas para prestar sacrifícios aos deuses parecia aumentar.

O relato continua dizendo que Saturnino, após uma peregrinação pela Terra Santa, iniciara a sua missão de evangelização no Egito, onde converteu um bom número de pagãos. Foi, então, para Roma e, fazendo uma longa viagem por vales e montanhas, atingiu a Gália.

Por onde andou, pregava com fervor, convertendo quase todos os habitantes que encontrava ao cristianismo. Consta que ele ordenou o futuro são Honesto e juntos foram para a Espanha, onde teria, também, batizado o agora são Firmino. Depois, regressou para Toulouse, mas antes consagrou o primeiro como bispo de Pamplona e o segundo para assumir a diocese de Amiens.

Saturnino fixou-se em Toulouse e logo foi consagrado como seu primeiro bispo. Embora houvesse um decreto do imperador proibindo e punindo com a morte quem participasse de missas ou mesmo de simples reuniões cristãs, Saturnino liderou os que o ignoravam. Continuou com o santo sacrifício da missa, a comunhão e a leitura do Evangelho.

Assim, ele e outros quarenta e oito cristãos
acabaram descobertos reunidos e celebrando a missa num domingo. Foram presos e julgados no Capitólio de Toulouse. O juiz ordenou que o bispo Saturnino, uma autoridade da religião cristã, sacrificasse um touro em honra a Júpiter, deus pagão, para convencer os demais. Como se recusou, foi amarrado pelos pés ao pescoço do animal, que o arrastou pela escadaria do templo. Morreu com os membros esfacelados.

O seu corpo foi recolhido e sepultado por duas cristãs. No local, um século mais tarde, são Hilário construiu uma capela de madeira, que logo foi destruída. Mas as suas relíquias foram encontradas, no século VI, por um duque francês, que mandou, então, erguer a belíssima igreja dedicada a ele, chamada, em francês, de Saint Sernin du Taur, que existe até hoje com o nome de Nossa Senhora de Taur. O culto ao mártir são Saturnino, bispo de Toulouse, foi confirmado e mantido pela Igreja em 29 de novembro.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

São Tiago das Marcas

Natural de Monteprandone, na província de Ascoli Piceni, região das Marcas, na Itália, São Tiago nasceu no dia 1º de setembro de 1391. Seu nome de batismo era Domingos Gangali. Era ainda muito jovem quando perdeu o pai. Já aos sete anos era pastor, apascentava ovelhas. Apavorado pela obstinada presença de um estranho lobo, que mais tarde ele chamará de “Anjo de Deus e não lobo como parecia”, abandonando o rebanho fugiu para Offida e foi morar com um padre, parente seu.

Como na escola aprendia com facilidade, os irmãos deixaram-no estudar. Prosseguiu os estudos de direito civil em Perúgia. Tornou-se tabelião. Estabeleceu-se depois em Florença. Voltando a Marca, para resolver negócios familiares, parou em Assis, e aí após uma conversa com o prior de Santa Maria dos Anjos, decidiu entrar na família franciscana.


Na Ordem dos Franciscanos estudou teologia e ordenou-se sacerdote. Quando vestiu o hábito, tomou o nome de Tiago, que logo foi completado com o "das Marcas", em razão de sua origem. Foi discípulo de outro santo e seu contemporâneo da Ordem, Bernardino de Sena, que se destacava como o maior pregador daquela época, tal qual conhecemos.

Também Tiago das Marcas consagrou toda a sua vida à pregação. Percorreu toda a Itália, a Polônia, a Boêmia, a Bósnia e depois foi para a Hungria, obedecendo a uma ordem direta de Roma. Permanecia num lugar apenas o tempo suficiente para construir um mosteiro novo ou, num já existente, restabelecer a observância genuína da Regra da Ordem Franciscana.

Depois, partia em busca de novo desafio ou para cumprir uma das delicadas missões em favor da Igreja, para as quais era enviado especialmente, como fizeram os papas Eugênio IV, Nicolau V e Calisto III. Participou na incursão da cruzada de 1437 para expulsar os invasores turcos muçulmanos. Humilde e reto nos princípios de Cristo, nunca almejou galgar postos na Igreja, chegando a recusar o cargo de bispo de Milão.

Viveu em extrema penitência e oração, oferecendo seu sacrifício a Deus para o bem da humanidade sempre tão necessitada de misericórdia. Mas os severos e freqüentes jejuns a que se submetia minaram seu organismo, chegando a receber o sacramento da unção dos enfermos seis vezes. Mesmo assim, chegou à idade de oitenta anos.

Faleceu em Nápoles, pedindo perdão aos irmãos franciscanos pelo mau exemplo que foi a sua vida. Era o dia 28 de novembro de 1476. Seu corpo foi sepultado na igreja de Santa Maria Nova, daquela cidade. A sua biografia mostra muitos relatos dos prodígios operados por sua intercessão, tanto em vida quanto após a morte. O papa Bento XIII canonizou Tiago das Marcas em 1726 e marcou o dia de sua morte para a celebração de sua lembrança.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

São Virgílio

Foi um dos grandes missionários irlandeses do período medieval e um dos maiores viajantes da importante ilha católica, ao lado dos santos Columbano, Quiliano e Gallo.

Nasceu na primeira década do século VIII e foi batizado com o nome de Fergal, depois traduzido para o latim como Virgilio. Católico, na juventude voltou-se para a vida religiosa, tornou-se monge e, a seguir, abade do Mosteiro de Aghaboe, na Irlanda. Deixou a ilha em peregrinação evangelizadora em 743 e não mais voltou.

Morou algum tempo no reino dos francos, quando o rei era Pepino, o Breve, que lhe pedira para organizar um centro cultural. Mas problemas políticos surgiram na região da Baviera, agregada aos seus domínios. Lá, o duque era Odilon, que pediu a Pepino para enviar Virgilio para a Abadia de São Pedro de Salzburg, atual Áustria. E logo depois Odilon nomeou Virgilio como bispo daquela diocese.

Ocorre que, na época, são Bonifácio, o chamado apóstolo da Alemanha, atuava como representante do papa na região, e caberia a ele essa indicação e não a Odilon. O que o desagradou não foi a escolha de Virgilio, mas o fato de ter sido feita por Odilon. Ambos nutriam entre si uma profunda divergência no campo doutrinal e Virgilio participava do mesmo entendimento de Odilon. Essa situação perdurou até a morte de são Bonifácio, quando, e só então, ele pôde ser consagrado bispo de Salzsburg.

Mas Virgílio era homem de fé fortalecida e de vasta cultura, dominava como poucos as ciências matemáticas, ganhando, mesmo, o apelido de "o Geômetra" em seu tempo. Viveu oito séculos antes de Galileu e Copérnico e já sabia que a Terra era redonda, o que na ocasião e em princípio era uma heresia cristã. Foi para Roma para se justificar com o papa, deixou a ciência de lado e abraçou integralmente o seu apostolado a serviço do Reino de Deus como poucos bispos consagrados o fizeram. Revolucionou a diocese de Salzburg com o seu testemunho e converteu aquele rebanho para a redenção de Cristo, aproveitando-se do interesse político do rei.

