Donde
saiu Ele, Aquele que está presente em toda a parte, que enche todo o universo?
Como saiu? Aproximou-Se de nós, revestindo-Se da nossa carne. Uma vez que não
podíamos ir até Ele, porque os nossos pecados nos impediam o acesso, foi Ele
que veio até nós. E porque foi que saiu? Para destruir a terra onde abundavam
os espinhos? Para castigar os cultivadores? De modo nenhum. Ele veio cultivar
essa terra, tratar dela e nela semear a palavra da santidade. Porque a semente
de que fala é, na verdade, a sua doutrina; o campo é a alma do homem; o
semeador é Ele próprio.
Teríamos razão em censurar um cultivador que
semeasse com tanta abundância. Mas, quando se trata das coisas da alma, as
pedras podem transformar-se em terra fértil, o caminho pode deixar de ser
pisado pelos os transeuntes e tornar-se um campo fecundo, os espinhos podem ser
arrancados e permitir aos grãos que cresçam com toda a tranquilidade. Se isso
não fosse possível, Ele não teria lançado a semente. E, se a transformação não
se realizou, não é por culpa do semeador, mas daqueles que não quiseram
deixar-se transformar. O semeador fez o seu trabalho. Se a semente se perdeu, o
autor de tão grande benefício não é responsável por isso.
Nota bem que há várias maneiras de perder a
semente. Uma coisa é deixar a semente da
palavra de Deus secar sem tribulações e sem cuidados, outra é vê-la sucumbir
sob o choque das tentações. Para que tal
não nos aconteça, gravemos a palavra na nossa memória, com ardor e seriedade.
Assim, por muito que o diabo arranque à nossa volta, teremos força para evitar
que ele arranque o que quer que seja dentro de nós.
São João Crisóstomo – Século V
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