quinta-feira, 25 de setembro de 2014

São Sérgio e o Ícone da Trindade

São Sérgio uniu toda a Rússia do século XIV ao redor da Igreja dedicada à Trindade, ou seja: ao redor de Deus.
Após sua morte não deixou nenhuma pesquisa ou escrito teológico, porém toda sua vida fora dedicada à Santíssima Trindade, base de suas incessantes meditações.
Dedicou sua vida anunciando a união e o amor entre os que o rodeavam, ensinando-os a meditar na Trindade para superar o ódio que divide o mundo. Na memória do povo Russo, permaneceu Sérgio como pessoa que fora enviada do céu para proteger seu país e que também indicou de forma concreta o mistério da Trindade e sua Unidade. Essa luz que foi entornada nele o transformou numa imagem transparente, radiante e resplandecente na pureza e na Luz.

Enquanto Sérgio era abade, Rublev se tornou um monge no mosteiro da Trindade. Aí se dedicou e se aperfeiçoou na pintura, nos ateliês do mosteiro, os quais eram os mais importantes ateliês de arte sacra daquela época. Porém Rublev deixou o mosteiro por um determinado período para ir a Moscou trabalhar como artista e ao retornar ao mosteiro, o seu superior já tinha falecido no ano de 1392.

Após ter passado alguns anos da morte de seu superior, um dos alunos pediu ao monge Rublev, que tinha se tornado um dos mais famosos pintores, que pintasse um ícone da Trindade em memória de seu falecido mestre.
Rublev que era um eremita fiel e de fama digna, de caráter incomparável e pureza de coração, e de profunda vida espiritual, atendeu ao pedido que lhe foi feito, dando início à pintura.
Dizem que Rublev, nos seus momentos de descanso, sentava-se junto ao seu amigo e aluno de frente ao ícone celeste admirando-o e elevando sempre seus pensamentos à Luz Divina, tentando efetivar o objetivo do Santo Sérgio nas cores e na iluminação. Sempre meditava o versículo do Santo Evangelho que diz: “para que sejam um como nós o somos...” (Jo 17,11b); a unidade e o amor eram a sua única fixação.

Não há dúvidas que a humildade era uma das características básicas para esse monge; era como se nele tivesse sido aberto um vazio total que permitiu a Deus fazer escorrer a Luz da Trindade para o seu interior, iluminando o seu coração, seu ser e sua mente, até tornar todo toque de seu pincel num clamor de glorificação e incenso de louvor ao céu, propagando o aroma da Trindade e expandindo como um perfume no mundo dos fiéis na comunhão dos Santos. Era como se o próprio Espírito Santo o conduzisse e orientasse seu pincel para ajudar aquele artista a apresentar essa contemplação celeste nesse patamar de beleza.


Essa obra magnífica lhe custou muitos esforços, cansaço e oração; porém, vendo o resultado, teve a recompensa. Sua obra, entre os ícones, é uma benção que paira sobre a humanidade e um ponto de meditação e fonte de profunda iluminação espiritual.

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