Tiago é reconhecido tanto pela sua inteligência quanto pela sua
piedade, é um testemunho de que o amor de Deus se mostra e se concretiza no
serviço às pessoas através da responsabilidade do amor no seio da Igreja.
Seus escritos refletem os ensinamentos
de Santo Agostinho e seu amor pela Igreja. Em seu modo de viver, ele seguiu os
ideais de Agostinho.
Descendente de uma nobre família, Tiago nasceu na cidade italiana
de Viterbo por volta de 1255. Pouco se sabe de sua vida quando era jovem,
exceto de que ingressou na Ordem Agostiniana em 1270 ou 1272, na sua cidade
natal e vestiu o hábito no convento da Santíssima Trindade, em Viterbo.
Na Ordem Agostiniana ele logo
começou a se distinguir academicamente, o que lhe trouxe, com o tempo, amplo
reconhecimento e responsabilidades de alto nível.
Seus superiores decidiram
mandá-lo estudar em Paris, cidade que era então o centro dos estudos
universitários de toda a Cristandade. Na capital da Franca ele estudou
filosofia e teologia entre os anos 1275 e 1282. Como estudante de teologia teve
por mestre o grande agostiniano e ilustre acadêmico frei Gil de Roma. Este
tinha sido aluno do próprio Tomás de Aquino e sempre teve muita consideração
por Tiago de Viterbo.
Uma vez de volta à
sua pátria, Itália, Santiago trabalhou diligentemente com os seus irmãos
agostinianos e ficou reconhecido tanto pela sua inteligência quanto pela sua
piedade.
Ele retornou à Paris em 1286
com o objetivo de prosseguir seus estudos teológicos. Ele obteve o bacharelado
em 1288. Aprofundando sua aprendizagem, conquistou o doutorado em teologia em
1293. Por designação de Gil de Roma, eleito prior geral da Ordem Agostiniana,
Tiago foi nomeado diretor da casa internacional de estudos de seus colegas
Agostinianos. Ele sucedeu, assim, seu antigo professor, o próprio frei Gil de
Roma.
Tiago permaneceu no cargo até
1299. Sua carreira como professor e diretor aclamou-o como um acadêmico
universitário de destaque internacional. Tiago ensinou em Paris e, mais tarde,
em Nápoles.
Em 1300 ele retornou mais uma vez à Itália onde durante dois anos
ensinou em Nápoles. Foi membro do capítulo geral da Ordem Agostiniana, que
naquele ano aconteceu na cidade de Nápoles.
No capítulo, no entanto, apesar
de sua já estabelecida fama como acadêmico, não foi suas conquistas acadêmicas
e seus dotes intelectuais que atraíram atenção, mas algo inteiramente
diferente: sua humildade.
Tiago de Viterbo se viu
envolvido num desacordo e confrontação pública com o então prior geral, um frei
não menos distinto que ele mesmo e que mais tarde recebeu o título de beato:
Agostinho de Tarano. Henry Friemar, uma testemunha ocular do que aconteceu e um
cronista de confiança que pode muito bem ser considerado o mais antigo
historiador da Ordem Agostiniana, escreveu a história do conflito.
Parece que um frei alemão, cujo
nome é desconhecido, foi injustamente e seriamente acusado de algum
comportamento reprovável. Isso chegou ao ouvidos do prior geral, e ele,
buscando informações mais concretas, questionou Tiago sobre o assunto. Tiago,
que conhecia o tal frei, o defendeu, afirmando que as acusações contra ele eram
infundadas.Tiago não foi o único que defendeu o frei acusado.
O prior geral, no entanto, não
se convenceu dos argumentos a favor do frei em questão. Ele então publicamente
denunciou qualquer frei que desse apoio ao acusado, afirmando que freis que
tinham um lugar de honra na Ordem estavam mostrando sua gratidão à comunidade
saindo do caminho do que é certo para poder defender outros freis que não
mereciam tal defesa.
Tiago de Viterbo se deu conta
de que o que foi dito era para ele mesmo e não se calou: levantou na presença
da assembléia dos freis e respondeu declarando que era sincera a sua crença de
que o acusado frei era inocente. Foi por isso que o defendeu com a sinceridade
do coração e a clareza de consciência para o bem da Ordem. No entanto, afirmou
que ele humildemente aceitaria o julgamento de seus superiores no assunto.