Em 755, um ano após a morte de são Bonifácio, Virgílio foi consagrado bispo de Salzburg. Continuou evangelizando a Áustria de norte a sul, inclusive uma parte do norte da Hungria. Fundou e restaurou mosteiros e igrejas, com isso construiu o primeiro catálogo e crônica dos mosteiros beneditinos.

Morreu e foi sepultado na Abadia de Salzburg, Áustria, em 27 de novembro de 784, em meio à forte comoção dos fiéis, que transformaram essa data a de sua tradicional festa. Séculos depois, suas relíquias foram trasladadas para a bela Catedral de Salzburg. Em 1233, foi canonizado, e o dia de sua festa mantido. São Virgílio foi proclamado padroeiro de Salzburg.   

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Oração a Santa Catarina de Alexandria

Gloriosa Santa Catarina, modelo de virtude, por aquela fé que vos animava desde a mais tenra idade e que vos fez tão agradável aos olhos de Deus, que mereceste não só a coroa do martírio, mas que também confundistes os sábios deste mundo e os convertestes a Cristo, alcançai-nos a graça de conservarmos em nossos corações a fé, em toda a sua pureza e de nos confessarmos cristãos não somente por palavras, mas também por obras, para que Jesus, de quem damos testemunho diante dos homens, nos confesse e glorifique diante do Pai.
Ó Santa Catarina, Virgem forte na fé, por aquela constância com que conservastes vossa consagração a Cristo, no meio do mundo corrompido, alcançai-nos de Deus o espírito de fortaleza para vencermos todas as tentações e nos conservarmos puros de coração.

Ó Virgem ardente no amor, por aquela força que abrasava o vosso coração na fidelidade ao amor de Deus e à missão para a qual Deus vos chamou e que vos fez suportar tantos sofrimentos e torturas, alcançai-nos de Deus a graça que purifica o nosso amor, para que possamos um dia participar da mesma glória que merecestes pelo vosso martírio. Amém.

domingo, 23 de novembro de 2014

Cristo, Rei do Universo

A Igreja encerra seu Ano Litúrgico com a Solenidade Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. No entanto, poucos se dão conta de que se trata de uma festa relativamente recente, pois só foi instituída em 1925, portanto há menos de cem anos.
Mas o que levou o papa Pio XI a dedicar a primeiríssima encíclica de seu pontificado à criação de uma festa de Cristo Rei? (Carta Encíclica Quas primas, 11/12/1925).

No início do século XX, o mundo, que ainda estava se recuperando da Primeira Guerra Mundial, fora varrido por uma onda de secularismo e de ódio à Igreja, como nunca visto na história do Ocidente.
O fascismo na Itália, o nazismo na Alemanha, o comunismo na Rússia, a revolução maçônica no México, anti-clericalismos e governos ditatoriais grassavam por toda parte.

É neste contexto que, sem medo, o papa Pio XI institui uma festa litúrgica para celebrar uma verdade de nossa fé: mesmo em meio a ditaduras e perseguições à Igreja, Nosso Senhor Jesus Cristo continua a reinar, soberano, sobre toda a história da humanidade.

Recordar que Jesus é Rei do Universo foi um gesto de coragem do Santo Padre. Com as revoluções que se seguiram ao fim do primeiro conflito mundial, em 1917, o título de Cristo Rei tornara-se um tanto impopular. Se o Papa tivesse exaltado Jesus como profeta, mestre, curador de enfermos, servo humilde, vá lá! Qualquer outro título teria sido mais aceitável. Mas Cristo Rei?!…

Mesmo assim, nadando contra a correnteza e se opondo ao secularismo ateu e anti-clerical, o Vigário de Cristo na terra instituiu esta solenidade para nos recordar que todas as coisas culminam na plenitude do Cristo Senhor: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim de todas as coisas” (Ap 1, 8). É necessário reavivar a fé na restauração e na reparação universal realizadas em Cristo Jesus, Senhor da vida e da história.

Com esta solenidade o Papa Pio XI esperava algumas mudanças no cenário mundial:
- Que as nações reconhecessem que a Igreja dever estar livre do poder do Estado (Quas primas, 32).
- Que os líderes das nações reconhecessem o devido respeito e obediência a Nosso Senhor Jesus Cristo (Quas primas, 31).
- Que os fieis, com a celebração litúrgica e espiritual desta solenidade, retomassem coragem e força e renovassem sua submissão a Nosso Senhor, fazendo com que ele reine em seus corações, suas mentes, suas vontades e seus corpos (Quas primas, 33).

Encerrar o Ano Litúrgico com a Solenidade de Cristo Rei é consagrar a Nosso Senhor o mundo inteiro, toda a nossa história e toda nossa vida. É entregar à sua infinita misericórdia um mundo onde reina o pecado.
Pilatos pergunta a Jesus se ele é rei. Nosso Salvador responde que seu Reino não é deste mundo. Ou seja, não é deste mundo “inventado” pelo homem e pelo pecado: o mundo da injustiça, da escravidão, da violência, do ódio, da morte e da dor. Ele é rei do Reino de seu Pai e, como rei-pastor, desde o alto da cruz, guia a sua Igreja em meio às tribulações.

Sabemos que o Reinado de Cristo não se realizará por um triunfo histórico da Igreja. É isto que nos recorda o Catecismo da Igreja Católica em seu número 677. Mesmo assim, no final, haverá sem dúvida uma vitória de Deus sobre o mal.
Só que esta vitória acontecerá como acontecem todas as vitórias de Deus: através da morte e da ressurreição.
A Igreja só entrará na glória do Reino se passar por uma derradeira Páscoa. A Esposa deve seguir o caminho do Esposo.
É assim que, nesta festa, o manto vermelho de Cristo assinala a realeza de Nosso Senhor, mas também nos recorda o sangue de tantos mártires Cristãos de nossa história recente.
Foram fieis católicos que, ouvindo os apelos do Sucessor de Pedro, não tiveram medo de entregar 

Padre Pró se disfarça para evangelizar

Constantemente abordado por policiais – Pro foi detido e preso duas vezes antes de ser sentenciado à morte – foi somente graças a uma coragem incomum, aliada a uma enorme presença de espírito, que Pro conseguiu levar a cabo seu apostolado na clandestinidade com tamanhos resultados. As peripécias do padre, muitas dignas de filmes policiais, levaram a considerá-lo o mais simpático dos mártires modernos.

Uma vez, ao aproximar-se de um determinado local, percebeu que estava cercado por policiais. Evitando demonstrar medo ao retirar-se dele, e procurando não expor ninguém ao perigo, fez ao longe movimento como de quem apresenta um distintivo, e informou: “Há um padre escondido ai dentro!”. Pensando que se tratava de um agente à paisana, os detetives deixaram-no passar. Uma vez dentro, cumpriu seus deveres sacerdotais, e saiu saudando a sentinela.

Noutra ocasião, sabia que dois agentes o vigiavam. Ao deparar-se com uma senhora católica que conhecia da Missa, aproximou-se dela e ordenou que agisse com se fora sua noiva. Tomou-lhe o braço (ele vestia-se como civil) e assim logrou escapar dos agentes.

Um dia, enquanto seguia viagem em um táxi, deu-se conta de que a polícia lhe seguia em outro automóvel. Ordenou ao chofer: “Siga viagem sem deter-se, que vou lançar-me na rua”. Abriu a porta do táxi, e assim fez. Quando a polícia percebeu, Pro já estava longe.

