"Testemunhas afirmam que ela rezava muito e que
tinha sempre o Rosário nas mãos. Era adoradora do Santíssimo Sacramento e fiel
contempladora da Paixão do Senhor; assídua à Missa, atenta à homilia do pároco;
passava horas e horas em adoração diante do Tabernáculo. Fazia muitas
penitências e mortificava-se. Era chamada 'mãe dos pobres'.
Hoje, Nhá Chica recebe a veneração de muitos fiéis, de
todas as partes do Brasil. Mas, ela não fica contente somente em ser venerada,
mas deseja, sobretudo, ser imitada. Ela quer que sejamos como ela, verdadeiros
discípulos de Jesus, seguindo e pondo em prática o Evangelho. Isto é o que
todos nós devemos fazer. Também hoje a Igreja precisa de santos, estes são sua
verdadeira coroa de glórias".
Cardeal
Amato – Homilia de beatificação – 04 de maio de 2013
Ainda pequena Francisca de
Paula de Jesus, que nasceu em Santo Antônio do Rio das Mortes, distrito de São
João del-Rei (MG), chegou em Baependi (MG). Veio acompanhada por sua mãe e por
seu irmão, Teotônio. Dentre os poucos pertences, trouxeram uma imagem de Nossa
Senhora da Conceição.
Em 1818, com apenas 10 anos
de idade, a mãe de Nhá Chica faleceu deixando aos cuidados de Deus e da Virgem
Maria as duas crianças, Francisca de Paula de Jesus, com 10 anos e seu irmão,
com então 12 anos. Órfãos de mãe, sozinhos no mundo, Francisca de Paula e
Teotônio, cresceram sob os cuidados e a proteção de Nossa Senhora, que pouco a
pouco foi conquistando o coração de Nhá Chica. Esta, a chamava carinhosamente
de "Minha Sinhá" que quer dizer: "Minha Senhora", e nada
fazia sem primeiro consultá-la.
Nhá Chica soube administrar
muito bem e fazer prosperar a herança espiritual que recebera da mãe. Nunca se
casou. Rejeitou com liberdade todas as propostas de casamento que lhes
apareceram. Foi toda do Senhor. Se dava bem com os pobres, ricos e com os mais
necessitados. Atendia a todos os que a procuravam, sem discriminar ninguém e,
para todos tinha uma palavra de conforto, um conselho ou uma promessa de
oração. Ainda muito jovem, era procurada para dar conselhos, fazer orações e dar
sugestões para pessoas que lidavam com negócio. Muitos, não tomavam decisões
sem primeiro consultá-la, e para tantas pessoas, ela era considerada uma
"santa", todavia em resposta para quem quis saber quem ela,
realmente, era, respondeu com tranquilidade:"... É porque eu rezo com fé".
Sua fama de santidade foi se
espalhando de tal modo que pessoas de muito longe começaram a visitar Baependi
para conhecê-la, conversar com ela, falar-lhe de suas dores e necessidades e,
sobretudo para pedir-lhe orações. A todos, atendia com a mesma paciência e
dedicação, mas nas sextas feiras, não atendia a ninguém. Era o dia em que
lavava as próprias roupas e se dedicava mais à oração e à penitência. Isso
porque sexta-feira é o dia que se recorda a Paixão e a Morte de Nosso Senhor
Jesus Cristo para a salvação de todos nós. Às Três horas da tarde,
intensificava suas orações e mantinha uma particular veneração à Virgem da
Conceição, com a qual tratava familiarmente como a uma amiga.
Nhá Chica era analfabeta,
pois não aprendeu a ler nem escrever, desejava somente ler as Escrituras
Sagradas, mas alguém as lia para ela, e a fazia feliz. Compôs uma Novena à
Nossa Senhora da Conceição e em Sua honra, construiu, ao lado de sua casa, uma
Igrejinha, onde venerava uma pequena Imagem de Nossa Senhora da Conceição que
era de sua mãe e, diante da qual, rezava piedosamente para todos aqueles que a
ela se recomendavam. Essa Imagem, ainda hoje, se encontra na sala da casinha
onde ela viveu, sobre o Altar da antiga Capela.
Em 1954, a Igreja de Nhá
Chica foi confiada à Congregação das Irmãs Franciscanas do Senhor. Desde então
teve início bem ao lado da Igreja, uma obra de assistência social para crianças
necessitadas que vem sendo mantida por benfeitores devotos de Nhá Chica. Hoje a
Associação Beneficente Nhá Chica (ABNC) acolhe mais de 150 crianças entre
meninas e meninos.
A "Igrejinha de Nhá
Chica", depois de ter passado por algumas reformas, é hoje o
"Santuário Nossa Senhora da Conceição" que acolhe peregrinos de todo
o Brasil e de diversas partes do mundo. Muitos fiéis que visitam o lugar, pedem
graças e oram com fé. Tantos voltam para agradecer e registram suas graças
recebidas. Atualmente, no "Registro de graças do Santuário", podem-se
ler aproximadamente 20.000 graças alcançadas por intercessão de Nhá Chica.
Nhá
Chica morreu no dia 14 de junho de 1895, estando com 87 anos de idade, mas foi
sepultada somente no dia 18, no interior da Capela por ela construída. As
pessoas que ali estiveram sentiram exalar-se de seu corpo um misterioso perfume
de rosas durante os quatro dias de seu velório. Tal perfume foi novamente
sentido no dia 18 de junho de 1998, 103 anos depois, por Autoridades
Eclesiásticas e por membros do Tribunal Eclesiástico pela Causa de Beatificação
de Nhá Chica e, também, pelos pedreiros, por ocasião da exumação do seu corpo.
Os restos Mortais da Venerável se encontram hoje no mesmo lugar, no interior do
Santuário Nossa Senhora da Conceição em Baependi, protegidos por uma Urna de
acrílico colocada no interior de uma outra de granito, onde são venerados pelos
fiéis.
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