segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

22 de janeiro - São Vicente Palotti

Ordenado sacerdote na basílica de São João de Latrão a 16 de Maio de 1818, Vicente Palotti pertencia ao clero de Roma. Era, portanto, um sacerdote romano  que na primeira metade do séc. XIX se distinguiu entre os sacerdotes pela sua formação intelectual e espiritual. Um modelo de sacerdote bom pastor que guiava e defendia os crentes, no tempo do enfraquecimento da fé. Mas, sobretudo, inscreveu-se na história da Igreja com as suas iniciativas a fim de promover a formação espiritual e pastoral dos sacerdotes romanos.

Com a sua profunda vida espiritual, suas múltiplas atividades apostólicas e a realização profética do apostolado, influiu de modo relevante na história da Igreja no século XIX. Ele viveu num tempo em que foram impostos fundamentos do mundo moderno e de uma nova ordem sociopolítica. As ideias do iluminismo, as turbulências do período napoleônico, o surgimento da questão operária, que culminou no “manifesto comunista”, as tendências liberais, os movimentos nacionalistas na Europa e o desenvolvimento da imprensa são algumas vozes que caracterizaram os tempos de São Vicente Pallotti.

Pallotti confrontava-se com os problemas que dificultavam a vivência da fé e o crescimento das tarefas ligadas ao anúncio do Evangelho nas terras de missão. Diante de tais problemas que a Igreja devia afrontar, Pallotti voltava sua atenção sobre a necessidade urgente de reavivar a fé e de reacender a caridade entre os católicos para anunciar a todos os homens a boa notícia da salvação.

Vicente Pallotti nasceu em Roma no dia 21/04/1795. No dia seguinte foi Batizado na Igreja de São Lourenço, em Damasco, com o nome de Vicente Luiz Francisco.
“Deu-me Deus pais santos. Que conta lhe deverei dar, se não aproveitar dos seus ensinamentos!”
Seus pais tinham em pleno centro de Roma um matrimônio feliz: 10 filhos. Cinco morreram na infância. Os que sobreviveram eram homens. Nenhum se casou. Por isso a família Pallotti não teve descendência.
“Quem se coloca com toda a alma no caminho do amor de Deus, não pode falir.”

Foram os encontros com o amigo Padre Fazzini que levaram Vicente a tomar a decisão de ser sacerdote, realizando assim um desejo que sentia desde pequeno, quando disse a sua mãe: “Um dia você me verá celebrar a Missa no altar de São Felipe Néri”.
Aos 15 anos, foi impedido de entrar no seminário por causa das perseguições religiosas. Então transforma a casa num pequeno seminário, onde Padre Fazzini o acompanha nos estudos e oração e já pensa no seu apostolado de amanhã.

Vicente Pallotti, na sua amizade com Bernardino Fazzini, foi descobrindo que Deus o chamava para o sacerdócio. Uma descoberta que lhe fez experimentar o amor de Deus. Toda manhã saía de casa para ir até o seminário para participar das aulas e retornava à família onde se dedicava ao estudo, ao trabalho e à oração.

No tempo livre do estudo, encontramos o jovem Vicente no meio das crianças do seu bairro, atento aos pobres e doentes, pelos quais quer ser: “Quisera ser alimento para os famintos, veste para os nus, bebida para os sedentos, licor para o estômago débeis, plumas macias para repouso de membros quebrados e cansados, medicamento e saúde para os doentes e sofredores, para os coxos, para os mutilados, para os surdos, para os mudos; luz para os cegos de corpo e de espírito; vida para ressurreição das criaturas todas que morreram para Deus e para os homens, a fim de que o retorno à vida as leve a realizar, até o dia do juízo, grandes coisas para a honra do meu Deus, do meu Criador, do meu bem, do meu tudo.”

“Quando vejo ou ouço falar em pessoas aflitas, angustiadas, atribuladas, cansadas, carregadas de pesos e fadigas..lavradores, carroceiros, pedreiros, pobres…pelas noites em que não dormem, porque eles mesmos estão doentes ou inquietos…o desprezo e o sofrimento dos pobrezinhos de Jesus Cristo…quando reflito sobre todas as outras misérias que não enumerei e nem sequer compreendo…se eu mesmo ou outra pessoa pudesse penetrar em todos os ângulos da terra e enxergar de uma só vez as misérias que atribulam a pobre humanidade, acredito que o coração humano não suportaria semelhante visão, mas todos morreríamos de dor.”

Padre Vicente era um ótimo aluno de Teologia, aplicado, inteligente, fiel, à doutrina da Igreja. Professor, amado pela sua compreensão e temido pela sua exigência. Despojou-se de toda autoridade e fez-se um aluno no meio dos outros, cativando a simpatia de todos. Não tardou em compreender que não era a sua vocação ser professor, embora tivesse capacidade. Sentia que o Senhor o queria no meio do povo.
“Procura a Deus e irás encontrá-lo Procura-o sempre, irás encontrá-lo em tudo.”
Uma das características da vida de Padre Vicente era não saber dizer não, e era sua alegria ir ao encontro de todos. Ajudar, doar seu tempo e amor com plena e total generosidade. Não pensava que o dia  tinha 24 horas, assumia compromisso para 48 horas diárias. Estando em apuros recorria aos amigos sacerdotes ou leigos para que o ajudassem. Padre Vicente era tão santo que não precisava dormir, diziam os amigos que o viam sempre trabalhando, estava disponível de dia e de noite para os irmãos. Durante a noite a luz do quarto ficava acesa, era Padre Vicente que depois das fadigas diárias, dedicava-se ao estudo. 

Padre Vicente queria ajudar os missionários, e, desde o início do seu sacerdócio, foi procurando terços, medalhas, crucifixos para doá-los aos missionários que voltavam para a própria missão. Não se envergonhava de pedir, sabia que não era para ele e que tudo isso seria um meio para tornar-se missionário com os missionários.

Vicente atuava com eles, como mãe solícita por seus filhos queridos. Administrava-lhes remédios, dava-lhes de beber, erguia-os na cama, quando era necessário, animava-os a suportar tudo com paciência, consolava-os de maneira mais afetuosa.

Visita ao Papa Pio IX

Um dia foi visitar o Papa Pio IX, já seu velho amigo. O Papa, olhando com carinho para Padre Vicente, lhe perguntou:
-Está contente, Padre Vicente?
E, notando que não estava plenamente feliz, diz a todos
-Vocês veem. Eu sabia que o Padre Vicente não estaria de modo algum satisfeito. Estar satisfeito é parar no caminho.

O médico diagnosticou uma pleuresia, doença grave, porque tinha os pulmões bem debilitados. O Padre Vaccari, o sucessor na direção do Apostolado Católico, disse-lhe apreensivo:
-Padre Vicente, se o senhor pedir a Deus que prolongue a sua vida, Deus escutá-lo-á. Vicente, olhando-o com muita bondade respondeu-lhe:
-Deixa-me ir para onde Deus me chama.


Era o dia 22 de janeiro de 1850, às 21h45. Padre Vicente voltava feliz e rico em merecimentos para a Casa do Pai.

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