Fotografias do período mostram-no em vários disfarces. Organizou retiros para diversos grupos [...] Com os trabalhadores, usava suspensórios e capacete; ele parecia um motorista em uma reunião de motoristas, um mecânico entre mecânicos. Por meio de vários subterfúgios conseguia ouvir confissões mesmo nas cadeias. Ele aconselhava os que se preparavam para ser oradores públicos em defesa da Igreja sobre como moldar a opinião pública”.

Estava o Padre Pro em um grande edifício, presidindo uma reunião com os moços da Ação Católica,  quando subitamente a polícia surgiu rodeando o edifício. O Padre teve de esconder-se num armário. Momentos depois, entrou no salão o Coronel portanto duas pistolas: “Onde está o Padre Pro?“. Os moços disseram que não sabiam. “Têm um minuto para dizer-me onde está este Padre, ou matarei a todos!”. Nesse instante, sentiu o coronel um cano frio de arma tocar-lhe a nuca. Era o Padre Pro que havia saído do armário. “Solte essas pistolas ou morre!”. 
O coronel deixou cair as armas no chão, e estas foram recolhidas pelos moços. “Agora fujam vocês!”, gritou Pro aos moços, que saíram rapidamente buscando esconderijo. Logo disse o padre em tom picaresco: “Agora vire-se, Senhor Coronel, vire-se para ver com que coisa o desarmei”. O coronel deu meia volta e, para sua humilhação, viu que o padre lhe apontava a ponta de uma garrafa vazia. Com uma simples garrafa, desarmara o coronel em fúria com duas pistolas carregadas!


Beato Padre Miguel Pró

Padre Miguel Pro nasceu em janeiro de 1891, na cidade de Guadalupe, no México. Dom Miguel e sua esposa eram os pais felizes de onze filhos. Miguel, Jr., foi o terceiro nascido. Quatro morreram na infância. Os dois mais velhos, Maria de la Concepcion e Maria de la Luz, tornou-se Irmãs do Bom Pastor. Dois dos meninos, Miguel e seu irmão Humberto, foram martirizados. O resto das crianças, Ana Maria, José Edmundo e Roberto casaram-se.
Na manhã de 23 de novembro de 1927, sem um traço de medo ou hesitação, ele caminhou para a parede, e tranqüilamente diante do pelotão de fuzilamento. Ele estendeu as mãos em forma de uma cruz, recusou uma venda nos olhos, e gritou:. "Com todo o meu coração eu perdôo os meus inimigos" Então, pouco antes do fuzilamento, ele silenciosamente pronunciou a aclamação dos mártires mexicanos: Viva Cristo Rey "Viva Cristo Rei!" Cinco fuzis erguidos, uma explosão e o padre  Jose Ramon Miguel Agustín Pro Juárez, SJ, do povo mexicano, caiu morto crivado de balas.

Na infância Miguel deveria ter morrido, mas milagrosamente foi salvo. Uma babá asteca, que cuidava do pequeno Miguel, uma vez o alimentou com uma grande quantidade de frutas, não percebendo que eram venenosas. Como resultado, a pequena criança teve uma doença muito grave. A doença de havia infectado cérebro do jovem e os médicos perderam a esperança, dizendo que ele iria morrer, ou viver como um doente mental.

Durante um ano inteiro Miguel viveu, incapaz de falar, mal reconhecendo seus pais. Finalmente, sua condição se tornou aguda e morte era iminente. Seu pai, que amava seu filho, estava fora de si com a dor. No entanto, com confiança infantil na Mãe de Deus, tomou o menino nos braços, e ajoelhando-se diante de uma imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, ele estendeu seu filho doente ante a imagem, pedindo a intercessão da Santa Virgem com toda a sua coração: "Madre mia, me devolve meu filho".

No silêncio mortal que se seguiu, as testemunhas assustadas viram Miguel tremer convulsivamente, sair de seu transe de morte, e vomitar uma quantidade de sangue. Tal manifestação física espetacular reanimou os médicos, que declararam que a recuperação da criança era agora uma forte possibilidade. Poucos dias depois, ele foi completamente restaurado à saúde, mental e fisicamente.

Um dia, voltando de uma viagem, o jovem Miguel Pro decidiu tomar um atalho ao longo dos trilhos da ferrovia. Ele escorregou e prendeu seu pé entre os trilhos. De repente, um enorme trem de carga apareceu na linha, vindo rapidamente em sua direção. Freneticamente ele puxou e puxou, mas não conseguiu se libertar. Em seguida, ele chamou Maria Imaculada, com todo o seu coração, prometendo obras de sacrifício em sua honra, se ela o livrasse deste terrível perigo.
Instantaneamente, quando ele puxou a perna, a bota foi arrancada, e o jovem grato correu para a segurança. Mais tarde, em casa, ele disse a todos que ele sentiu a aproximação iminente de morte, e tinha até se imaginou no Purgatório. "Desde então", ele disse: "Eu fiz um pacto com a Virgem Maria para que ela não me deixasse ir para o Purgatório, e que eu jamais seria seu servo infiel. Desde então, ela é minha própria Senhora".

Anos depois que ele entrou no seminário, o padre Pro recordou o incidente s como um importante ponto de conversão na sua resposta ao convite de Deus. Ele disse que tinha sido um menino rebelde, mas foi convertido da seguinte forma:
Um dia ele entrou em uma igreja enquanto o padre fazia um sermão sobre a Paixão de Nosso Senhor. O pregador tocou um ponto sensível na alma do adolescente quando ele repetiu essa conclusão mais óbvia e ainda mais esquecida sobre a agonia do Crucificado: "Tudo isto, Jesus Cristo fez e sofreu por nós, disse ele, apontando para o crucifixo, e nós, o que estamos fazendo por Ele?” "Sim", pensou o jovem Miguel, "o que eu fiz por ele?”
O desafio era como um prego profundamente preso dentro dele que nunca mais esqueceu, guardando para sempre estas palavras em seu coração.

Exatamente um ano depois de sua irmã mais velha ter ido para o convento, Miguel se aproximou de seu pai com a notícia de que ele havia decidido buscar admissão na Companhia de Jesus. Senhor Pro agora percebia, por que Deus o havia poupado ainda um bebê e, milagrosamente, devolveu-lhe a saúde. Deus deu-lhe de volta o seu filho para que ele pudesse um dia dar-lhe de volta a Deus. Dando tranquilamente, graças a Deus, seu pai e sua mãe lhes deram sua permissão e sua bênção.

Em 10 de agosto de 1911, Miguel Agustin Pro entrou no noviciado dos Jesuítas. No dia da Assunção, ele estava vestido com o hábito dos Jesuítas. Após a Missa, seu pai abraçou-o, mais uma vez, partiu. Quando passou pelo portão do Noviciado, ele pensou consigo mesmo: "Ele não é mais meu filho, agora o Pai é Deus”.

Depois de seus estudos e ordenação sacerdotal na Bélgica, Padre Pró retornou para o México em um momento muito doloroso para a Igreja.

Tratava-se, então, do governo do presidente Plutarco Elias Calles, o “Nero do México”, e nossa história começa justamente em julho de 1926, quando Pro regressava do exterior, mergulhando numa crise que resultaria no fuzilamento de 160 padres. De fato, poucas semanas após sua chegada, publicou-se um decreto oficial que proibia todo culto público e sujeitava todos padres à prisão.

“... toda ordem religiosa foi dissolvida. Todas as escolas católicas, secularizadas, o que significa que, na realidade, tornaram-se ateístas; nelas, nenhuma menção a Deus era tolerada. Crucifixos foram arrancados das paredes e as estátuas, destruídas. Em seguida, para eliminar toda “propaganda Católica”, todas as editoras religiosas foram tomadas.”
Não obstante, o perigo não foi suficiente para deter o valente Padre. Testemunhas relatam:

“... então, dificilmente com qualquer descanso, o convalescente padre atirou-se em um extremamente árduo apostolado. Ele passava praticamente todo o dia no confessionário na igreja jesuíta local, confortando, aconselhando, repreendendo e absolvendo, das cinco da manhã até as onze, e depois, novamente, das três e meia da tarde até oito horas da noite. Em acréscimo, dadas as instruções e sermões, recebia visitantes que desejavam consultá-lo sobre problemas no casamento e outras dificuldades, até a data de fechamento [das Igrejas]. De todos seus deveres, o duro labor no confessionário era o que mais exigia de sua fraca saúde. Duas vezes desmaiou e teve de ser carregado para fora...

“Veio então o triste dia que nenhum dos fiéis do México jamais esquecerá. Era o dia 31 de Julho de 1926. Neste dia a Santa Missa foi pela última vez oferecida publicamente. Todos se apressaram para receber, em suas paróquias, a Vida de suas almas na Santa Comunhão. Esta foi a última vez que Padre Pro celebrou Missa em uma igreja. A partir de então, a Igreja no México se tornaria clandestina. Ou, como um autor colocou, “a antiga Igreja das catacumbas reviveu em uma república ocidental moderna”. E o México faria muitos mártires.

“Enquanto horríveis martírios ocorriam, Padre Pro estava ocupado organizando a 'contra-revolução' bem no coração da capital. Primeiro, ele estabeleceu 'estações eucarísticas' por toda a cidade. Estas estações eram casas de católicos de confiança, às quais ele ia em determinados dias distribuir a Santa Comunhão, e, possivelmente, dizer a Missa. Por conta própria, distribuía uma média de trezentas comunhões por dia. Também organizou uma companhia de trezentos homens para percorrer toda a cidade e seus subúrbios como instrutores religiosos [...] graças a estas instruções, jovens e velhos conservaram sua Fé viva. Estas aulas também se provaram um substituto para as escolas que normalmente teriam provido educação religiosa para as crianças”

Todos esses eventos, somados ao sucesso de seu epistolado, o transformaram no inimigo numero uno do governo callista. Logo após, receberia mandato de prisão, e seria levado à morte.

Pro foi morto no dia 23 de novembro de 1927, por um pelotão de fuzilamento em frente das câmeras dos jornais que o governo trouxera para gravar o que esperava ser o constrangedor espetáculo de um padre implorando por misericórdia. Foi uma das primeiras tentativas modernas de usar a mídia para a manipulação da opinião pública com propósitos anti-religiosos. Mas, ao invés de vacilar, Pro demonstrou grande dignidade, pedindo apenas a permissão de rezar antes de morrer. Após alguns minutos de prece, levantou-se, ergueu seus braços em forma de cruz – uma tradicional posição de oração mexicana – e, com voz firme, nem desafiante, nem desesperada, entoou de forma comovente palavras que desde então se tornaram famosas: 'Viva Cristo Rey'.

“Longe de ser um triunfo da propaganda para o governo, as fotografias da execução de Pro tornaram-se objeto de devoção católica no México e de constrangimento do governo por todo o mundo. Oficiais tentaram suprimir sua circulação, declarando a mera posse de tais fotos um ato de traição, mas não tiveram sucesso..." 

Foi beatificado pelo Papa João Paulo II no dia 25 de setembro de 1988.

Veja abaixo as fotos do Martírio do Beato Padre Miguel Pró:








quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Santo Edmundo

Durante o século IX, os nórdicos ou dinamarqueses, cada vez com maior frequência, assolavam as costas da Inglaterra, até que, lá pela metade do século, “os pagãos começaram a hibernar em nosso país”.

Nessa época, no dia de Natal de 855, a nobreza e o clero de Norfolk, reunidos em Attleborough, proclamaram Edmundo o seu rei, um jovem de catorze anos, o qual, no ano seguinte, foi reconhecido também pelos habitantes de Suffolk. Segundo consta, ele era talentoso e foi bem-sucedido, tanto como governante e ao mesmo tempo como homem virtuoso, aprendeu de cor todo o saltério, a fim de poder acompanhar o culto na igreja e imitar as boas ações do Rei Davi. Conforme escreveu o beneditino Lydgate, no século XV, ele, “em seu reino, era muito religioso e bondoso, cheio de alegria celestial, previdente no aconselhar, e mostrava muitos sinais de graça e de bem-aventurança … “.
Apesar da pouca idade, tinha uma religiosidade impressionante, que transparecia em todos os seus atos e decisões.  Não raro recitava salmos no meio do povo e usava a justiça cristã como fonte de inspiração para seu governo.

Em seguida, houve a maior invasão dinamarquesa, como acontecera. Conforme atesta a Anglo-Saxon Chronicle: “no ano de 866, um grande exército (de dinamarqueses) invadiu o país dos anglos e estabeleceu o seu acampamento de inverno entre os anglos orientais, e lá eles arranjaram para si muitos cavalos. E os anglos orientais fizeram com eles um pacto de paz”.
Em seguida, os invasores atravessaram o rio Humber e conquistaram York, e marchando para o sul, invadiram a Mércia e chegaram até Nottingham, pilhando e incendiando tudo em sua passagem e escravizando os seus habitantes. Em 870, as hostes inimigas atravessaram a Mércía e invadiram a Ânglia Oriental, e estabeleceram o seu acampamento de inverno em Thetford. “E naquele inverno, Edmundo lutou contra eles, e os dinamarqueses alcançaram a vitória e prenderam o rei, subjugando todo o país e destruindo todos os mosteiros que encontravam à sua frente”.
Prisioneiro de seus opositores, foi oferecido o Rei Edmundo a possibilidade de manter sua vida e a coroa caso renegasse a fé e se proclamasse vassalo. O rei rejeitou a proposta por duas vezes. Dessa maneira selou seu destino. Morreu traspassado pelas flechas dos bárbaros pagãos, no dia 20 de novembro de 870.

O corpo do rei foi enterrado em Hoxne, e pelo ano de 903, foi trasladado para Beodricsworth, cidade atualmente conhecida como Bury St. Edmund’s (isto é, aldeia de S. Edmundo).