Toda a assembléia ficou
maravilhada e edificada pelo tom humilde de sua resposta. Os contemporâneos de
Tiago entenderam sua conduta na ocasião como medida de sua grande devoção para
com a Ordem Agostiniana e à pessoa do prior geral, que ele via como o princípio
de unidade na Ordem. E assim o conflito se desfez.
Tiago de Viterbo era um líder.
E reconhecendo sua liderança e seu amor pela Ordem Agostiniana, o Papa
Bonifácio VIII convidou-o para expressar sua liderança e amor na Igreja como
bispo. Assim, ele foi chamado para exercer seu cuidado e zelo de um modo mais
amplo.
Ele foi nomeado bispo - o
primeiro bispo - de Benevento no dia 3 de setembro de 1302 e por isso precisou
deixar a carreira de professor que exercia em Nápoles.
Por volta do final do mesmo ano
(ou do ano seguinte, segundo alguns relatos), em 12 de dezembro, ele foi
transferido para Nápoles como arcebispo.
Como arcebispo e pastor
verdadeiramente zeloso, Tiago soube ganhar a estima de benfeitores que ajudaram
na construção da nova catedral. Tiago também movimentou o povo de Nápoles para
que trabalhassem para completar a construção da catedral de Nápoles para que
ela fosse um símbolo vivo do trabalho de Deus na cidade.
Como escritor, também, Tiago
foi importante. Pela grandeza de seu gênio ele é considerado um dos maiores
teólogos escolásticos e em reconhecimento à sua sagacidade e capacidade
intelectual ele recebeu o apelido de “o
Doutor Especulativo.”
Tiago de Viterbo escreveu obras
importantes e nelas manifesta-se, como se manifesta em sua vida, seu amor à
Igreja e à doutrina de Santo Agostinho. A única obra de Tiago publicada
integralmente é a “De regimine christiano” (O Governo Cristão). Esta obra, de
1303, pode ser considerada como o primeiro tratado sistemático sobre a Igreja,
apresentando o papel essencial da Igreja na sociedade humana. Ele batalhou para
se tornar realidade a Igreja viva para o povo de seu tempo.
Tiago de Viterbo morreu em
Nápoles, no final de 1307 ou início de 1308. A memória deste servo de Deus foi
logo rodeada de veneração convertendo-se logo em objeto de culto público,
confirmado oficialmente por Pio X em 1911.
A família Agostiniana celebra
sua memória no dia 4 de junho. Seu culto foi confirmado por São Pio X em
1911.
O Beato Tiago escreve sobre a Sagrada
escritura:
A Sagrada Escritura está ordenada ao
amor de Deus que se chama amizade
Como dizem os grandes doutores,
o amor de Deus é o fim da doutrina sagrada, não só de uma parte, mas de todo o
conjunto. O fim da Sagrada Escritura é nossa salvação, razão pela qual se chama
ciência da salvação.
A salvação de uma coisa
consiste na unidade ou união que tem com aquilo que lhe é conveniente. Nada,
porém, mais conveniente à alma racional que o Sumo Bem que é Deus, e por isso,
na união com Deus consiste a salvação humana. O fim da doutrina sagrada é,
portanto, o amor de Deus principalmente, e, como consequência, o amor ao
próximo, que é imagem de Deus.
Isto mesmo manifesta-se pela
autoridade de Santo Agostinho, no primeiro livro da "Doutrina
Cristã", onde, após tratar muitas coisas pertinentes a esta ciência diz:
"De todas as coisas que se
disseram antes, desde que tratamos deste assunto esta é a maior: a plenitude e
o fim da lei e de toda a Escritura divina é o amor do objeto que será nosso
gozo e daquilo que pode desfrutar dele junto conosco".
Oração
Senhor,
que no beato Santiago destes à Igreja um pastor zeloso e um mestre das verdades
da fé; concedei-nos, por sua intercessão, dediquemo-nos com todas as nossas
forças ao serviço da Igreja e de nossos irmãos.
Por
nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário