Hoje
elevamos à glória dos altares o Cardeal Marcelo Spinola y Maestre, que foi
bispo de Coria, Malaga, e arcebispo depois em Sevilha. É uma ocasião propícia
para dar graças ao Senhor pelo testemunho de santidade daqueles que
"colocam o Espírito Santo como guardiães e pastores da Igreja de Deus, que
ele alcançou com seu próprio sangue" (At 20, 28).
Ao
contemplar a vida deste pastor da Igreja, quero sublinhar, em primeiro lugar, a
sua confiança no Senhor, que foi o lema do seu episcopado: "Posso todas as coisas naquele que me fortalece" (Fl 4,13). Ajudado por esta confiança que pôde brilhar nele as virtudes que compõem a
glória e a coroa do Bispo:
-
O sacrifício heroico no cumprimento das suas funções episcopais;
-
O amor e dedicação aos pobres, destacando a austeridade;
-
A preocupação com a formação dos mais humildes, que o levou a fundar a
Congregação "Escravas do Divino
Coração", para o apostolado, e a educação da juventude;
-
A sua independência eclesiástica, acima das divisões, sendo portador de paz e
compreensão, bem como defensor da liberdade da Igreja no cumprimento da sua
missão sagrada;
Tudo
alimentado pelo amor ardente por Jesus Cristo e coberto com uma humildade
pessoal profunda.
Nós
pastores da Igreja, temos de ver no exemplo do novo Beato, um encorajamento e
uma esperança na tarefa que foi confiada a nós. Por isso, os fiéis regozijam em
ver uma esperança que tornou-se uma
realidade que é a santidade sublime de um de seus pastores altruístas.
Papa
João Paulo II – Homilia de Beatificação – 29 de março de 1987
“O arcebispo mendigo” era assim chamado pelo seu amor franciscano à pobreza e pela caridade inesgotável para com os pobres.
Nasceu de nobre família, em São Fernando, tendo
sete irmãos, dos quais quatro morreram na infância. Seguiu os ensinamentos de seu pai,
doutorando-se em jurisprudência. Em Huelva abriu um escritório para atender
gratuitamente os pobres. Deixando a profissão de advogado, entrou no Seminário
de Sevilha e recebeu a ordenação sacerdotal em 1864.
Como capelão e logo depois como pároco, demonstrou
um grande zelo pastoral, dedicando-se maior parte do tempo no ministério da
reconciliação. Foi nomeado em 1879, cônego da catedral de Sevilha e mais tarde
bispo auxiliar da mesma arquidiocese. Promovido bispo de Coria-Cáceres em 1884,
desenvolveu intenso apostolado, visitando as áreas mais pobres da Espanha.
Era uma pessoa muito amorosa, estando disposto a
sacrificar sua vida por Cristo. Juntamente com Célia Mendez fundou a
Congregação das Irmãs Escravas do Divino Coração em 1885, em Cória, na Espanha,
com missão específica no campo da educação.
“Educar é formar o Coração” - eis o lema a ser perseguido pelas religiosas
e profissionais da área de educação que assumem esse projeto de Educar ao modo
Spínola, através do zelo e ardor missionário, fazendo da educação integral um
espaço específico e privilegiado de anúncio da Boa Nova de Jesus, nas
realidades sociais, culturais e econômicas a que estão inseridos.
Transferiu-se para a diocese de Málaga e dez anos
mais tarde tornou-se arcebispo de Sevilha. Pio X o fez cardeal em 1905.
Morreu em Sevilha aos 71 anos de idade.
Distinguiu-se por seu zelo infatigável pela salvação das almas, espírito de
oração, intensa mortificação e sua atitude paternal para com os sofredores e
marginalizados.
De caráter sensível, humilde, alegre, foi um
verdadeiro franciscano, profundo imitador de Cristo. Dele se pode dizer: “O Espírito do Senhor está sobre mim,
porque me ungiu, me enviou a anunciar aos pobres a boa nova, curar os corações
aflitos” (Lc 4,18).
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