Edmundo é um santo mais vivo na memória do povo da Inglaterra do que nos documentos históricos. Os registros trazem dados sobre o seu reinado e sua morte, mas sobre sua origem poucas são as informações.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Intimidade de Santa Matilda com Jesus

“Aqui estou, eu te dou meus olhos, a fim de que possas ver todas as coisas; dou-te meus ouvidos, para que possas ouvir tudo o que ouço; dou-te minha boca, para que por esse meio pronuncies tudo aquilo que dizes ao falar, rezar ou cantar; dou-te meu coração, para que julgues todas as coisas pelo meu amor.” A estas palavras Matilde sentiu-se toda atraída ao Senhor e a ele intimamente unida, como sinal de que lhe parecia ver com os olhos de Deus, ouvir com os ouvidos de Deus, falar com a boca de deus e, por fim, não ter mais outro coração que o Coração de Deus.
“Meu amor”, disse Jesus a Santa Matilde, “de tal modo em ti adentrou e se difundiu em ti, que me pareces amar mais com meu coração do que com o teu.”


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Milagres de Santa Isabel da Hungria

Certamente o mais famoso milagre narrado a seu respeito foi o chamado Milagre das Rosas. 
Dela conta-se que certa vez, quando levava pães para os pobres nas dobras de seu manto, encontrou-se com seu marido, que voltava da caça. Luis estranhou a conduta da esposa, que parecia esconder algo, talvez insuflado pela astúcia de seu irmão Henrique ou da própria mãe, Sofia. O diálogo entre os dois ficou famoso nos anais das lendas de santos.
"O que tu levas no avental Isabel?" 
Ao que a jovem princesa respondeu, trêmula: 
"São rosas,meu senhor!" 
Espantado por vê-la curvada ao peso de sua carga, ele abriu o manto que ela apertava contra o corpo e nada mais achou do que belas rosas frescas e orvalhadas, embora fosse inverno e não fosse época de flores. Note-se que da sua sobrinha, Santa Isabel de Aragão, Rainha de Portugal, se conta uma lenda muito idêntica, o Milagre das Rosas.

Em outra situação, avisado pelos nobres da corte de que a esposa havia acolhido um leproso sobre o próprio leito, Luis correu para lá enojado, achando que a esposa havia enlouquecido, mas os olhos de sua alma se abriram e ele contemplou uma imagem de Cristo Crucificado.

De uma outra feita, sabendo que chegariam alguns nobres da Hungria, enviados pelo Rei André para visitarem-nos, Luis mandou preparar uma grande festa para recepcioná-los. Isabel havia passado o dia inteiro cuidando dos pobres e não estava vestida decentemente, o que foi o bastante para receber as críticas daqueles que a perseguiam. Luis, preocupado em proteger a esposa daqueles que a perseguiam, pediu que ela se preparasse convenientemente para o banquete segundo a sua condição de rainha, ainda mais diante dos emissários de seu pai. Contudo, Isabel prometeu ao marido que se apresentaria em todo o esplendor de sua humildade. E qual não foi a surpresa e o deslumbramento de todos quando ela se apresentou na sala do trono diante do marido, da corte e dos visitantes bela e esplendorosa num vestido de brocados, trajando um suntuoso manto de veludo orlado de ouro e pérolas. Assim Deus vestira a sua serva diante a solicitação do fiel Luis.


domingo, 16 de novembro de 2014

O Milagre do Evangelho de Santa Margarida

A Rainha Margarida tinha um Evangelho pessoal que ela gostava muito.
Ele era ricamente decorado e ilustrado com figuras dos quatro evangelistas vestidos e coloridos em estilo Inglês.

O Rei Malcolm gostava do livro também.Embora ele não soubesse ler, o via como um símbolo de devoção cristã de sua esposa e se alegrava simplesmente segurando o livro. 

Um dia, quando Santa Margarida passeava acariciando uma página, o livro caiu das suas mãos no rio.

Dias depois o livro foi encontrado na desembocadura do rio, no fundo da água, milagrosamente intacto.
Todos pensavam em encontrar destroços, mas Deus quis mostrar a santidade de sua serva preservando o exemplar dos Evangelhos que ela estimava por amor a Jesus, amava e lia.

Para surpresa de todos,  o belo volume foi encontrado totalmente ileso, exceto duas folhas,  onde se vê em cada extremidade, uma ligeira contração que apareceu a partir do efeito da água.
Todos  testemunharam a obra de Cristo na proteção do volume sagrado.


O Evangelho sobrevive até hoje na Biblioteca Bodleian,  um pouco amarelado pelos anos, com apenas algumas ligeiras manchas onde ficou as duas folhas que testemunham a sua queda no córrego.


sábado, 15 de novembro de 2014

O Papa Bento XVI nos fala de Santo Alberto Magno

“Santo Alberto Magno recorda-nos que entre ciência e fé existe amizade, e que os homens de ciência podem percorrer, através da sua vocação para o estudo da natureza, um autêntico e fascinante percurso de santidade.

Eis um dos grandes méritos de Santo Alberto: com rigor científico, ele estudou as obras de Aristóteles, convencido de que tudo aquilo que é realmente racional é compatível com a fé revelada nas Sagradas Escrituras.
Em síntese, Santo Alberto Magno contribuiu assim para a formação de uma filosofia autônoma, distinta da teologia e a ela vinculada só pela unidade da verdade. Assim nasceu, no século XIII, uma clara distinção entre estes dois saberes, filosofia e teologia que, em diálogo entre si, cooperam harmoniosamente para a descoberta da autêntica vocação do homem, sequioso de verdade e de bem-aventurança: e é sobretudo a teologia, definida por Santo Alberto "ciência afetiva", aquela que indica ao homem a sua vocação à alegria eterna, um júbilo que brota da plena adesão à verdade.

Papa Bento XVI

24/03/2010

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

São Serapião

Filho de um capitão inglês a serviço do rei Henrique II, em 1190 participou com o pai da terceira cruzada, sob o comando do célebre Ricardo Coração de Leão. No regresso, foi feito prisioneiro das tropas do duque da Áustria, próximo da laguna vêneta, e mantido como refém.

O duque percebeu que o jovem militar, além de bom militar, era muito bondoso e caridoso. Por causa disso o manteve na Corte. Mais tarde, quando soube da morte de seus pais, Serapião decidiu ficar na Áustria. Com os militares do duque, seguiu para a Espanha, para auxiliar o exército cristão do rei Afonso III, que lutava contra os invasores muçulmanos. Quando chegaram, os invasores já tinham sido expulsos.
Serapião conseguiu então ficar a serviço do rei Afonso de Castela, para voltar novamente à Áustria, quando o duque tomou parte na quinta cruzada. Neste ponto se encerra sua aventura militar.

Passa, na realidade, a militar sob uma outra bandeira: acabou conhecendo o sacerdote Pedro Nolasco, santo fundador da Ordem de Nossa Senhora das Mercês, os chamados frades mercedários, os quais se dedicavam em defesa da mesma fé, mas não fazendo guerra contra os muçulmanos, e sim buscando libertar do seu poder os cristãos prisioneiros, mesmo que para isso colocassem em risco suas próprias vidas.

Para sua primeira missão pacífica dirige-se com são Raimundo Nonato a Argel. Conseguem libertar 150 escravos. E como tinha aprendido a arte da guerra, teve o encargo de seguir as tropas espanholas na conquista das Baleares. Em todo caso, sua missão era fundar nessas ilhas o primeiro convento de sua ordem, que depois confiou à direção de um confrade. Em seguida, dirigiu-se à Inglaterra a fim de erigir um posto avançado da ordem.

Dessa vez, porém, a expedição teve um epílogo trágico: o navio foi assaltado por corsários, Serapião barbaramente espancado e lançado em uma praia deserta porque considerado morto. Recolhido por alguns pescadores, refez-se e pouco depois prosseguiu a viagem para Londres, onde não teve vida fácil.

Foi expulso de modo grosseiro, por haver desaprovado a injusta apropriação dos bens eclesiásticos pelo governo.

Voltou à Espanha e prosseguiu na obra caritativa de resgate dos prisioneiros, na última, que ocorreu em Argel, na África, teve de ficar refém para libertar os cristãos que estavam quase renegando a fé, enquanto o outro padre mercedário viajou rapidamente para Barcelona para buscar o dinheiro. Mas o superior, Pedro Nolasco, se encontrava na França. Quando soube disso, escreveu uma carta ao seu substituto, para arrecadar esmolas em todos os conventos da Ordem para libertar Serapião o mais breve possível.

Como o resgate não chegou na data marcada, os muçulmanos disseram a Serapião que poderia ser libertado se renegasse a sua fé cristã. Ele recusou. Furiosos, deram-lhe um martírio cruel. Desfizeram-lhe todas as juntas dos membros, crucificaram-no numa cruz de santo André e, o deixaram lá até morrer.
Aconteceu no dia 14 de novembro de 1240, em Argel, hoje atual capital da Argélia.


O culto que sempre foi atribuído a são Serapião, protetor contra as dores de artrose, foi confirmado em 1625 pelo papa Urbano VIII

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Santo Homobono de Cremona

No ano de 1140, nasceu em Cremona, na Itália, Homobono que significa “homem bom”, filho de um modesto alfaiate e comerciante de tecidos.
Seus pais deram-lhe uma educação esmerada e ensinaram-lhe princípios rígidos de honestidade e moralidade.

Quando chegou a idade de 18 anos, Homobono foi ajudar seus pais no pequeno comércio e iluminado pela graça divina, procurou sempre meditar o versículo do livro do Eclesiástico que diz: “Duas coisas me parecem difíceis e perigosas – dificilmente evitara erros o que negocia.” (Ecl 2,2 8)

Antes do expediente, logo pela manhã fazia suas orações matinais; participava da Santa Missa e aí sim abria o comércio com grande alegria. Homobono sempre repetia que: “Sem a benção de Deus nada se faz”, para ele era essa a maior expressão de verdade.

Durante todo o dia zelava para que os tecidos fossem cortados com muito cuidado, evitando assim desperdícios ou prejuízo a quem comprava.
Suas balanças eram cuidadosamente controladas para que correspondessem ao verdadeiro peso nem a mais, nem a menos; sempre o que era justo.

Corretíssimo era em seus compromissos, suas contas eram pagas até com certa antecedência, não admitia que por sua culpa, alguém fosse prejudicado.
Era sempre atencioso e gentil com todos e para com todos tinha um sorriso afetuoso, uma palavra de conforto ou um gesto de carinho.

Os domingos e dias-santo eram guardados com o devido respeito, participava da Santa Missa, e por algum tempo permanecia junto ao sacrário em adoração.
Para os pais era sempre bom filho e mesmo sendo maior mostrava-se obediente e respeitoso. E foi em obediência que aceitou a esposa que lhe indicaram.

Logo após seu casamento, experimenta a dor da perda de seu pai. Homobono é obrigado a assumir o comando dos negócios da família.
Os pobres, os desvalidos, os esquecidos e marginalizados encontravam em Homobono o amparo necessário, de todos se fez amigo e deles recebeu o título de “Pai dos Pobres”.

Era tudo para todos, levava alegria aos tristes, consolo aos desanimados, amparo aos necessitados, e esperança aos esquecidos e marginalizados.
Sua esposa, não tendo um coração generoso e amável, repreendia Homobono, chamando-o de exagerado. Nutria, ela certo receio de que a liberalidade de Homobono pudesse causar a ruína da família.

Nosso Santo Homobono sofria com os insultos e ofensas de sua esposa, porém em nada mudou com relação às obras de caridade.
Toda a Itália sofreu com o caos econômico, o dinheiro perdera seu valor, todos sentiram os terríveis efeitos da crise, os pobres ainda mais, e era na porta da casa de Homobono que uma multidão se aglomerava em busca do pão.
Num determinado dia, Homobono distribuiu todos os pães, e tudo o que tinha na dispensa. Sem reservar nada para os seus.
A noite sua esposa dirigiu-se a dispensa para se certificar do estrago que o marido fizera e pensando encontrar as prateleiras vazias, assiste estupefata o milagre da multiplicação. Tudo que possuíam antes continuava lá, e ainda em maior quantidade.

Tocada pela graça, ela implora o perdão do marido e de Deus, desde aquela data não só aceitou a generosidade de Homobono, como também o incentivava a fazer mais caridade.

Homobono, era bem conhecido, respeitado e amado por todos em sua cidade e região, sua vida foi marcada por fatos extraordinários, porém santificou-se nos pequenos gestos do dia-a-dia e na simplicidade do cotidiano.
No dia 13 de novembro de 1197, estando Homobono com sua esposa assistindo participando da Santa Missa é acometido de um mal súbito, e ali une-se aquele que era a razão de sua existência.

Ecoaram os gritos e soluços pelas ruas e praças de Cremona Morreu o Pai dos Pobres”. Milhares de pessoas vieram ao seu funeral para manifestar gratidão e reconhecimento.
Seu sepultamento foi grandioso e todo o povo, em lágrimas, despedia-se do Santo “Homem Bom”!
Homobono de ti aprendemos que a esmola dada ao pobre não consome a fortuna. Em Provérbio 28,27 lemos que “Quem dá aos pobres não sofrerá necessidade. Quem pratica misericórdia, será abençoado”.



quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Fogo! Fogo! Josafá está rezando...

Certa vez, dois religiosos de seu mosteiro, ao passar junto a sua cela, viram-na em chamas. Dão o alarme e todos acorrem. Quando vão arrombar a porta, o fogo desaparece: era Josafá que estava prosternado, rezando com a face no solo e os braços em forma de cruz! Seus companheiros compreendem o prodígio e afastam-se bendizendo a Deus.


Quanto mais avança em idade, mais alegria encontra na oração. Freqüentemente vêem-se os próprios Anjos ajudarem-no durante a Missa. E de uma imagem de Nossa Senhora saem raios que o envolvem em luz, quando reza diante d’Ela.

São Josafá - Precursor do Ecumenismo

João Kuncewicz nasceu em 1580, na cidade de Wolodymyr, na atual Lituânia, mas então pertencente à Polônia. Era filho de simples e respeitado comerciante.

Ainda criança, vendo o crucifixo, pergunta a sua mãe o que ele significa. Diante da explicação, sente como uma centelha de fogo que caía sobre seu coração, comunicando-lhe grande amor pelas cerimônias da Igreja. Foi o ponto de partida de sua vida interior e de sua missão.

Sua infância transcorre na mais perfeita inocência e piedade, que se refletem até em seus divertimentos preferidos. Decora o Ofício divino para poder cantá-lo.

Enviado a Vilnius para fazer carreira junto a rico comerciante, não perde o hábito da oração, o que lhe acarreta injustos castigos corporais, pois o patrão deseja vê-lo somente produzindo. Sua piedade, porém, cresce em meio às dificuldades.

A capital da Lituânia era então uma arena onde todos os erros se conjugavam para combater a Santa Igreja. Cada tipo de heresia lá tinha seu templo, seu ministro e seus defensores. Em uma mesma família ocorria o fato de ser o pai de uma, a mãe de outra e os filhos de uma terceira religião.
Exposto aos perigos próprios a tal ambiente, sem conselho, sem experiência, evitando as pessoas ociosas, levianas e imorais, atravessou Josafá esse ambiente sem sujar sequer a franja de suas vestes.

Vivia-se a época do cisma provocado pelas igrejas do Oriente e Josafá foi um dos grandes batalhadores pela união delas com Roma, tendo obtido vitória em muitas das frentes de batalha. Josafá rezou a Deus Nosso Senhor suplicando-lhe que lhe indicasse o caminho que devia trilhar.
"A partir desse momento - narra o próprio Santo - votei tal ódio ao cisma, que era forçado a repetir sem cessar a palavra do profeta: Eu odeio a sinagoga dos maus (Salmo 25)".

Desde então nasceu nele o desejo ardente de combater qualquer forma de cisma, o defensor da união com a Igreja de Roma.

Espírito vivo e sagaz, propenso a análises sólidas, dotado de memória fácil, considera o comércio uma atividade insuportável. E nem mesmo a promessa de tornar-se herdeiro do rico comerciante leva-o desistir de seguir sua vocação, que é a de tornar-se monge basiliano. Assim, em 1605 ingressa na Ordem de São Basílio, nela recebendo o nome de Josafá, segundo o costume grego.
As leituras sobre a vida e o holocausto dos mártires não somente o entretêm, mas conferem-lhe ânimo para a luta de todos os dias.

A reputação de suas virtudes chegou aos ouvidos de certa mulher de má vida, que o visita na certeza de conseguir seduzi-lo. Indignado, ordena o Santo que ela se afaste. Diante da negativa, arma-se com um bastão e à força de golpes obriga a infame pecadora a fugir envergonhada. A notícia de tal ato de virtude logo circula pela cidade, e em decorrência disso, todos querem ver Josafá e ter a honra de merecer sua amizade.

Nota-se no espírito do Santo simplicidade, retidão, amor de Deus extraordinários. Aos poucos, forma-se em torno dele, pequena mas fervorosa comunidade religiosa. Nela, Josafá exerce as funções de sacristão, corista, ecônomo; em uma palavra, todas as atividades secundárias da casa.

Certa ocasião, os cismáticos convidam-no para uma reunião, esperando atraí-lo para sua causa. De volta ao mosteiro, Josafá comenta que estava chegando do inferno, onde ouvira a voz de Satanás propondo-lhe que renunciasse à fé.

As agitações crescem em torno de si, não podendo sair em público sem ser objeto de vaias e maldições dos cismáticos. Chamam-no de traidor, hipócrita, trapaceiro, ignorante, ímpio. Jogam-lhe até pedras e paus.

Durante tais perturbações, em 1609, recebe a ordenação sacerdotal, completando, com tal Sacramento, o sacrifício de louvores a Deus que havia iniciado desde a infância.

Sempre grave e recolhido, por inclinação natural, manifesta rara disposição para o estudo. Espírito penetrante, tudo o que lê e entende fica gravado em sua mente.

Explica-se, pois, que discorra sobre os artigos da fé, nos pontos discutidos pelos cismáticos, com clareza e encanto fulgurantes. à sua voz, uns abjuram a heresia, outros o cisma e outros ainda renunciam a uma vida pecaminosa. A graça de Deus transborda de seus lábios e triunfa sempre de seus adversários fazendo-os retirarem-se confusos e estupefatos, perguntando-se donde lhe vinha tanta sabedoria. Apelidaram-no o Arrebatador de almas.

Sua atividade é prodigiosa: vigário, administrador nos planos temporal e espiritual, ecônomo, confessor, mestre de noviços, além de visitar hospitais e bairros pobres.
E quanto mais rezava, mais se abrasava do desejo de se imolar por Deus.

Um bispo inflexível na defesa da Fé
Em 1617 foi nomeado Bispo de Vitebsk, com direito à sucessão ao Arcebispado de Polock, o que aconteceu em 1618. Sua autoridade estendendo-se então as duas cidades, atualmente em território da Bielorússia. Naqueles anos a situação de confronto entre católicos e cismáticos permanece relativamente calma.
A cerimônia de sua posse em Polock é majestosa, com bastante pompa. O comissário real apresenta-o à nobreza e aos governadores da cidade, dizendo: "Em nome e por ordem do Rei, apresento à Igreja católica, um arcebispo; à nobreza, um novo ornamento; à cidade, um defensor e a todo rebanho, um pastor".
Era amado pelo povo pelo exemplo de suas virtudes, obediência total à disciplina monástica e à prática da caridade.
Exemplo disso foi quando, certa vez, sem ter como ajudar uma viúva que passava necessidades, penhorou o pálio de bispo para conseguir dinheiro e socorrê-la.
Em seu palácio são recebidos tanto ricos como pobres. Um familiar seu também o procura para pedir-lhe auxílio. Mas obtém como resposta que as rendas destinam-se à Igreja e aos pobres. Seu parente então satisfaz suas necessidades com seu próprio trabalho.

Amando sem medidas a Deus e sua Lei, como conseqüência natural, o Santo detesta também sem medidas a doutrina oposta a Deus.

Diante das pressões para estabelecer uma paz a todo custo com os cismáticos, Josafá responde que a paz é um bem público, desde que seja aquela a que Nosso Senhor se referiu dizendo "Eu vos deixo a minha paz". Não, porém, a outra que Ele execra, dizendo que não veio trazer a paz, mas a espada (cfr. Mt 10,34). Que falsa paz seria essa, selada ao preço de grave ofensa a Deus?

Os cismáticos agridem os católicos, e, ao mesmo tempo, choram apresentando-se como vítimas. Tais artimanhas não são suficientes para demover o Santo de sua firme posição e de seu zelo pela ortodoxia.

Josafá defendia com coragem a autoridade do papa e o fim do cisma, com a conseqüente união das igrejas. Pregava e fazia questão de seguir os ensinamentos de Jesus numa só Igreja, sob a autoridade de um único pastor. Sua luta incansável reconquistou muitos hereges e ele é considerado o responsável pelo retorno dos rutenos ao seio da Igreja. Embora outras igrejas do Oriente não o tenham seguido, foi uma vitória histórica e muito importante.

Com o passar do tempo, a atitude dos cismáticos torna-se cada vez mais ameaçadora. Gritos sinistros, injúrias e pedradas avolumam-se. Essa audácia só se explicava por um encorajamento externo. Para eles, Josafá está fora da lei e uma tentativa de assassiná-lo não constitui crime, apesar do castigo infligido pela Providência a vários dos que atentaram contra sua vida.
Seus servidores também compartilham tais sofrimentos, sendo insultados, agredidos com paus e pedras quando saem à rua.

Martírio, milagres e glória eterna
Josafá ardia do desejo de morrer por Nosso Senhor Jesus Cristo e participar de Sua glória eterna.
Em novembro de 1623, encontra-se em Vitebsk, numa visita pastoral. Não foi possível fazê-lo sair da cidade, onde abertamente se planeja sua morte, pois o fanatismo abafa nas almas o horror ao crime.
No dia 12 daquele mês, um domingo, depois das orações matinais na igreja, é dado o sinal, e todos conspiradores aglomeram-se à porta do templo para pegá-lo à saída. Ele avança com passo firme através das fileiras cerradas da turba; gritos de morte, armas que são brandidas sobre sua cabeça não o assustam. Sua presença altaneira faz aos poucos cessar o tumulto. E assim pôde chegar a salvo ao Palácio episcopal. Este então é invadido. Mas, à vista do Santo Bispo, os assassinos recuam. Há um momento de indecisão. Dois celerados precipitam-se de uma sala ao lado, e postulando sua morte, atiram-se sobre sua pessoa, ferindo-o e pisando-o. Seu corpo, sobretudo a cabeça, deixa de apresentar a forma humana. Cospem sobre o cadáver, arrancam-lhe a barba e os cabelos.
E apesar de Deus sua ira manifestar cegando uma mulher que lhe arrancava a barba, cobrindo o palácio com uma tenebrosa nuvem, da qual saía um raio de luz que ia pousar sobre o corpo -, parece que todos estão entregues ao demônio.
Arrastam-no pelas ruas da cidade. Sua cabeça bate num muro e deixa a silhueta incrustada, de tal maneira que foi impossível apagá-la. Do alto da colina para onde foi levado, o corpo é lançado no rio Dwina. Entretanto, nenhum osso se fratura.
Como se tudo isso não bastasse, alguns dos revoltosos pegam o corpo e o conduzem a um lugar do rio conhecido pela profundidade, a fim de que ali ele apodrecesse. Neste momento uma coluna de luz indica o local onde o corpo se encontra. E apesar da quantidade de pedras que nele foram atadas para que afundasse, o cadáver reaparece em seguida, seguindo os assassinos. Estes tiveram que fazer grande esforço para jogá-lo novamente no local mais fundo do rio.
No palácio, alguns magistrados, que aparecem tardiamente, mandam transportar um cofre contendo objetos de culto, que os golpes dos assassinos não conseguiram abrir. Ao passar por uma mancha de sangue do Arcebispo, o cofre cai e se abre; um cálice, que estava dentro, rola, tinge-se de sangue e volta para sua posição normal, indicando que o sacrifício de Josafá havia se unido ao Sacrifício eterno de Nosso Senhor.
Alguns dias depois, uma luz milagrosa saindo das águas indica o lugar onde se encontram os restos mortais do Mártir. O céu, que permanecera sombrio, retoma sua cor normal. Entre os habitantes da cidade, o espanto cede lugar à dor.
Seu corpo é resgatado. Apesar de ter ficado quase seis dias sob as águas, nenhum sinal de decomposição existe nele. As feridas parecem ornatos que o embelezam.
Muitas vezes as palavras não são suficientes na pregação para persuadir e converter. É necessário falar mediante chagas, comover pelo sangue. Sua feridas transfiguradas apresentavam uma eloqüência irresistível. À vista desse espetáculo, um cismático converte-se e se dispõe a dar a vida pela Igreja católica.

Era um santo, - dizia o povo - nunca ofendeu qualquer pessoa; malditos os que o mataram!
- Por que adoras essas pedras? - gritam para um cego cismáticos que ali se encontravam. Mas eis que, confusos, ouvem eles a exclamação desconcertante: Vejo!

Deus, prodigalizando assim os milagres, chancela a conduta heróica e firme do servidor fiel, que não dobrou os joelhos diante de seus inimigos.
Para satisfazer a devoção popular, o cadáver precisa permanecer 10 dias exposto na catedral de Polock, onde é sepultado. Em vez da dor, todos experimentam uma sensação de alegria ao contemplar seu corpo.
Quando se examina a lista de milagres, fica-se impressionado ao se verificar que todos os amigos do Santo que lhe pediram favores, são invariavelmente atendidos.
São Josafá foi beatificado em 1643, por Urbano VIII. E no dia 29 de junho de 1867, o canhão do castelo de Santangelo e os sinos de todas as igrejas romanas saudaram o novo Santo, canonizado por Pio IX.
É considerado o precursor do ecumenismo que vivemos em nossos dias.


terça-feira, 11 de novembro de 2014

Milagres São Martinho de Tours

Certo dia o santo pregava num povoado pagão em que os habitantes, na primavera, adornavam com flores um sepulcro que alegavam pertencer a um grande mártir. Mas ninguém sabia informar quem era, nem como tinha morrido, e quis acabar com esse culto supersticioso.
Aproximou-se do túmulo e disse com voz imperativa: “Quem quer que sejas, mártir ou não, em nome de Deus eu te mando que nos digas quem és”. 

Uma sombra pavorosa saiu do sepulcro e disse com voz lamurienta: “Sou a alma de um ladrão justiçado por seus delitos. Nada tenho de mártir. Enquanto eles gozam da glória, eu estou ardendo nas chamas do inferno”. 

Os camponeses, horrorizados, destruíram imediatamente o túmulo.

Entre os milagres atribuídos ao santo durante sua vida, consta a ressurreição de um catecúmeno, para que pudesse receber o batismo. Ressuscitou também o criado de um nobre romano que se tinha enforcado, para tirá-lo das portas do inferno.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Sermão de São Leão Magno - Pedro e Paulo

Pedro e Paulo, germes da semente divina

É preciosa aos olhos do Senhor a morte dos seus santos, e nenhuma espécie de crueldade pode destruir a religião que foi fundada pelo mistério da cruz de Cristo.

A Igreja não diminui com as perseguições, mas aumenta; e o campo do Senhor reveste-se sempre com uma seara mais abundante quando os grãos, caídos um a um, nascem multiplicados.

Por isso estes dois ilustres germes da semente divina deram origem a uma inumerável descendência, como testemunham os milhares de mártires bem aventurados, que, rivalizando com o triunfo dos Apóstolos, rodearam a nossa cidade de multidões purpuradas e resplandecentes ao longe e ao largo, como se a coroassem com um diadema entrelaçado de muitas e belas pedras preciosas.

Devemos certamente alegrar-nos, irmãos caríssimos, na comemoração de todos os Santos, que são para nós um dom de Deus, proteção da nossa fraqueza, exemplo de paciência e confirmação da nossa fé. Mas ao celebrarmos a memória dos apóstolos São Pedro e São Paulo, com razão nos devemos gloriar mais jubilosamente, pois a graça de Deus os elevou tão alto entre todos os membros da Igreja que os constituiu como a luz dos dois olhos no corpo de que Cristo é a cabeça.

Nos seus méritos e virtudes, que superam toda a eloquência humana, nada devemos considerar diferente ou distinto num e noutro, porquanto a eleição os tornou semelhantes, o trabalho parecidos e o fim da vida iguais.

Tal como nós já experimentámos e os nossos maiores demonstraram, cremos e confiamos que no meio de todas as dificuldades desta vida seremos sempre ajudados pela oração dos nossos principais protetores para obter a misericórdia de Deus. Deste modo, se os nossos pecados nos abatem, elevam-nos os méritos dos Apóstolos